domingo, 23 de maio de 2010

JOÃO NINGUÉM BRASILEIRO DA SILVA

João ninguém é um dos milhares de brasileiros, que nasceram quando a democracia agonizava, como feto no seio materno e morre sem ver a luz do dia.
Este pobre nasceu no raiar da ditadura militar, viu seus direitos caçados, passaram a mordaça do ato institucional número cinco em sua boca, sufocando assim sua voz de protesto. Este brasileiro viu seu país ir para o abismo e o regime calar pela força, aqueles que ousavam levantar a flâmula da liberdade. Assistiu em silencio cidadãos serem exilados do seu berço natal, dando a entender, que amar esse país e desejar o bem de sua gente fosse ato subversivo. Como um mero espectador, assistiu um tal general Medecci massacrar tantos João e Maria que ele perdeu a conta.outro general de nome esquisito “Geisel.” Esse foi cruel, mas ao mesmo tempo um bobo. Os poetas Caetano Velloso, Chico Buarque e Geraldo Vandré e tantos outros sabiam como ninguém mandar recados ao presidente em forma de canções. Veio o último general João Batista... De que mesmo? Esqueci! Mas não faz mal ele pediu ao povo que lhe esquecesse, teve a audácia de num gesto grosseiro marcar o final de seu mandato, quando a ditadura foi derrotada no colégio eleitoral.
Este Brasileiro nato de alma e nome viu a democracia florescer, irrigado pelo sangue dos mártires desaparecidos nos porões da ditadura e as lágrimas dos exilados que choravam de saudades da terra natal e o grito do povo que ecoava de norte a sul. Exigindo diretas já.
João tomou gosto pela liberdade democrática, elegeu o caçador de marajás e também o caçou quando o mesmo tentara por belas palavras e discursos vazios lhe surrupiar. Colocou La em cima a social democracia, prometeu mundos e fundos e como o outro Fernando esse também não cumpriu. Este brasileiro mais uma vez foi enganado pela burguesia.
Hoje João acordou cantando o hino nacional e canções que manifestava seu orgulho de ser brasileiro. Era dia eleição e dessa fez ele estava decidido a acertar. Queria com o voto escrever na urna eletrônica seu nome e sobrenome: João Ninguém Brasileiro da Silva.



Vitório Evangelista Chaves

(obs.) escrito logo após a vitória de lula na eleição de 2002

Nenhum comentário: