quinta-feira, 16 de agosto de 2012

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS

É com muita alegria que a Comunidade Católica Reviver, acolhe seus filhos e filhas para esse dia de oração e formação. Infelizmente a nossa vida corrida com tantos afazeres tem nos impossibilitado de viver, momentos como esse, de fraternidade e formação. Dei a esse ensino um título que comumente está em uso no nosso meio: “Ele está no meio de nós”. Quem aqui nunca começou um grupo de oração, ou até mesmo um atendimento individual de oração repetindo essa célebre frase do senhor David: “Deus está aqui” e ainda dando como referencia a citação do Evangelista Mateus, “Pois onde Dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu ali estarei no meio deles”. ( Mt 18,20) Pois bem, repetir essa frase, não pode ser apenas uma força do hábito, mas é preciso ter consciência da presença de Jesus na oração, porém não apenas naquele atendimento individual ou coletivo que eu estou fazendo, mas no Carisma Comunidade Católica Reviver. Convido agora todos os irmãos a fazer comigo o itinerário dos discípulos de Emaús e descobrirmos três maneiras em que o Senhor Jesus se manifesta a nós. Manifestar e o mesmo que revelar, ou dar-se a conhecer. Então são três a formas que o Senhor Jesus dar-se a conhecer a nós enquanto discípulos. • Primeiro cenário Falta de comunhão: motivo e conseqüências Vamos dividir essa narrativa por cenários para que nossa compreensão do texto seja facilitada. O primeiro cenário vai do versículo 13 a 17. Esse cenário narra o afastamento dos dois discípulos de Jerusalém, marca o início da viagem para Emaús, até o surgimento de Jesus no caminhar dos mesmos. Para compreender o motivo do afastamento e consequentemente da desagregação dos dois da comunidade Cristã. Comunidade essa que está reunida em Jerusalém sobre a liderança de Pedro. A comunidade estava fragilizada pela morte de Jesus, mas permanecia reunida. Nessa circunstância aparecem as santas mulheres e anunciam para a Comunidade o que elas tinham visto e ouvido dos anjos que estavam no túmulo vazio onde Jesus tinha sido sepultado. “Não está aqui. Ressuscitou! Lembrai-vos do que ele vos disse, quando ainda estava na Galiléia: É necessário que o Filho do Homem ser entregue nas mãos dos pecadores, ser crucificado e, no terceiro dia ressuscitar. Então as mulheres lembraram da Palavra de Jesus, Voltando do túmulo anunciaram tudo isso aos onze e a todos os outros”. (Lc 24, 6-9) Vejamos bem a frase final que fecha o texto citado: “Anunciaram tudo isso aos onze e aos outros”. Entre os onze e o outros certamente está incluído os dois discípulos que mais tarde abandonaria o grupo e partiriam para Emaús. Olha só, como eles reagiram diante do anúncio da ressurreição de Jesus. “mas eles acharam tudo isso um delírio e não acreditaram”. (24,11) Eles não acreditaram, exceto Pedro, que “levantou-se, correu para o túmulo. Olhou para dentro e viu apenas os lençóis. Então voltou para casa admirado com que havia acontecido”! (24.12) Daí nós vamos entendendo o motivo pelo quais os dois se afastam de Jerusalém, por não acreditarem na Palavra de Jesus e também na Palavra da Comunidade representada pela atitude de Pedro, que ao correr para o túmulo e ver que o mesmo estava vazio, voltou para casa admirado com o que tinha acontecido, essa admiração de Pedro era o anúncio oficial da Igreja, de que ela acreditava na ressurreição do seu Senhor. Quando nós não acreditamos na Palavra de Jesus e na Palavra da Comunidade que se fundamenta na experiência feita por ela da vivencia do que disse Jesus, nós também nos desagregamos nos afastamos do grupo e a passos largos vamos rompendo essa comunhão fundamental para o exercício da missão evangelizadora, incumbência essa, que a mesma recebeu de Jesus. A falta de comunhão e consequentemente o afastamento dos dois membros, é sofrida e muito sofrida pelo restante da comunidade que permanece unida, mas ela é danosa para aqueles que se afastam. Porque é danosa? Porque por mais que eles conversem entre si e vejam que a conversa gira em torno da palavra de Deus, ou seja, morte e ressurreição de Jesus, eles não se entendem e começa a discutir pelo caminho. Quando os irmãos deixam de viver como filhos da comunidade gerados pelo Carisma de fundação, eles não são capazes de perceber a presença de Jesus no meio deles, nem a partir do momento que o próprio Jesus se põe a caminho com eles. “o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os seus olhos, porém estavam como que vendados, incapazes de reconhecê-los” (24,16) o pior é que ainda estavam com o semblante triste quando Jesus os interroga sobre o que vão conversando pelo caminho. • Segundo cenário Pedagogia de cura A falta de compreensão que eles tiveram da Cruz de Jesus foi causa da quebra de comunhão. Vejam que fato interessante, a Cruz, na visão dos dois é o instrumento de tortura que fere e mata a esperança deles, mas é ao se afastarem da Cruz que eles são feridos. Ferida essa que ainda agora estava fazendo sangrar o coração. Eles precisavam de uma delicada intervenção cirúrgica que estancasse o sangue da fé e cicatrizasse a ferida da dúvida. Por esse motivo Jesus se propõe a caminhar com eles. Mesmo ele sabendo que o caminho traçado por eles, não era o caminho da superação. Ninguém supera suas dúvidas e cura suas feridas afastando de Jerusalém. Afastando-se do Calvário, fugindo da Cruz. “Por suas chagas que somos curados” (Is 53,5c) Por isso faz parte da pedagogia de cura de Jesus, caminhar com o homem ferido. Jesus não está ali para pedir aos dois que façam o retorno para Jerusalém, mas para convencê-los a voltar. Para isso é preciso de certo tempo, por isso é importante fazer o caminho com eles. Entretanto a pedagogia de Jesus não é só caminhar, mas também ouvir o que eles têm para dizer. Se ouvi-los não tinha nenhuma importância para Jesus, não acrescentaria nada em sua glória e dela tirariam uma fagulha se quer, para eles era muito importante serem ouvidos por Jesus. O segundo cenário inicia-se no versículo 17 e vai até o verso 24 Não sei se vocês já perceberam o que eu vou dizer agora. Já constataram que quando uma pessoa afasta de uma determinada comunidade, mesmo que ela vá pra outra, ela fica meio desacreditada das pessoas? Poderíamos citar vários exemplos, tanto perto, como longe de nós, mas não há necessidade. Mesmo que o que essa pessoa esteja falando seja a mais pura verdade. Ela fica desacreditada por ter quebrado seu vínculo inicial. Foi justamente isso que aconteceu com os discípulos de Emaús. Eles estavam falando pra Jesus uma grande verdade, verdades do artigo de fé que nós confessamos hoje. Falavam grandes verdades como se fossem mentiras, justamente porque falavam daquilo que não acreditavam, pois se acreditassem não teriam afastado da Comunidade de crentes. A situação é até um pouco cômica! Eles usaram a Verdade da Palavra, para tentarem convencer o próprio Jesus que ele estava morto. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. “A ele, porém, ninguém viu”. (24) • Terceiro cenário Ele está no meio de nós, por sua Palavra Esse terceiro cenário inicia-se no verso 25 e vai até o 27. São apenas dois versículos, mas de uma profundidade que não se pode medir, pois trata-se do primeiro meio pelo qual o Senhor se da a conhecer a nós, se releva no meio de nós: por sua Palavra. Veja que Jesus inicia sua fala com uma intervenção que parece um tanto quanto dura. Jesus os chama de sem inteligência e lentos para crer na palavra dos profetas que fariam referencia a ele. Acreditar na Palavra de Deus é uma questão de inteligência e a lentidão em acreditar nela e o aguilhão que nos fere. O que Jesus faz é explicar para eles as sagradas Escrituras, fazendo-as desembocar no seu sacrifico na Cruz, único capaz de redimir o homem e lhe dar garantia de eternidade. Jesus se dá a conhecer aos discípulos por meio de sua pregação, por isso não se concebe um discípulo que não faça da Palavra de Jesus, fundamento de conversão. A Palavra de Deus na pregação de Jesus e o fundamento da conversão dos dois. Eles só convidaram Jesus para ficar com eles aquela noite, (fica conosco, pois já e tarde e a noite vem chegando V 29) porque a sua Palavra tinha iluminado e aquecido a frieza daquele dia. “Não estava ardendo nosso coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras”? (24,32) A bíblia deve fazer parte do cotidiano de nossa oração, ela é o alimento de nossa espiritualidade carismática, deve inflamar nosso coração. A comunidade Reviver tem como um item na sua regra de vida que está sendo escrita a oração e a leitura da Palavra de Deus na liturgia diária, isso é regra, portanto deve ser obedecida por todos os filhos desse carisma, entretanto a Comunidade espera muito mais ainda dos seus filhos. Ela espera que dentro da liberdade de cada um, que possamos ultrapassar a fronteira da liturgia diária na leitura da Bíblia. Sem essa dedicação ao estudo da Bíblia não haverá crescimento em nosso ministério. A liturgia e como se fosse o prato de entrada de uma refeição solene. Em uma mesa de refeição ninguém fica no prato de entrada, mas come até a sobremesa. Portanto conhecer a Bíblia e conhecer Jesus, aprofundar o nosso conhecimento da Bíblia e aprofundar no Conhecimento de Jesus Cristo. Pois como nos ensina a constituição dogmática Dei Verbun 11 “As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito e se manifestam na Sagrada Escritura foram consignadas sob a inspiração do Espírito Santo”, a Ela devemos dar todo crédito e veneração. • Quarto cenário Ele está no meio de nós, na Eucaristia Tal qual o terceiro cenário, esse quarto e também curto, contem três versículos apenas. Vai do 38 ao 42, mas de uma riqueza incomensurável. Ao chegar à localidade de Emaús, Jesus fazia menção de seguir adiante, quando os discípulos, com o coração compungido pela Palavra, pediram a ele: “fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando”. (24,29) Jesus entra e permanece ali com eles. Vamos voltar nossa atenção para o versículo 30 “Depois que ele sentou a mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a benção, partiu-o e deu a eles”. O Evangelista Lucas da a essa refeição um tom eucarístico, tom esse usado por ele mesmo em outras situações para distinguir a ceia eucarística. “a seguir, tomou o pão, deu graças, partiu-o e lhes deu”. (Lc 22,19) “Então pegou ele os cinco pães e os dois peixes, ergueu o olhos para o céu, pronunciou sobre eles a benção, partiu-os e os deus aos discípulos para que distribuísse ao povo”. (Lc 9,16) O Evangelista quer nos fazer sentir e entender que na Fração do Pão, no Banquete Eucarístico, nós nos encontramos com o Ressuscitado e nos encontramos enquanto comunidade cristã. Por mais que essa refeição na mesa de Emaús pareça ser uma refeição comum, não era! Vejam bem, os dois discípulos estavam no dia a dia de Jesus, eles sabiam distinguir muito bem uma refeição comum de uma refeição solene. Eles também estavam presentes, quando Jesus celebrou com os discípulos a última Páscoa judaica e a primeira Eucaristia. Olhem que acontecimento belo, quando Jesus parte o pão para eles: “Nesse momento seus olhos se abriram, e eles o reconheceram”. (24,31) Em cada Eucaristia Jesus repete esse gesto, para se manifestar a nós, apesar de nossa miséria. Jesus se manifesta na Palavra, como já vimos, entretanto, ele se manifesta de maneira solene na Eucaristia. A Eucaristia não deixa dúvida: Jesus ressuscitou verdadeiramente. O membro da comunidade não pode se privar do encontro com Jesus na Eucaristia, esforço nenhum que possamos fazer no campo missionário serve como justificativa para deixar de participar da Eucaristia dominical É preciso entender também que a participação de cada membro da comunidade no Banquete Eucarístico fortalece o vínculo comunitário. Quando os discípulos de Emaús reconheceram Jesus no pão partido, a primeira atitude deles foi fazer o caminho de volta para a comunidade. Quem comunga o Pão Eucarístico, comunga também a vida do irmão. “Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos”. (24,33)

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Carta Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir a Policarpo (séc. I):

Início da Carta a Policarpo, de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir (séc. I): "Inácio, chamado também o Teóforo, a Policarpo, bispo da Igreja de Esmirna, que tem acima de si, como bispo, a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo, efusiva saudação. Tendo provas do teu espírito piedoso, fundado sobre rocha inabalável, elevo grandes louvores por ter sido digno de ver teu santo rosto. Praza a Deus dele gozar sempre em Deus! Rogo-te, pela graça que te reveste, a intensificares tua corrida e exortar a todos para que se salvem. Desempenha bem tua missão com toda a diligência corporal e espiritual. Tem cuidado pela unidade, pois nada há de melhor. Suporta a todos como o Senhor te suporta. Tolera a todos na caridade, como já o fazes. Entrega-te à oração incessante. Pede uma sabedoria ainda maior do que tens. Vigia, com espírito sempre desperto. Fala a cada um segundo a maneira habitual de Deus. Sofre as fraquezas de todos como perfeito atleta. De fato, onde há mais trabalho, aí também se encontra o maior lucro. Nenhum merecimento te advém de amar os bons discípulos. Portanto, trata com mais brandura os mais doentes. Não se cura toda chaga com a mesma pomada. Refresca com abluções os ímpetos febris. Em tudo sê prudente como a serpente e simples como a pomba. Porque és um ser corporal e espiritual, trata com calma o que te acontecer. Pede que te sejam manifestadas as realidades invisíveis, a fim de que nada te falte e sejas rico de todos os dons. O tempo te solicita como o piloto submetido aos ventos. Também batido pela tempestade, procuras o porto onde alcançarás a Deus com os teus. Sê sóbrio como atleta de Deus. O prêmio prometido é a imortalidade e a vida eterna, como estás convencido. Em tudo por ti sou um sacrifício expiatório, eu e minhas cadeias que beijaste. Aqueles que parecem merecer confiança mas ensinam coisas estranhas não te aterrorizem. Fica firme como a bigorna que é malhada. Convém ao grande atleta ser ferido e vencer. Principalmente por causa de Deus precisamos tudo suportar para que ele também nos suporte. Torna-te ainda mais zeloso. Pondera os tempos. Aguarda Aquele que é além do tempo, intemporal, invisível, que se fez visível, por nossa causa. Ele, intocável, impassível, que se fez passível por nossa causa e de todos os modos padeceu por nós. Não se negligenciem as viúvas. Depois do Senhor,sê tu seu protetor. Nada se faça sem a tua vontade nem faças algo sem Deus; o que não acontece! Sê constante. Não desprezes os escravos e as escravas. Mas que eles não se ensoberbeçam. Pelo contrário, que sirvam melhor para a glória de Deus, a fim de receberem de Deus uma liberdade mais perfeita. Não desejem alforria a expensas da caixa comum, para não se escravizarem à cupidez".

quinta-feira, 10 de maio de 2012

ESCREVER É FÁCIL

Na madrugada do dia 4 de maio eu acordei pensativo. O que eu vou dizer para recepcionar meus amigos que virão prestigiar o lançamento de meu livro? Pensava eu! Vagueando em conceitos, viajava pelas estradas da imaginação, rompendo as escuras da falta de inspiração até o raiar das idéias, como as primeiras luzes do arrebol, como eu solitário, faço sempre cortando as estradas de Minas no escuro da noite até o brilho do amanhecer do novo dia em meu Tiziu de rodas. Quando rolava de um lado para o outro na cama, procurando uma posição cômoda para dormir novamente e assim divagar o assunto; raios de idéias começaram a surgir. Eu via com os olhos da imaginação, o rosto de cada amigo, e fui percebendo a importância de cada um em minha vida. Assim veio a primeira frase: Escreve é Fácil! Escrever é fácil quando se tem memória, ou melhor, quando se tem na memória, fatos e histórias. O que não me falta na memória são fatos e histórias, afinal em 2012 completei 50 anos de memórias. Nesse ano, cujo, os meses correm veloz, tão diferente da minha infância, onde os dias pareciam não passar; tive experiências inesquecíveis. Fiquei 4 dias com meus pais em minha terra natal. Só eu e eles, mais ninguém, dispensei a presenças dos meus irmãos, fui bem egoísta, pois queria sentir que era só meu o amor de José dos Santos e Maria Syria. Com eles, fui à fazenda onde eu nasci, adentrei nas ruínas do casebre onde eu vi pela primeira vez a luz do dia, sim era luz do dia, cinco horas da tarde de um belo domingo. Emocionei-me tanto, quase que eu via a roseira branca plantado na porta da sala, o velho fogão a lenha ainda fumegando e sobre a chapa, as velhas panelas de ferro. Lá do outro lado da rua, estava o pé de caroba roxo, o mesmo de minha infância, cuja sombra me servia de abrigo. Vi novamente a igrejinha, que foi minha primeira escola, lembrei cantando “que saudade da professorinha que me ensinou o B A BA”. Saudade de dona Lindaura! Gente! Eu tive festa de aniversário, 50 anos só se faz uma vez na vida! Na festa, eu tive o presente de meus 7 filhos e dois netos, só meus, não os dividi com preocupações e correções. Tive 6 irmãos, só pra mim, sem a preocupação do tempo e dos afazeres que por muito nos separaram. Não posso esquecer-me dos números incontáveis de sobrinhos, tinha brancos, negros e acredite, até amarelos, toda hora chegava um e dizia: “benção Tio. Lá estiveram centenas de amigos, que me fizeram sentir amado e importante. Isso tudo são fatos que transformaram em histórias e que estão registrados na minha memória. O bom é que posso acessá-las quando eu quiser