sexta-feira, 20 de março de 2015

PAPILLON

Há mais ou menos trinta anos atrás, eu assisti a um filme. Mas com minha cabeça de vinte anos de idade não compreendi muito coisa. Hoje por pura graça de Deus, atendendo uma pessoa em oração, ela me contava seu drama, uma situação difícil, que ela não conseguia sair, viva quase num regime de escravidão, não encontrando saída para libertar-se. Eu disse pra ela, você tem que ser protagonista de sua felicidade. O caminho da felicidade consiste em você quebra essa corrente que te prende a escravidão. Ela ponderava: “mas são mais de 15 anos vivendo desse jeito, eu tenho medo das conseqüência que podem acontece se eu tentar sair dessa situação”. Eu disse pra ela: Todo caminho para liberdade é doloroso, costuma deixar cicatrizes, mas é bem melhor carregar as cicatrizes da fuga do que morrer na escravidão. Foi ai que Deus me deu a graça de compreender o filme que eu havia assistido. O filme passa-se nos anos 1930, contando a fascinante história verídica de Henri Charrière, interpretado por Steve McQueen, um homem conhecido por Papillon por ter tatuada no peito uma grande borboleta (que, em francês, é "papillon"). Apesar de reclamar inocência da acusação de assassinato, é condenado à prisão perpétua e enviado para cumprir a sentença, na costa da Guiana Francesa, próximo à Ilha do Diabo. É também avisado de que qualquer tentativa de fuga será punida com dois anos de permanência na solitária, passando há cinco anos se houver reincidência. Todavia, isso não assusta Papillon, que planeja varias tentativa de fuga. Na prisão conhece Louis Dega, interpretação de Dustin Hoffman, um famoso falsário de quem se torna amigo. Dega está preocupado com a sua segurança, uma vez que tem tido sucesso material à custa de outros prisioneiros na sequência das suas falsificações. Assim, estabelece um acordo com Papillon: ajudá-lo nas tentativas de fuga em troca de proteção. Papillon não perde tempo a planejar fugas, muito das quais falham. Em uma delas - que dá origem a uma das melhores seqüências do filme - consegue chegar juntamente com Dega a uma colônia de hansenianos ("leprosos") e depois a uma tribo de índios caribenhos. Quase conseguindo ser bem-sucedida, a fuga termina como conseqüência de uma traição e Papillon é reenviado para a prisão francesa. Como castigo, é enviado para a inexpugnável Ilha do Diabo, prisão de onde nunca ninguém tinha conseguido escapar. Mas ele não desiste de seu sonho de liberdade, na sua ultima tentativa ele conseguiu a liberdade, pulando de um enorme despenhadeiro, se jogando no mar e fugindo em um bote construído com cocos da ilha Muitas vezes nós nos deixamos aprisionar por varias situações de pecado. Quando nossa consciência torna se prisioneiro desse impiedoso algoz, perdemos a motivação de lutar pela nossa liberdade. Um fato que observei no filme é que apesar de muitos prisioneiros, só Papillon lutava para ser livre, mas somente ele, que apesar da acusação de assassinato, tinha certeza de sua inocência. O primeiro passo para a liberdade e sem dúvida uma consciência pura. Dega, companheiro de Papillon o ajuda em tudo no caminho de fuga, mas na hora de pular para a liberdade ele recua, tem medo, mas muito mais que medo ele carregava o peso de seus erros, achava que a cadeia era justa, porque tinha cometido muitos crimes. A verdade é que Dega acostumou a viver entre os porcos que ele criava na prisão. Uma consciência pura passa pelo reconhecimento de nosso ser pecador: “Se reconheceres os vossos pecados, Deus ai está, fiel e justo para nos perdoar” (1Jo 1,9) Além do pecado, nós nos tornamos prisioneiros dos diversos traumas, somos aprisionados por lembranças dolorosas que estão registradas em nosso inconsciente e essas lembranças de dor, acaba sendo responsáveis por nossos comportamentos inadequados. Além disso, elas nos levam também a apoiarmos em organismos de compensação extremamente frágeis, incapazes de motivar nossa vida, que pelo contrário leva ao abortamento de nossos sonhos. Passar pela vida sem querer se libertar desses traumas é como correr uma maratona com uma pedra dentro do tênis. Perder a vontade de lutar contra esses traumas, contra as situações que nos aprisionam é aceitar com passividade a prisão perpetua e não ter consciência que foi para a liberdade que Jesus nos libertou. Hoje muitos de nós, nos encontramos na mesma situação de Papillon, somos prisioneira da ilha dos horrores, diante dos nossos olhos avistamos o mar que representa nossa oportunidade de libertação. Entre nós e o mar existe um despenhadeiro que precisar ser vencido. Ou pulamos para liberdade, ou seremos eternamente prisioneiro dessa ilha e viveremos assustados por nossos fantasmas. O mais engraçado foi que hoje revemos a cena final do filme, eu observei um fato que eu não pude ver no passado. Foi um erro de gravação, porque mostra um mergulhador debaixo do bote empurrando-o. Até isso foi providencial, pois nosso barco e frágil, mas Deus está em baixo empurrando-nos para a liberdade.

quinta-feira, 19 de março de 2015

VIVENDO E APRENDENDO

Hoje eu fui a Ravena, bairro do município de Sabará, cidade da grande BH. Nesse local a Comunidade Católica Reviver tem um sítio, onde pretendemos iniciar em breve a construção de uma casa de formação. Antes mesmo de iniciar a obra, eu tive uma bela aula de formação hoje. Eu estava colhendo acerola, os pés de acerola estavam lindos, o verde das folhas e o vermelho das frutas maduras davam um contraste maravilhoso de se ver. Em um pé de acerola eu tive uma grande dificuldade, pois debaixo do galho que estava mais carregado de frutos graúdos e maduros tinha plantada uma moita de hortelã, essa por sua vez exalava um aroma agradável. Como se diz na gíria eu fiquei em uma sinuca de bico, pois para eu colher as acerolas do galho eu tinha que sacrificar a moita de hortelã, tinha que pisar em cima da folhagem, se eu quisesse proteger a hortelã eu iria perder as acerolas. Foi então que tive uma idéia: vou tirar as sandálias e pisar descalço sobre as folhas, assim eu as prejudico menos, assim resolvi proceder. Quando eu estava pisado sobre a moita, percebi que o aroma se evidenciou mais ainda, olhei para baixo e vi que algumas folhas já estavam esmagadas sobre meus pés. Quando acabei a colheita, fui para meu carro, tirei novamente a sandália, pois tenho o hábito de dirigir descalço, liguei o carro e peguei o caminho para casa. A poucos metros já comecei a sentir o aroma de hortelã dentro do carro, que aroma gostoso! Eu fechei as janelas do carro porque eu não queria que aquela fragrância desaparecesse com o vento da estrada. Pra falar à verdade o que eu queria era estacionar o carro numa sombra e dormir embalado por aquele perfume relaxante. Foi ai que me pus a pensar: esse cheiro gostoso e relaxante custou à vida de muitas folhas de hortelã que foram esmagadas pelos meus pés. Feri a hortelã e ela ainda perfuma meu ambiente. Viajei 30 quilômetros, ainda cheguei ao meu destino com perfume nos pés. A grande lição foi quando olhei para o meu coração, para minha história, para os acontecimentos que deixaram ferida no meu coração e percebi o quanto eu ainda precisava liberar o perdão, mas o perdão tinha que ser diferente, tinha que ser o “perdão com aroma de hortelã”. Aprendi um belo conceito sobre o perdão: O perdão nada mais é do que a hortelã que derrama sua fragrância sobre os pés que a esmaga. E você, já perfumou os pés de quem te feriu hoje? Perdoar e nobre, por isso é um dom do céu! Vitório Evangelista Chaves.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Papillon (Dublado)

Há mais
ou menos trinta anos atrás, eu assisti a um filme. Mas com minha cabeça de vinte
anos de idade não compreendi muito coisa. Hoje por pura graça de Deus,
atendendo uma pessoa em oração, ela me contava seu drama, uma situação difícil,
que ela não conseguia sair, viva quase num regime de escravidão, não
encontrando saída para libertar-se.




Eu
disse pra ela, você tem que ser protagonista de sua felicidade. O caminho da
felicidade consiste em você quebra essa corrente que te prende a escravidão.
Ela ponderava: “mas são mais de 15 anos vivendo desse jeito, eu tenho medo das
consequência que podem acontece se eu tentar sair dessa situação”. Eu disse pra
ela: Todo caminho para liberdade é doloroso, costuma deixar cicatrizes, mas é
bem melhor carregar as cicatrizes da fuga do que morrer na escravidão. Foi ai
que Deus me deu a graça de compreender o filme que eu havia assistido.
