sexta-feira, 28 de maio de 2010

Uma carta pra não ser esquecida

Belo Horizonte, 04 de julho de 2006.

Prezada diretora da escola Estadual Presidente Antônio Carlos.

Sra Raquel.

Gostaria através desta, manifestar meus agradecimentos a essa unidade escolar, pelos anos de dedicação na formação de meu filho Daniel Evangelista Chaves. Apesar de saber que a educação é obrigação e dever do Estado, eu tenho consciência da dedicação dos profissionais que ai trabalha ( com algumas exceções) e que nem sempre é valorizado como deveriam ser.
A respeito da reunião eu gostaria de tecer aqui alguns comentários, que só são possíveis fazer quanto analisamos a questão sem parcialidade, apesar de termos partes que nos são caras envolvidas na situação.
O primeiro fato que me assustou muito, foi o teor das criticas feitas pelo professor Abraão e a professora Ademildes. Todos adolescentes envolvidos foram unânimes em manifestar revolta contra eles. Fico pensando, onde está o erro, nos adolescentes que estão em período de formação psíquica emocional ou nos referidos professores formados para lidar com eles? Questiono muito uma pessoa adulta que tem como missão profissional lidar com jovens adolescentes e não conseguem despertar amor no coração dos mesmos. Os alunos foram punidos, quem punirá os professores? Certamente isso não acontecerá, mas tenho certeza que a consciência de cada um deles o fará.
Outra coisa que me chamou bastante atenção, foi a magoa estampada no rosto e nas palavras do professor Abraão e da professora Ademildes. Pareceram-me pessoas completamente despreparadas para exercer a função, esconderam atrás das ofensas feitas a adolescente Amanda, para se vingarem dos insultos recebidos. Mostrou que não tem estrutura nem frieza emocional para lidar com situações adversas. Eles precisam aprender que não basta ser professor é preciso ser mestre, não basta ensinar a respeito de determinadas matérias é preciso ensinar valores a respeito da vida, não basta ter armazenado na cabeça conteúdo científicos, é preciso ter o coração repleto de amor, sensibilidade na alma e conhecer o mínimo da pessoa humana, há um grande diferença entre professor e mestre. Mestre não é apenas um repassador de matérias ou uma maquina de formar vestibulando, é antes de tudo formador de homens e de cidadãos.
Quero também fazer justiça à professora Beatriz, que foi igualmente ofendida, mas teve uma postura de mulher adulta, madura e grande senso de profissionalismo, soube mostrar para os adolescentes envolvidos no assunto o bem que fazia a eles, sem jogar na cara o erro que cometeram. Essa sim deu uma grande lição que não será esquecida por nenhum deles. Agradeço também a professora Rose, que deste a quinta serie acompanhou meus filhos na escola com dedicação e esmero.
Quanto ao colegiado, foi lastimável a postura dos membros, foram verdadeiros “Pilatocratas” lavaram as mãos como no caso de Pilatos no julgamento de Jesus Cristo, deixaram de fazer justiça, pois era claro nas palavras de todos que a pena para os adolescentes não era a exclusão.
Em minha opinião os adolescentes foram de mais hombridade, pois admitiram que erraram na frente de todos, enquanto os membros do colegiado fizeram como nossos congressistas que esconderam atrás do voto secreto para absolver os mensalões. Me desculpe, mas vocês me fizeram voltar aos porões da ditadura militar, reeditaram o ato constitucional número cinco, “ninguém pode falar mal do governo”.
Condenaram os adolescentes! Todos perderam, os adolescentes, porque não entenderam a lição, os pais porque se viram desamparados, e os professores porque acabaram assinando um atestado de incompetência para educar.
A respeito dos adolescentes reconheço que erraram, mereciam ser corrigidos, mas a pena teria que ser educativa e não punitiva, nem o código penal brasileiro é tão severo com menores delinqüentes como colegiado foi com meninos de família, tive a impressão de estar diante dos juristas do império romano, condenado cristãos a fogueira.
Os adolescentes foram verdadeiros mártires que tiveram o sangue emocional derramado pela espada impiedosa de uma minoria.
Quanto à menina Amanda, posso imaginar o drama que esta vivendo ela certamente não merecia o que foi feito estou solidário com ela e com sua família, a quem devo um pedido formal de desculpa pela atitude impensada de meu filho, do qual assumo a responsabilidade, pois eu deveria ter vigiado sua conduta.Mas aqui eu acuso o professor Abraão e a professora Ademildes, como pessoas responsáveis por essa ferida permanecer aberta no coração da Amanda. E por causar outra ferida incurável no coração dos adolescentes. Se os dois supracitados professores não tivessem agidos como pessoas imaturas emocionalmente, desse terrível episodio teríamos tirado o antídoto para a cura dessas feridas.
Professor Abraão e professora Adelmides, vocês não conseguirão matar o sonho no coração desses adolescentes, nele estão sendo gestada à esperança, ninguém abortara. Saiba que a magoa e o ressentimento são motivadores fracos para isso. Sede de justiça e diferente de desejo de vingança. O desejo de vingança de vocês, não constrói pontes que unem, só erguem muros que separam e segregam. Graças a Deus, profissionais que usam a metodologia de vocês estão em extinção. Não tem lugar para eles numa sociedade cada vez mais livre e democrática, que preza pelo diálogo e conciliação. Vocês nunca poderão ser chamados de artífice da paz e promotores do bem-estar social.
Para terminar peço que o livro de ata seja guardado, para que no futuro seja colocado em um museu da escola com essas paginas aberta, para que futuros educadores, pais e alunos não cometam os mesmo erros.

Atenciosamente,




Vitório Evangelista Chaves.

2 comentários:

GamesWeb disse...

Não sei qual foi "o crime" que esses adolescentes comenteram, mas essa carta poderia ser pregada em cada escola, como alerta da responsabilidade de educacar.

Unknown disse...

eles postaram críticas no orkut ao professor de matemática, que era mto ignorante