e me emocionar novamente! Escrever é fácil, quando se tem uma namorada como você Maria de Lourdes Mendes, que reza por mim, que me incentiva, que aceita até torcer pelo meu time, só pra não me ver chateado. Te amo! A você meu muito obrigado. Escrever é fácil, quando você tem amigos e amigas que te incentivam e colecionam os seus textos, como se fossem pérolas poéticas escrita por um imortal da academia brasileira de letras. Amizades que leram meus primeiros textos, que se emocionou, mesmo diante de tantos erros, que me incentivaram dizendo: “vai em frente que leva jeito”. Escrever é fácil quando você tem amigos filósofos que te inspiram quanto falta assunto. Aloísio e Emerson, vocês são bobos de mais! Todas as vezes que os chamei na minha sala, era porque me faltava assunto, ai eu jogava uma dúvida no ar, vocês começavam a debater e eu ia colhendo idéias que caiam como frutos, maduros e saborosos dos galhos das árvores que as dispensam generosamente. Escrever é fácil, quando você tem amigos intelectuais, como o Amigo professor José Anselmo, que com generosidade corrigiu esse livro, a ele meu muito Obrigado. Escrever é fácil, quando você tem no seu convívio diário uma benção de Deus chamada Juliana de Oliveira Alves, Ela é a design que criou a capa do livro. Juliana, sua arte visual enobrece ainda mais o que eu escrevi. Dizem que o embrulho coloca em destaque o valor do presente. Obrigado por seu esforço em destacar essa obra literária. Escrever é fácil, quando tem amigos como Rogerio Rosa, presidente do conselho Estadual da Renovação Carismática Católica de Minas Gerais. David Arão Siqueira, fundador da Comunidade Católica Reviver, prefaciando o seu livro. Que grande incentivo eu recebi de vocês dois. Muito Obrigado! Escrever é fácil, quando se tem irmãos como eu tenho nos membros da Comunidade Católica Reviver. Irmãos que me incentivam, rezam comigo e por mim, que me corrigem e aconselham. Vocês são maravilhosos. Essa minha família espiritual é a mais eclética e a mais bela do mundo. Vocês me fazem experimentar os mais genuínos sentimentos humanos, com vocês eu viajo da tristeza para a alegria, do choro intenso a mais bela gargalhada, da conversa seria a piada bem humorada. Obrigado por existirem na minha vida. Escrever é fácil, quando se tem amigos maravilhosos e imprescindíveis como todos vocês que estão aqui nessa noite e tantos outros que não puderam estar. Amigos que são solidários, que dividem o pão comigo, amigos que cuidam de mim, que me ajudam a carregar a cruz, quando por minha fraqueza eu a sinto pesar. Amigos que curtem o meu trabalho. Alias, curtir é a palavra da moda hoje. Com a explosão das redes sociais é muito comum o amigo curtir a sua foto, curtir o seu comentário, curtir o texto que você postou. Curtir pode ser a palavra da moda, mas o ato de curtir é muito antigo. Lembro-me de meu vovô Honório Clarindo, curtindo o couro do boi que acabará de matar, curtindo a carne de porco na gordura, pois não tinha freezer para congelar, lembro do meu pai curtindo no vinagre a conserva de legumes que ele gostava de fazer. Curtir é deixar algo de molho em um líquido que o amolece, sem, no entanto perder sua identidade. Vocês são amigos que eu coloco de molho no líquido do amor. Amigos que não estão sempre diante dos meus olhos, mas que não significa ausência em minha vida. Quando estão distante do meu olhar é porque estão guardados no relicário do coração. Esse coquetel é uma oportunidade que Deus me concede de tirá-los do relicário, colocá-los ao alcance dos meus olhos e me emocionar com cada um! Me desculpe o rei Roberto Carlos, eu quero ter um milhão de amigos, mas para cantar mais forte não necessariamente tem que ter essa quantidade, eu tenho bem menos que um milhão de amigos, entretanto eu canto forte, eu escrevo forte, porque meus amigos são minha grande motivação, meus grandes inspiradores. Amigos e irmãos em Cristo Jesus, há vocês meu muito obrigado. Deus lhes abençoe!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Meus irmãozinhos anencéfalos

A SACRALIDADE DA VIDA HUMANA O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”. Gn 1, 26 . “Homem e mulher Ele os criou”. Gn 1,27 O homem, desde o princípio, distingue-se, ele próprio do cosmos visível. Todos os seres são para ele um objeto. Só ele é um sujeito e tem consciência de si. Os animais têm os instintos mas não têm consciência de si. Deus entrega ao homem o domínio de toda a terra. O “dar os nomes aos animais” é o início do processo das ciências, consolidação do lugar do homem no meio do mundo, como sujeito, pessoa, como superior a todo o mundo criado. Mediante a reflexão sobre o próprio conhecimento, o homem vê o mundo a partir de dentro de si, ligado à verdade conhecida e a ela obrigado, livremente. Somos livremente obrigados a dizer que: 2 + 2 = 4 ! O homem não pode alterar a verdade. Ela tem força intrínseca. Na medida em que aumenta o processo do saber acerca do mundo, o homem deve defender a verdade acerca de si mesmo. Na verdade, o homem supera a si mesmo. Descobre-se, não apenas diferente, mas superior, sujeito, pessoa, único, irrepetível e insubstituível. Um milhão de filhos não substitui, para uma mãe, aquele que morreu! Há uma dupla tentação: ou auto-diminuição, ou auto-deificação. No início da História o homem sofreu sua primeira distorção: adorou as estrelas, os animais, as plantas, os rios e o mar. Hoje ele penetra, orgulhoso de si, na segunda tentação, aquela proposta pelo maligno: “abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal” Gen 3,5. ! É a tentação de submeter a verdade acerca de si mesmo ao arbítrio de sua vontade: situar-se para além do bem e do mal. O homem pretende definir o bem e o mal segunda sua conveniência, vantagem ou lucro! O homem moderno começa a brincar de Deus! Esquece-se que não é nem animal, nem Deus. Nem tudo que é tecnicamente