O filme passa-se nos anos 1930, contando a fascinante história verídica de Henri Charrière, interpretado por Steve McQueen, um homem conhecido por Papillon por ter tatuada no peito uma grande borboleta (que, em francês, é "papillon"). Apesar de reclamar
inocência da acusação de assassinato, é condenado à 
prisão perpétua e enviado para cumprir a sentença, na costa da Guiana Francesa, próximo à Ilha do Diabo.
 É também avisado de que qualquer tentativa de
fuga será punida com dois anos de permanência na solitária, passando há cinco
anos se houver reincidência. Todavia, isso não assusta Papillon, que planeja varias
tentativa de fuga.
Na
prisão conhece 
Louis Dega, interpretação de Dustin Hoffman, um famoso falsário de quem se torna amigo.
Dega está preocupado com a sua segurança, uma vez que tem tido sucesso material
à custa de outros prisioneiros na sequência das suas falsificações. Assim,
estabelece um acordo com Papillon: ajudá-lo nas tentativas de fuga em troca de
proteção. Papillon não perde tempo a planejar fugas, muito das quais falham.
Em uma
delas - que dá origem a uma das melhores seqüências do filme - consegue chegar
juntamente com Dega a uma 
colônia de hansenianos ("leprosos") e depois a uma tribo de índios
caribenhos. Quase conseguindo ser bem-sucedida, a fuga termina como
conseqüência de uma 
traição e Papillon é
reenviado para a prisão francesa. Como castigo, é enviado para a inexpugnável 
Ilha do Diabo, prisão de onde nunca ninguém tinha conseguido
escapar.
 Mas ele não desiste de seu sonho de liberdade,
na sua ultima tentativa ele conseguiu a liberdade, pulando de um enorme
despenhadeiro, se jogando no mar e fugindo em um bote construído com cocos da
ilha
Muitas
vezes nós nos deixamos aprisionar por varias situações de pecado, nos tornamos
prisioneiros dos diversos traumas, somos aprisionados por nossas carências. O
pior é quando perdemos a vontade de lutar contra as situações que nos
aprisionam, aceitamos a prisão perpetua com passividade, não tomamos consciência
que foi para a liberdade que Jesus nos libertou.
Hoje
muitos de nós, nos encontramos na mesma situação de Papillon, somos prisioneira
da ilha dos horrores, diante dos nossos olhos avistamos o mar que representa
nossa oportunidade de libertação. Entre nós e o mar existe um despenhadeiro que
precisar ser vencido. Ou pulamos para liberdade, ou seremos eternamente
prisioneiro dessa ilha e viveremos assustados por nossos fantasmas.
O mais
engraçado foi que hoje revemos a cena final do filme, eu observei um fato que
eu não pude ver no passado. Foi um erro de gravação, porque mostra um
mergulhador debaixo do bote empurrando-o. Até isso foi providencial, pois nosso
barco e frágil, mas Deus está em baixo empurrando-nos para a liberdade.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Marcas do que se foi

Hoje eu amanheci com vontade de escrever algumas coisas. Vou falar de marcas do que se foi, fica tranqüilo, não vou falar daquela canção dos Incríveis, que a gente sempre canta na virada do ano. Vou falar sim de anos que viraram, que viraram, que viraram e de marcas que ficaram tatuadas no meu coração, não há bisturi ou qualquer tipo de aplicação que consiga removê-las. Essas marcas parecem que estão adormecidas na memória, mas elas têm um sono tão leve, que basta um simples acontecimento para que elas despertem do sono, levantem do seu leito e venham brincar com meu presente. Domingo, cheguei de Carmópolis de Minas muito cansado, deitei um pouco e logo chega minha neta com um pedido: “Vovô, me leva pra tomar açaí?” pedido de neto é um problema, tem coisas que você não faz com os filhos, mas quando chegam os netos é difícil negar. Comecei a imaginar que o lugar estaria cheio, que iria demorar, porque eram três netos. Pedi meu filho para levar (pai dela) ele disse que não iria, pois estava saindo para trabalhar. Foi ai que comecei a pensar: se você soubesse como é importante marcar o coração com boas lembranças, não perderia a oportunidade de tomar açaí com sua filha. Infelizmente a situação financeira na época e a correria para sobreviver não me permitiram viver momentos assim com meus filhos na infância, só depois que eles crescem