segunda-feira, 24 de maio de 2010

O HOMEM E A MÁQUINA

É muito comum ouvir alguém dizer: você é “insensível.” Isso geralmente acontece quando a dor do outro não nos comove, ou não nos deixamos manipular por sentimentos que não são verdadeiros. Mas em minha opinião classificar o outro de insensível não é real. Todo ser humano dentro de suas faculdades mentais nos padrões aceitos pela sociedade como normal, são pessoas dotadas de um alto grau de sensibilidade. Isso é muito bom, torna nos domesticado, o outro pode apoiar-se em nós e facilita nossa maneira de relacionar com os demais. Por outro lado corremos também um grande risco: o de não saber controlar essa sensibilidade e assim sermos facilmente manipulados ao ponto de esquecermos a ética e a razão para da vazão ao sentimento.
Há algum tempo atrás eu assisti a um filme que por ironia eu esqueci o nome, mas inspirado no seu enredo comecei a refletir esse assunto. Ele contava a história de um homem que estava sendo acusado de ter cometido um homicídio grave e por isso foi levado a uma penitenciaria de segurança máxima toda informatizada, onde era colocado nos presos um chip que era controlado por um robô, a cada tentativa de fuga era automaticamente agravado com dores horrível o sofrimento do detento.
Não havia agente penitenciário, justamente para que o sentimento e a sensibilidade não atrapalhassem a rigidez do regime. O robô que monitorava esse preso era do sexo feminino, e no final a maquina acabou apaixonando pelo homem, não mais respondendo os comandos da programação e facilitando sua fuga. O homem era inocente, mas a prova que dispunha no local do crime testemunhava contra ele. Diante da prova nem mesmo o advogado conseguiu convencer a coorte da inocência daquele homem, mas a maquina que começou a nutrir amor por ele, acreditou em sua história. Em minha racionalidade eu digo, maquina é maquina! Ela é fria sem sensibilidade, responde a um programa pré- estabelecido. Só consigo entender uma situação dessas, fazendo outra reflexão, quem formatou e programou aquele robô, também o dotou de sensibilidade, registrou em sua placa mãe o amor, e onde existe amor, onde há sentimento envolvido nenhuma decisão é definitiva.
Um dia desses, eu resolvi excluir um conta que tenho em um desses muitos sites de relacionamentos espalhados na rede mundial de computadores, procurei os comandos que me levaria à exclusão. Cliquei no link que indicava a exclusão, abriu-se então uma janela que dizia: “para excluir sua conta, digite sua senha.” Certo do que eu queria digitei a senha e cliquei em ok. Abriu então outra janela que me perguntava: “tem certeza que deseja excluir sua conta”? Sem nenhuma sombra de dúvida fui novamente dei um ok e uma nova janela se abriu com a seguinte pergunta: “você não poderá mais acessar a sua conta, tem certeza que deseja excluir permanentemente”? Diante dessa que seria minha ultima chance, meu coração acelerou, comecei a trazer na memória os meus oitocentos e setenta amigos com quem eu me interagia na página. Só o fato de imaginar que não mais poderia mandar recados a eles nem receber suas mensagens repletas de carinho e estímulo, foi o bastante para ser envolvido na solidão e assim adiar minha decisão para mais tarde.
Quando voltei a pagina, uma amiga que a muito eu não tinha noticias, pediu para que eu a adicionasse, não pensei duas vezes, com um clique apenas ela se tornava minha amiga de número oitocentos e setenta e um. Veja como é a vida. Com um clique eu incluí mais uma pessoa na minha pagina e consequentemente no meu coração. Mas na minha tentativa de excluir a conta, com apenas um clique eu ia excluir oitocentos e setenta pessoas da minha vida.
Se em todas as situações da vida onde tivéssemos que fazer uma opção abrisse-se uma janela nos perguntando se tínhamos certeza do que estávamos fazendo e também das conseqüências positiva e negativa de tal decisão, muita tristeza poderia ser evitada e muita alegria seria derramada.
Se diante de Hitler aparecesse uma janela aberta perguntando: tem certeza que você quer matar mais de seis milhões de judeus com essa guerra? Ele clicaria em não e a guerra não teria início.
Se diante do piloto que sobrevoou Hiroshima e lançou sobre milhões de pessoas a bomba atônica, tivesse aparecido tal pergunta a humanidade não teria um registro tão triste em sua história.
Às vezes caio na tentação de pensar que a maquina é mais sensível do que o homem que a manipula. Pior é que às vezes a maquina é bem mais sensível que eu, que agora faço essa reflexão. Que coisa complicada! Porque maquina que você está rindo? Só porque você me deu essa lição, se acha melhor que eu? Mas não é mesmo, só eu fui criado por Deus, Deus me dotou de sentimento, só eu tenho capacidade de reconhecer meu erro e começar de novo. Porque acha que eu aprendi com você,? Porque sou humano e não robô, sou reflexo do Deus amor, e você quando muito é reflexo meu.


Vitorio Evangelista Chaves

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