possível, é ético. Com as aulas ministradas pela TV, muitos se aventuraram a fazer assaltos a Bancos e alguns foram bem sucedidos. No entanto, um assalto a Banco, tecnicamente perfeito, continua imoral e anti-ético! A ciência e a técnica devem estar a serviço do bem da pessoa humana e por essa razão sujeitas à reflexão ética. A ciência e a ética não são um fim em si mesmas, não são um bem absoluto. Elas devem estar a serviço da verdade e do bem. O homem é entendido pela filosofia como animal racional composto de alma e corpo, um animal social. Mas o homem da teologia é mais que isso. Ele é um espírito encarnado mais a Vida de Deus. “O homem é a única criatura na terra que Deus quis por si mesma” (GS 24). Ele não está sujeito ao equilíbrio ecológico. Ele não pode ser submetido ao equilíbrio ecológico. O equilíbrio ecológico é que está em função do bem do homem e da humanidade. O homem é um administrador da vida, mas não é dono. A vida humana nesta terra, chamada à imortalidade, não tem sentido absoluto. Ela existe dentro de um projeto eterno de Deus. Aristóteles, (* 384 AC + 322 AC) chegou à concepção da imortalidade da alma humana. Deus, sozinho, tem soberano domínio sobre a vida do homem. A vida humana é mais que um processo biológico e não pode ser submetida a critérios meramente biológicos que valem para as plantas e os animais. A vida brota como força das mãos de Deus. A vida humana é uma realidade ética e religiosa cuja saúde e vigor dependem de uma integração superior da vontade humana com a vontade de Deus. Não é sem razão que cresce, na clínica mais recente, o uso da psicossomática como alto poder terapêutico. “A vida humana é sagrada porque desde o começo recebe a ação criadora de Deus e permanece sempre em uma relação especial com o Criador, seu único fim” ensina o Concílio Vat. II, na constituição Dei Verbum (DV 4). “A alma espiritual de cada homem é imediatamente criada por Deus”, ensina o Papa Pio XII na encíclica Humani Generis (AAS 42) e reafirmado por João Paulo II na sua Encíclica Evangelium Vitae (43)! Nenhum cientista conseguirá, dentro de uma câmara de vácuo, a produção original de uma semente qualquer. Já conseguiram a produção de enzimas, mas a partir da matéria orgânica, de uma força previamente depositada por Deus. Ainda que, no futuro, consigam o passo das enzimas a uma semente viva, estarão trabalhando em cima das forças criadas por Deus. Só Deus é o único Senhor da vida, desde o começo até o fim. Deus, Santíssima Trindade, Comunidade de Amor, Vida criadora da vida, ao criar o homem à Sua imagem e semelhança colocou no homem e na mulher uma vocação especial para participar da Sua Vida, do Seu mistério de comunhão pessoal e da Sua obra de Criador e Pai. O homem, como pessoa humana, vem de Deus, tem a Deus como seu fim. O homem é de Deus e para Deus. Deus confia ao homem o Dom da Vida! Assim, o poder de gerar, de gerar homens - que são também imagem e semelhança de Deus – não é um poder de origem humana, é um poder de origem divina. O homem é homem e tem poder de dignidade humana, não por aquilo que recebe de outros homens, mas porque Deus o desejou, amou e acolheu. A vida terrena é extremamente preciosa. A vida terrena não é um bem supremo e absoluto. A vida terrena só tem sentido se for empregada a serviço de Deus e do próximo. O homem não é capaz de criar a vida. Só Deus é o Senhor da vida. A vida humana é inviolável. A procriação humana requer uma colaboração responsável dos esposos com o amor fecundo de Deus. Além do valor primordial da vida humana, há um segundo critério para iluminar os caminhos da ciência e da técnica a serviço do homem: a originalidade da transmissão da vida humana no matrimônio. O Papa João XXIII, hoje nos altares, afirma na Encíclica “Mater et Magistra”: “A transmissão da vida humana é confiada pela natureza a um ato pessoal e consciente e, como tal, sujeito às sacrossantas leis de Deus: leis imutáveis e invioláveis que devem ser reconhecidas e observadas. É por isso que não se pode usar meios e seguir métodos que podem ser lícitos na transmissão da vida das plantas e dos animais”. M.M. III – AAS 53 (l961) 447 – Apud : DV 4. O EMBRIÃO HUMANO Sabe-se, hoje, com segurança, que a partir do momento em que o óvulo se une ao espermatozóide, nós temos uma nova vida humana. Afirma João Paulo II na Carta Encíclica: “O Evangelho da Vida”: “a partir do momento em que o óvulo é fecundado, inaugura-se uma nova vida que não é a do pai nem a da mãe, mas sim a de um novo ser humano que se desenvolve por conta própria. Nunca mais se tornaria humana, se não o fosse já desde então. A essa evidência de sempre (...) a ciência moderna fornece preciosas confirmações”. E,V. 60 A interação entre dois sistemas celulares, deferente e teleologicamente programados (ovócito e espermatozoide), dá origem a um novo sistema, não soma de dois sub-sistemas, mas um sistema combinado que atua como uma nova unidade (One-cell embryo), intrinsecamente determinada a atingir a sua forma terminal específica. Trata-se de m novo genoma, que é centro biológico e estrutura coordenadora de uma nova unidade, posssuidor de uma informação essencial e permanente para a realização autônoma e gradual de um modelo-projeto novo, bem definido . O embrião goza de três propriedades biológicas: Coordenação, continuidade e gradualidade. Coordenação: é o suceder-se de atividades moleculares e celulares sob a guia de informação do genoma e dos sinais que se originam da interação entre o embrião em si e entre este e o seu ambiente. O olho, por exemplo, não cresce mais que a cavidade craniana que lhe é destinada; cada órgão do corpo tem seu tecido, forma e tamanho específicos. Continuidade: o novo ciclo vital iniciado na fertilização segue, sem interrupção, se as condições exigidas são satisfeitas. Os eventos particulares aparecem obviamente sucessivos e no tempo programado, mas