e a gente amadurece que percebe a falta que isso faz. Ontem a noite meu filho me trouxe a noticia que meu pai tinha passado mal, após uma viagem que ele fez, ai mergulhei na minha infância, na busca de lembranças, queria buscar as marcas do que se foi. Com meu pai aprendi a paixão pelo Cruzeiro Esporte Clube, isso são coisas que não passam, aprendi também na minha infância a ouvir a rádio Itatiaia, meus programas preferidos: programa do Cachangá e rádio Esporte, acreditem eu gostava até de ouvir o comentarista Osvaldo Farias com seu slogam “coragem para dizer a verdade”. Gente eu sou do tempo que ainda não tinha leite em saquinho, embalagem longa vida então nem se imaginava que teria um dia. Sou do tempo que pegava o leite na vaquinha, era um tipo de caminhão pipa, com o leite dentro, ai a gente leva a leiteira e ficava na fila. Bons tempos! E os tempos de escola? Shorts azul marinho com suspensório, eu usava meias preta e calçava Kichute, ou um sapato preto de borracha, conga e coisa de menina, eu pensava assim. Entre as tantas peraltices que eu fiz, lembro de uma que me custou muito caro, peguei uma nota na bolsa de minha mãe, não me recordo o valor, comprei tudo de bolo num restaurante que ficava no caminho da escola, só lembro que foi bolo de mais. Quando cheguei da aula minha mãe me deu uma boa surra e ainda misturou uma lata de feijão e arroz e me colocou para separar, vestido com roupa de mulher, o castigo doloroso (kkkkkk). Vamos lá! Falta a música da época, entre tantas outras, vou escolher o sucesso que estourou em 1967, A Praça, música de Carlos Imperial, cantada por Ronnie Von. Sabe de uma coisa? Vou parar por aqui , sobre as carretinhas de rolimã falo em outra oportunidade.. Marcas do que se foi, tempos que não voltam mais, lembranças que não se apagam, coisas que eu vivi. O passado é uma história que se escreve no presente, viva intensamente seu hoje, amanhã terá para contar marcas do que se foi! Vitório Evangelista

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

ÁGUAS DE MERIBA

Como não havia água para o povo, este juntou-se contra Moisés e Aarão, e, levantando-se em motim, disseram: “Antes tivéssemos morrido, quando morreram nossos irmãos diante do Senhor! Para que trouxestes a comunidade do Senhor a este deserto, a fim de que morrêssemos, nós e nossos animais? Por que nos fizestes sair do Egito e nos trouxestes a este lugar detestável, em que não se pode semear, e que não produz figueiras, nem vinhas nem romãzeiras, e, além disso, não tem água para beber?” Num 20,2-5
Um fato me chama atenção nesse episódio conhecido com águas de Meriba, ou contenda. (Num 20,13) São as palavras duras que a assembléia dos israelitas pronuncia para manifestar seu descontentamento com a situação encontrada nessa etapa do êxodo pelo deserto na região de Cades. Manifestam o desejo de terem morrido na escravidão do Egito, chamam aquele lugar de terra detestável e reclamam que a terra não produz. Essa não é a primeira vez que isso acontece. Em outras situações de desconforto no deserto, o povo conduzido por Moises sempre manifestou o desejo de voltar a terra da escravidão, chegava a dizer que estavam até mesmo com saudades dos melões, das panelas de carne e cebolas do faraó. Juntando a essa revolta nas águas de Meriba, a expedição dos líderes de tribo a terra de Canaã, seja as palavras mais duras ditas pelos hebreus no deserto. No caso da expedição, eles chegam a reconhecer que a terra prometida era realmente como Deus tinha falado, terra que corre leite e mel, os frutos que eles tinham colhidos era a testemunha da veracidade da promessa de Deus. (cf Num 13,27) Entretanto, por causa dos obstáculos que encontraram, (Num 13,28) e do sentimento de inferioridade que tinham: “Não somos capazes de atacar esse povo”; são mais forte que nós. (Num 13,31) “Parecíamos gafanhotos comparados com eles”. (Num 13,33) Eles então depreciaram a terra que Deus lhes havia prometido, dizendo: “A terra- disseram eles- que exploramos devora seus habitantes, os homens que vimos ali são de grande estatura”. (Num 13,32) Eles chegaram ao cúmulo de dizer: “Oxalá tivéssemos morrido no Egito, ou nesse deserto, porque nos conduziu o Senhor a esta terra para morrermos a espada”? A verdade é que com essa revolta e com palavras tão duras o povo manifestou sua falta de fé na promessa de Deus e fez um voto íntimo com o sofrimento e a morte. Nenhum israelita saído do Egito entrou na terra prometida. Todos morreram no deserto como eles tinham desejado. (cf Num 14,2) ficou quarenta anos dando volta no deserto, um percurso de 300 km, gastaram 40 anos para percorrer, até que morresse toda geração saída do Egito e nascesse e crescessem a geração nascida na liberdade do deserto. Nem mesmo pessoa de destaque foi poupada da morte no deserto. Maria irmã de Moises morreu no deserto de Cades, Aarão, irmão de Moises e colaborador, morreu em Edom no cimo do monte Hor. (Num 20,22ss) Moises o grande profeta e libertador morreu no cimo do monte Nebo depois de contemplar de longe a terra da promessa. (Dt 34 1ss) Precisamos ficar atentos as esses acontecimentos do passado, deixá-los iluminar nossa caminhada no mundo hoje. Deus no prometeu também uma terra que corre leite e mel, o que eu estou fazendo com essa promessa? Olha que não estou nem falando de eternidade, de escatologia, estou falando de nossa realidade no mundo que vivemos. Seu casamento, seus filhos, ou seja, qual for seu estado de vida (solteiro, ou casado) é uma terra prometida é lugar de felicidade, seus sonhos e seus interesses que ainda estão por realizar e terra que corre leite e mel. Entretanto qualquer que seja a promessa de Deus para nós, encontraremos obstáculos que precisaram de paciência, fé e perseverança para serem vencidos. É preciso entender que somente quem nasceu livre encontra força para dizer como Josué e Caleb: “Vamos apoderamos da terra, porque podemos conquistá-la”. (Num 14,30) Muitas vezes achamos que somos livres, mas nossas atitudes mostram que estamos ainda condicionados a uma vida de escravos. Quando vejo uma pessoa que só sabe murmurar, queixar das dificuldades da vida e falar palavras malditas; lembro de episódios de minha infância, que era muito comum e meu avô e meu pai. Os dois eram domadores de animais na roça, gostavam muito de domar cavalos. Eles pegavam um potro xucro e o animal pula, não aceitavam rédea nem cela, para prendê-lo era preciso usar cabresto e marrar num tronco forte, senão ele arrebentava e corria pra manga. Com o passar do tempo o potro ia acostumando com a cela, com a rédea e ai já podia até colocar o freio. Para amarrar o animal bastava solta a rédea no chão ou em qualquer ramo que ele não fugia. Ou seja, estava condicionada a vida de um animal amarrado com cabresto e poste firme, que não arriscava a tentar fugir, mesmo estando praticamente livre. Paulo escrevendo aos Gálatas diz o seguinte: “É para que sejamos livres que Cristo nos libertou”. Portanto não podemos nos deixar escravizar por nenhuma situação que nos leve a abortar nossos sonhos e nossa felicidade. O Homem livre é a pessoa que fez experiência de salvação em Cristo Jesus. É a pessoa que despojou da velha criatura na cruz do Senhor Jesus, tornando se nova criatura, pelo poder de sua ressurreição Sigamos o conselho do apóstolo Paulo. “Nem vos entregueis a impureza como alguns deles se entregaram e morreram num só dia vinte e três mil. Nem tentemos o Senhor, como alguns deles o tentaram, e pereceram mordidos pelas serpentes. Nem murmureis, como murmuraram alguns deles, e foram mortos pelo exterminador. (1Cor 10,8-10) Diante das dificuldades e sofrimentos possamos dizer: “Mas em todas essas coisas, somos mais que vencedores, pela virtude daquele que nos amou”. (Rm 8,37)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

FAZEI DISCÍPULOS

Neste Hosana formação, quero tomar como palavra rehma o belíssimo texto guardado pelo profeta Isaias 54,1-2. “Dá grito de alegria, estéril, tu que não tens filhos: entoa cânticos de júbilo, tu que não dás a luz, porque os filhos da desamparada serão mais numerosos do que o da mulher casada, declara o Senhor. Amplia o espaço de tua tenda, desdobra sem constrangimento as telas que te abrigam, alonga tuas cordas, consolida tuas estacas, pois deveras estender-te à direita e à esquerda; teus descendentes vão invadir as nações, povoar as cidades desertas”.