o processo é contínuo; não há mudança de indivíduo. Gradualidade: Não há uma quebra nos passos: zigoto, zigoto pluricelular, mórula, blastócito, embrião, feto e feto a termo. É uma mesma vida que cresce de modo autônomo, num ritmo próprio e distinto da vida materna. A vida passa da forma mais simples a formas mais complexas, até atingir a forma final, mantendo sua própria identidade e individualidade . CONCLUSÃO: Da fusão dos gametas, nasce uma “nova” célula humana, dotada de uma estrutura de informação; começa a trabalhar como uma unidade individual que tende à completa expressão da sua dotação genética até a formação de um indivíduo humano completo. Esta “nova célula” é um “novo indivíduo humano” que começa o seu processo vital e gradualmente se desenvolve mostrando as suas potencialidades, segundo um plano unificador intrínseco “O cientista, como construtor de modelos da realidade perceptível, se justifica no definir que coisa é vida e que coisa é humano e em concluir que, neste modelo conceitual científico, o óvulo fertilizado de um ser humano é em si mesmo uma vida humana”. .Vale lembrar, aqui, a Recomendação N° 1100/1989 do Conselho da Europa: Ponto 7: “ (...) o embrião humano, ainda que desenvolvendo-se em fases sucessivas indicadas com definições diferentes (zigoto, mórula, blastócito, embrião pré-implantação, embrião, feto) manifesta, apesar de tudo, uma diferenciação progressiva do seu organismo e, todavia, mantém continuamente a própria identidade biológica e genética”. Sabemos, pois, com segurança, que a partir do momento em que o óvulo se une ao espermatozóide nós temos uma nova vida humana que tem o direito de viver o máximo que lhe for possível. Embrião de gato é gato. Embrião humano é ser humano! Se todos os seres humanos são pessoas, por que somente as pessoas são consideradas dignas de respeito? Quem não pode dar a vida não pode tirá-la! A ANENCEFALIA A anencefalia é a má formação do tubo neural, que acontece entre o 16° e o 26° dia da gestação. É uma ausência completa ou parcial da calota craniana, com massa encefálica reduzida em razão da destruição dos esboços do cérebro exposto. A superfície nervosa é coberta por um tecido esponjoso e degenerado. A anencefalia é uma má formação que vai de quadros menos graves a quadros onde não existe nada de tecido cerebral, o que seria a anencefalia propriamente dita. Outros preferem dizer "mesoencefalia": ou seja: não há uma ausência total do cérebro mas uma redução maior ou menor do encéfalo, cuja proporção de existência, responderá pelo tempo e qualidade de vida do nascituro. Em um grande percentual a anecefalia vem associada a defeitos da coluna vertebral, podendo a coluna cervical estar atrofiada, o que já significaria um quadro de anencefalomielia. É importante distinguir a anencefalia da microcefalia, casos em que o cérebro não é formado completamente, mas que permitirá ao nascituro alguma forma de relacionamento com o mundo exterior e um tempo maior de vida, que não pode ser precisado antecipadamente. Os portadores de anencefalia, quando atravessam toda a gravidez e chegam ao seu termo, têm, ao nascer, em sua grande maioria, poucas horas de vida. Os portadores de microcefalia chegam a viver mais de um ano, dependendo da extensão da má formação cerebral. Como a atual fase da discussão do tema no Brasil está muito na linha do emocional, é interessante observar que nada se fala das possibilidades de prevenção clínica com a redução de novos casos possíveis. É possível a redução das possibilidades da geração de um anencéfalo. Sabe-se, com segurança, que o uso do ácido fólico, uma vitamina do complexo B, ministrado antes da concepção e durante as 12 primeiras semanas da gestação diminui em um terço a possibilidade de anencefalia ou dos distúrbios do tubo neural. JUSTIFICATIVAS DAQUELES QUE PRETENDEM UMA LEI QUE PERMITA ABORTAR OS ANENCÉFALOS Evitam o termo aborto. Falam em “interrupção de gravidez”. Aurélio Buarque de Holanda, em seu Novo Dicionário da Língua Portuguesa, define o termo “ABORTAR”: “expulsar o feto sem que ele tenha condições de vitalidade; dar à luz antes do termo da gestação”; e para o termo ABORTO: “interrupção dolosa da gravidez, com expulsão do feto ou sem ela”. Não consigo ver, na minha ignorância, como que se interrompe uma gravidez, desejando a morte o nascituro, sem se fazer um aborto! Na mesma linha de pensamento proponho uma nova lei para o progresso da civilização: A lei que iria permitir a “interrupção da propriedade”. Não se trata de roubar. É apenas interromper a propriedade do outro: sem punição, sem cadeia: é apenas interromper a propriedade! Com tantos pobres neste Brasil que não sabem porque nasceram pobres, por que não têm nada, não têm nem casa, nem escola, nem remédio, nem qualificação para um trabalho bem remunerado, quando outros que não trabalham e têm tanto, dizendo que “ganharam muitas vezes na loteria, por serem abençoados por Deus” ! Só que, se algum país viesse a promulgar tal lei, o produto do furto, num caso de arrependimento futuro, poderia ser devolvido ao seu legítimo proprietário. A vida não nascida e que é assassinada, jamais poderá ser devolvida... O sofrimento psicológico da mãe, que sabe que seu filho tão esperado, não terá qualidade de vida, pela não formação completa do cérebro e conseqüentemente, não terá condições de sobrevida. Se chegar ao final da gestação terá, provavelmente, pouco tempo de vida. Tudo o que é criado é limitado. Quem planeja a construção de uma casa, estabelece, antes, os seus limites (tamanho e número de salas e quartos). Todo limite implica sofrimento. O ser humano é criado. Tem, pois, que conviver com seus limites (inteligência, saúde, dinheiro etc.) e, inevitavelmente, com o sofrimento. É impossível viver sem o sofrimento. Outra fonte do sofrimento é o amor. Quem ama sofre. O próprio Deus sofre com a incorrespondência