O contexto dessa profecia é muito interessante, pois ela acontece num momento de dor e sofrimento para o povo de Israel. Era o período do exílio na Babilônia. O exílio era diferente do regime de escravidão no Egito, na Babilônia o povo gozava de certa liberdade, podiam plantar e até celebrar sua liturgia, mas o certo é que estavam longe de sua terra e de sua cultura, longe do templo e muitos dos exilados tinham deixado familiares para trás e que a muito não viam nem tinham noticias. Nesse contexto, Deus os chama a construir o presente olhando para o futuro. Israel que era como mulher estéril que não gerava filhos, por isso sentia-se como desamparada, Deus a convidava para alegrar-se com gritos de júbilo, pois haveria de ser mãe de muitos filhos. Para isso era necessário melhorar a infra-estrutura ampliar a tenda, abrir espaço para acomodar todos os que a providencia divina iria trazer. Isso se aplica a igreja, mas, sobretudo hoje no contexto deste Hosana formação se aplica a RCC BH, particularmente aos nossos grupos de oração. Se não somos uma esposa estéril, graças a Deus não somos mesmo, pois é graça do Batismo no Espírito santo nos tirou da esterilidade, somos pelo menos uma mulher que engravida, mas não consegue segurar a gestação, isto explica porque sempre temos gente nova no grupo de oração, mas que não perseveram por muito tempo. Deus tem para nós tempo novo, de grande fecundidade apostólica, basta saber ler os sinais que ele está escrevendo na história recente da Igreja, onde os três últimos pontífices foram enfáticos em demonstrar a importância da RCC para a Igreja, o Beato João Paulo II a define como nova primavera para a Igreja, dando lhe comissão a de ser para a Igreja o rosto de pentecostes e espalhar no mundo a cultura de pentecostes. Em sua entrevista dentro do avião que o levaria para Roma, após a JMJ, o Papa Francisco disse o seguinte, quanto foi perguntado sobre a RCC: “Eu vou dizer uma coisa: nos anos 1970, início dos 1980, eu não podia nem vê-los. Uma vez, falando sobre eles, disse a seguinte frase: eles confundem uma celebração musical com uma escola de samba. Eu me arrependi. Vi que os movimentos bem assessorados trilharam um bom caminho. Agora, vejo que esse movimento faz muito bem à igreja em geral. Em Buenos Aires, eu fazia uma missa com eles uma vez por ano, na catedral. Vi o bem que eles faziam. Neste momento da igreja, creio que os movimentos são necessários. Esses movimentos são uma graça para a igreja. A Renovação Carismática não serve apenas para evitar que alguns sigam os pentecostais. Eles são importantes para a própria igreja, a igreja que se renova”. Para que esse tempo de graça não passe sem que colhamos os frutos, é preciso que sejamos servos que tenham visão do projeto de Deus para a RCC. Sem ter essa visão definida do que Deus quer para nossos grupos de oração, vamos está sempre apagando incêndio em vez de programar o crescimento sistemático do grupo de oração. É muito bom está falando para servos de grupo de oração, servo sugere que eu esteja falando para pessoas que exercem algum tipo e grau de liderança sobre outras pessoas, então temos que ter visão do grupo de oração e do ministério que exercemos. Nas embarcações antigas havia um Marinheiro que viajava em uma gaiola que ficava acima do mastro, era conhecido como gaioleiro. Por ter uma visão privilegiada do mar, ele orientava os marujos que viajavam em baixo, os colocava a parte do que estava vendo, os motivava quando tinha terra à vista, os levava a se proteger quando tinha ameaça de tempestade. A missão do gaioleiro era de ampliar a visão dos outros para que todos navegassem na mesma direção, com segurança e com esperança de atracarem num porto seguro. No discurso de Paulo ao rei Agripa, quando esse, conta ao rei o testemunho de sua conversão, ele relata o seguinte: “Eu sou Jesus a quem persegues. Mas levanta-te põe-te em pé, pois eu te apareci para te fazer ministro e testemunha das coisas que viste e de outras que hei de manifestar-me a ti. Escolhi-te do meio do povo e dos pagãos, aos quais agora te envio para abrir lhes os olhos, afim de que se convertam das trevas a luz e do poder de satanás a Deus”. (At 26,15b-18) Então evangelizar é anunciar o kerigma, fazer com que cada pessoa tenha um encontro pessoal com Jesus, através desse