do homem ao Seu Amor! Há sofrimentos, espirituais ou físicos que podem ser atenuados. Há aqueles que devem ser administrados: morte de uma pessoa querida... O sofrimento nesta vida, tendo embora a marca do negativo, além de não ser absoluto, ele é transitório. O sofrimento não é uma desgraça tal que tenha que ser evitado a qualquer preço! Sabemos, muito bem, como o sofrimento nos amadurece na vida. A nossa vida terrena não tem em si um valor absoluto. Ela tem uma vocação para a eternidade. O sofrimento deve ser entendido no contexto completo de uma vida na terra que se abre para uma eternidade! Já acompanhei, de perto, em minha vida sacerdotal (44 anos) mais de uma mãezinha que sofreu na expectativa do nascimento de um filho que, se nascesse, viveria pouco. Pude perceber muito bem como são amargas estas lágrimas. O sofrimento foi superado e a passagem daquela criança deixou marcas positivas de ternura na vida de seus pais. Aquela criança faz parte, hoje, da história de amor de seus pais! Se o sofrimento da mãe, é psicológico e espiritual, o tratamento deve ser na mesma linha de uma assistência psicológica e espiritual. E, para isso, hoje, graças a Deus, temos muitos profissionais na área da psicologia e religiosos competentes. É uma desproporção, diria, uma aberração chamar um “cirurgião”, um obstetra para resolver um problema espiritual! A mãe que manda tirar a vida de seu filho, sai de um problema transitório – o tempo de uma gravidez – para cair num problema permanente: ‘matei meu filho”. O ser feminino é eminentemente materno. Ainda criancinha, a menina já abraça e beija suas bonecas que têm nomes e roupas diversas. Aprendi com o Pe. Bernhard Häring, um dos maiores mestres da Moral renovada do pós Concílio, e pude constatar o fato na prática pastoral, que a mãe que provoca um aborto nunca mais consegue olhar nos olhos dos seus filhos. Sente neles o olhar do filho que ela matou. Deixo de lado os outros problemas da síndrome pós aborto. O argumento do sofrimento da mãe que espera um filho anencéfalo não tem consistência. E o que fazer para tirar o sofrimento de uma família que espera pela hora da morte certa do pai ou da Mãe? Valeria a mesma receita? Testemunhei a alegria dos pais de uma menina que viveu, por outras razões, apenas 19 horas. Sabiam que ela viveria pouco, se nascesse. Esperaram o final da gravidez. Antes, ainda, de seu sepultamento me disseram: “- Vimos o rostinho de nossa filha. Nós não saímos de perto dela e a paparicamos nas 19 horas que ela viveu”! Foi em Patos de Minas. O sofrimento da espera do nascimento de um anencéfalo, fere a dignidade da mãe. O que fere a dignidade de uma pessoa é: dar-lhe um tratamento específico para animais e plantas; negar-lhe a informação sobre suas condições de saúde e os tratamentos alternativos com suas condições de acesso e custo; divulgar, sem razão o nome da doença que suporta; negar-lhe o tratamento devido, não importam as razões aduzidas; infringir-lhe um sofrimento desproporcionado aos resultados esperados; impor-lhe um tratamento, sem seu consentimento, em que os riscos superam o benefício. No caso da gestação de um anencéfalo, o fato não pode ser debitado à conduta dos profissionais da saúde e, muito menos à responsabilidade dos pais. Trata-se de um acidente da natureza, não provocado por ninguém e muito menos desejado. A conduta humana a ser tomada é aquela de minorar, enquanto possível, as diversas formas de sofrimentos que acompanham tal situação. Se “em nome da dignidade da mãe” eu mato uma vida não nascida, onde fica a dignidade do embrião ou feto, que é também vida humana e, que tem o direito de viver o máximo que pode? E o sofrimento do embrião ou feto? Para resolver o problema de um sofrimento transitório de uma pessoa, eu condeno outra à morte, a um sofrimento definitivo e sem reparação? Provocar o aborto de um anencéfalo (desculpem-me: deveria escrever: interromper uma gravidez! ) é um ato de legítima defesa da mãe. O risco de vida para a mãe, na gravidez de um anencéfalo, é idêntico ao risco de vida de uma gravidez comum. A gravidez de um anencéfalo não sobrepõe nenhum risco àqueles comuns em toda e qualquer gravidez. A legítima defesa acontece quando uma pessoa se defende diante de um agressor. Posso matar, em legítima defesa, quando este agressor quer tirar a minha vida. O ponto positivo deste argumento é que reconhece que interromper uma gravidez é matar! Além do mais, um filho concebido num ato de amor – mesmo que não tivesse havido amor – jamais pode ser entendido como um agressor injusto! Que filosofia miserável: um filho inocente, no seio de sua mãe, ser visto por ela como um agressor injusto! E ele não pediu para ser concebido! A mulher é dona de seu corpo e tem o direito de abortar, de tirar uma vida que está nela e que ela não deseja. Deus quando criou o homem deu-lhe três dons muito preciosos. O primeiro é a VIDA. O segundo é a LIBERDADE. O dom da vida é maior que o da liberdade. Eu não posso, em nome da liberdade, tirar uma vida. A liberdade tem que ser vivida com responsabilidade. O terceiro é o de ser “CÓ-CRIADOR, COM DEUS”. Deus Criador, dá ao ser humano a possibilidade de, com Ele, gerar filhos que são Dele e para Ele. A mulher pode, relativamente, ser dona, de seu corpo (plásticas, penteados e cosméticos), mas ela não é dona nem de sua própria vida. Ela deverá prestar contas a Deus de sua vida, que deve ser cuidada, conservada e bem vivida. Muito menos ela é dona de uma vida autônoma que se forma, pela graça e por Dom de Deus, em seu seio. Ela é a feliz depositária de uma vida que nela está em gestação. Ela não seria mãe sem a participação do seu esposo. Se hoje, a medicina verifica a morte de uma pessoa pela morte de seu cérebro, o anencéfalo, pelo fato de não ter cérebro completo não deixaria de ser uma vida humana? Há aqui um sofisma. Realmente, a morte cerebral