anúncio. Entretanto faz parte da missão do servo ampliar a visão dos demais, mostrar para eles o que a RCC pensa sobre Grupo de oração carismático. A identidade da RCC é Batismo no Espírito Santo, mas Batismo no Espírito Santo com tudo que engloba essa experiência, que é a conversão continua com busca de santidade e a vivencia dos dons carismáticos na missão do Grupo de Oração. A manifestação e o uso dos dons carismáticos no Grupo de Oração devem ser de uso ordinário e não em ocasiões extraordinária. Hoje a maioria dos Grupos de oração não faz o básico que é a oração em línguas. Coordenadores de Grupo de Oração, ministros de música e animadores, nós temos que motivar os demais membros ao exercício dos dons, Dons de línguas, interpretação de línguas, profecia, dom da fé, dom de cura e milagres, dom de ciências e discernimento dos espíritos. Um grupo de oração que não negligencia os carismas torna-se um celeiro de servos, para todos os ministérios, porque esse é o desejo do Espírito Santo. Não adianta ter um celeiro de servos e não saber o que fazer, ou não seguir um programa sistematizado de formação. Vale aqui lembrar o conselho que Paulo da à Timóteo: “O que ouvistes de mim em presença de muitas testemunha, confia-o a homens fieis que, por sua vez seja capazes de ensinar a outros. (2Tm 2,2) Seguindo essa metodologia de Paulo, temos que prestar atenção em duas coisas importantes, primeira: “O que de mim ouvistes”. O que Timóteo ouviu de Paulo, foi o que Paulo ouvira de seus formadores. Aos coríntios, Paulo escreve: “Eu vos transmiti primeiramente o que eu mesmo havia recebido: que Cristo morreu pelos nossos pecados segundo as escrituras”. (1Cor15,3) Primeiro Paulo recebeu o anúncio do kerigma, do próprio Jesus no caminho de Damasco, de Ananias ele recebeu o sacramento do Batismo, a efusão do Espírito Santo e a consciência da missão, de Barnabé aprendeu a ser pastor e do Espírito Santo, recebeu o conteúdo de seu anúncio, a revelação plena do Evangelho. Veja bem. Se olharmos para a estrutura da RCC, vamos perceber que a metodologia de Paulo é a do Conselho Internacional da RCC, que bebe da fonte da Igreja e repassa para o Conselho Nacional, esse por sua vez passa para os conselhos estaduais que assessora o conselho Arquidiocesano e esse com o ministério de formação passa para os grupos de oração e seus diversos ministérios. Eu pergunto aos servos que estão aqui no encontro, qual e a missão da RCC? A verdade é que ao sair de casa para o grupo de oração, eu tenho que sair imbuído da missão da RCC e infelizmente a maioria de nós não sabemos da missão. Quando muito sabemos da identidade da RCC, é importante saber da identidade. Agora conservar a identidade não significar que estou fazendo a missão. O Batismo no Espírito nos impulsiona para a missão da RCC, mas eu preciso está consciente dessa missão que é: “Fazer discípulos de nosso Senhor Jesus Cristo, evangelizando o povo de Deus no Brasil, a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo”. Todos os dia em que me dirijo ao grupo de oração para exercer meu ministério tenho que ter bem consciente, que estou indo evangelizar no poder do Espírito, para fazer discípulos. Para isso é preciso estar também ciente, que meu grupo de oração não é uma ilha isolada na Arquidiocese. A comunhão com a coordenação diocesana que se da através da coordenação de forania e regional, são fundamentais para a concretização de minha missão no Grupo de Oração. A coordenação Arquidiocesana disponibiliza para os membros de nossos grupos de oração o ministério de formação. (Antiga E.P.A) Acontece que se o grupo de oração não fazer a parte dele não adianta ter essa estrutura de formação. Vou dar um exemplo fácil de entender o assunto. Adianta ter uma Universidade Federal em cada município brasileiro, se não tiver a Escola de ensino fundamental? Claro que não vai adiantar, porque ninguém chega à faculdade sem passar pelo ensino fundamental e médio. Caros irmãos e irmãs é o seu grupo de oração quem tem que dá do ensino fundamental (Kerigma) e o ensino médio que e composto do Seminário de Vida no Espírito Santo, Seminário de dons, Seminário sobre Batismo no Espírito Santo e Experiência de Oração. Quando esses seminários acontecem em nossos grupos de oração, significa que nos estamos potencializando pessoas para aprofundarem no processo de formação continua, através Ministério de Formação. Estaremos formando servos para os mais diversificados ministérios, podendo até num futuro, ter um ministério de formação no próprio grupo de oração. Talvez você esteja querendo me dizer: Vitório, mas e se eu fizer tudo isso, como você me pede e não der certo, o grupo de oração ir i pra frente o que eu faço? Meu querido irmão e irmã não fiquem preocupados com esse fato, cabe a nós semear, a colheita pertence a Deus. O importante é terminar a sua coordenação, ou sua carreira de evangelizador com a consciência tranqüila do dever cumprido. O importante é na hora que o senhor nos pedir para sair de cena e passar o bastão da evangelização para outro, e poder dizer como Paulo: “Vós sabeis como não tenho negligenciado, como não tenho ocultado coisa alguma que vos podia ser útil. Preguei e vos instrui publicamente e dentro de vossas casas. Preguei aos judeus e aos gentios a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus”. (At 20,20-21)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O SEMEADOR

Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-se às margens do mar da Galiléia. Uma grande multidão reuniu-se em volta dele. Por isso Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. E disse-lhes muitas coisas em parábolas: “O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol apareceu, as plantas ficaram queimadas e secaram, porque não tinham raiz. Outras sementes caíram no meio dos espinhos. Os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente. Quem tem ouvidos, ouça!” Mt 13,1-9
A impressão que temos ao ler a parábola do semeador, é que parece que ele não tem critério para semear, não faz uma análise criteriosa do solo para ver se compensa lançar nele a semente. Para podermos compreender melhor o que o Senhor Jesus quer nos falar hoje, temos que levar em conta a Palestina na época de Jesus, uma terra pedregosa, numa região de chuva escassa, cujo, semeador, semeia muito na esperança de colher pouco. Não se questiona a qualidade da semente, ela germina nos solos mais adversos, exceto as que cariam a beira do caminho. A beira do caminho é um terreno batido, a semente rompe a casca sem penetrar no solo, fica exposta a luz intensa sol, num ambiente sem água, torna-se alimento para os pássaros. Esse é o típico coração que carece do mínimo de fé, a Palavra do Evangelho e rejeitada sem ter o direito de penetrar o mínimo possível. Nesse caso o terreno pedregoso já se encontra avanço, porque nele a semente chega a germinar, o problema é que germina “logo”, o ciclo não é natural, a planta germinada não encontra meio para enraizar. Engraçado, eu nasci uma região tradicionalmente conhecida como região de seca, o Norte de Minas. A fazenda onde eu nasci é cortada pelo rio Jequitai, as árvores que compõe a mata ciliar tem um ponto em comum, as raízes mais longas e mais grossa, são as que se desenvolve na direção do leito do rio. É como se a árvore entendesse que o solo é pobre e que ela necessita da riqueza da água pra crescer e produzir fruto. O coração que recebe a semente da Palavra, para crescer e frutificar precisa estender raízes para o rio da graça divina, se isso não acontecer será a planta que seca, sem se quer florir, não tem esperança de fruto. Ainda tem a semente que cai entre os espinhos, vejamos bem, os “espinhos cresceram”, cresceram juntos com a boa semente, mas estes a sufocaram, não permitindo que chegasse a florir e frutificar. Fica aquela pontinha de culpa: “se eu tivesse roçado os espinheiro eu teria uma colheita maior. Até podemos achar o espinheiro bonito, entretanto ele é perigoso, podemos nos ferir, e também não produz fruto. A boa noticia mesmo fica por conta da semente que caiu em um terreno bom, germinou, cresceu, floriu e produziram frutos, trinta por um; sessenta por um e cem por um. Veja só, mas a colheita poderia ser maior, pois os vários tipos de solo encontram-se dentro de uma mesma propriedade: o interior de cada um de nós! Mas não vamos entristecer não, estamos vivendo em uma época de plena semeadura, portanto vamos fazer o seguinte: arara o terreno de nosso coração, tirar as pedras, roçar os espinhos, porque o semeador já vem preparar a nova safra. Esse processo de arar, tirar pedra, roçar espinhos, podemos chamar de conversão!