profunda (o sistema periférico do cérebro controla os movimentos) é um elemento indicador da morte de uma pessoa. Mas o cérebro não é condição “sine qua non” para a presença de uma vida humana. As fases antecedentes na formação de um feto não dispõem de um cérebro e, nem por isso aquele ser, nas primeiras fases de sua formação deixa de ser uma vida humana. O zigoto, a mórula, o blastócito e o embrião nas suas 11 primeiras semanas ainda não dispõem da formação de todos os neurônios. Mas, em cada uma destas fases temos uma vida humana em desenvolvimento. Um embrião só se desenvolve se for vivo. E se ele está vivo, ele é uma vida humana. Não tem o cérebro, mas tem em si o princípio vital que coordena a continuidade e a gradualidade de seu desenvolvimento. Mesmo sem o cérebro, o corpo humano é algo de uma harmonia e perfeição admiráveis. O anencéfalo, por não ter cérebro completo, é uma forma parasitária de vida e, não pode ser entendido como uma vida humana propriamente dita. Tanto o embrião ou feto de um anencéfalo quanto o de um outro ser humano saudável dependem da própria mãe. Dela recebem o oxigênio, o sangue que os alimenta e a proteção. O embrião e o feto mantêm, com a mãe que os gera, um diálogo silencioso e de mútua relação. O fato de que a ciência não pode, ainda, comprovar as dimensões e a intensidade desta vida dialogal não significa que essa vida humana não exista. Se um feto anencéfalo for uma forma de vida parasitária, os outros (leia-se: NÓS !), que “não seriam” parasitários, continuam, também eles, a depender, em igual medida, do apoio e da sustentação vital de sua própria mãe. Um embrião ou feto anencéfalo tem seus dias contados para uma morte certa. Por que não abreviar o tempo de espera com um aborto? Todo ser humano tem o direito de viver o máximo que pode, mesmo que sua vida não traga lucro ou vantagens aos seus familiares. Toda vida humana é um bem em si, cujo valor independe do aplauso dos circunstantes. Se hoje podemos recusar a vida a alguém que ainda está em formação, porque incomoda, amanhã, outros poderão se livrar de nós quando não produzirmos lucros ou não gerarmos bem estar aos que nos acompanham. A eutanásia já é legal em alguns países. São muitos os países ricos e mais evoluídos que já adotaram o aborto dos anencéfalos e de crianças com outras deformidades. O Brasil deveria acompanhar o progresso. O Brasil precisa mudar! Vários desses mesmos países adotam a pena de morte que continua a ser entendida como um mal. A vida extremamente materializada desses países, sem cultivar os valores transcendentais e religiosos, tem levado sua juventude, com maior índice percentual, à dependência das drogas e ao suicídio. Se pudermos fazer alguma mudança em nosso Brasil que a mudança seja para o Bem e para a Vida. Não vejo vantagem em mudarmos para o mal e para a morte! O aborto de um anencéfalo é um aborto terapêutico. Em 1991, o cientista francês que desvendou a Síndrome de Down, Jérôme Lejeune respondeu à Revista Veja (Entrevista de capa de Fábio Altman na edição de 11.09.91) : terapia cura e aborto mata! Não existe aborto terapêutico! A delicadeza do problema não deveria ser remetida a um plebiscito nacional? Um problema ético é uma questão de verdade. A verdade não depende da maioria. Duzentos passageiros num avião e que nunca pilotaram um avião, não substituiriam os pilotos vítimas de comida envenenada. A soma de ignorâncias não gera sabedoria! A salvação viria de alguém que sabe pelo menos um pouco, para tentar colocar o avião em terra, com segurança. A quantidade de pessoas que defendem uma idéia não basta para transformá-la de falsa em verdadeira. UMA ATITUDE CRISTÃ DIANTE DO PROBLEMA Não existe um direito próprio ao filho. O filho é um Dom de Deus que deve ser acolhido com todas as suas qualidades e limitações. Não existe o direito a um DOM, a um presente. Isto significaria que os pais não diriam “- Eu TENHO um filho”, mas “EU SOU MÃE – EU SOU PAI - PARA ESTA CRIANÇA” e vou me esforçar para lhe oferecer toda a qualidade de vida de que ela for capaz de receber e eu de lhe proporcionar! É claro que um filho prendado, com bom relacionamento social e bons resultados escolares enche os corações de seus pais de vaidade e alegria. Vê-se, também, o sofrimento dos pais quando seu filho não é um campeão olímpico. Mas, muitas vezes, em meu ministério sacerdotal, ao lado do caixão, ajudei a enxugar as lágrimas dos pais que perdiam seu filho especial, depois de tantos anos de partilhar com ele o amor, o afeto e o carinho. A grande alegria que um filho, saudável ou não, traz a seus pais é que ELE É SEU FILHO! Não me esqueço de uma cena mostrada pela TV, numa das revoltas no Carandiru: uma mãe, com o rosto se desmanchando em lágrimas, levantava sua mão direita para o Céu, com o punho fechado, implorando pela Justiça Divina. Ela não negava o erro do seu filho. Mas era SEU FILHO, que tinha direito à vida e à uma vida com dignidade. E isso a sociedade não lhe ofereceu!O prazer, o bem estar, a riqueza, o lucro, a glória humana não podem ser os critérios de admissão à vida para aqueles que, se pudessem, implorariam por nascer! Dom João Bosco Oliver de Faria Arcebispo de Diamantina - MG

terça-feira, 3 de abril de 2012

Efusão do Espírito Santo

Quando Pedro na companhia dos demais apóstolos abre as janelas do cenáculo e pronuncia o primeiro discurso kerigmático da Igreja, Ele afirma que o acontecimento de pentecoste é uma promessa que Deus havia feito ao povo de Israel. Para jogar clarear nosso entendimento, vou ler a citação de Pedro na fonte onde ele a encontrou, no livro do profeta Joel 1,1-3. “Depois de tudo isso, derramarei o meu Espírito sobre todo ser vivente. E, então, todos vossos filhos e filhas falarão como profetas. Os anciãos receberam em sonhos suas mensagens e os jovens terão visões. Até sobre os escravos e escravas derramarei o meu Espírito”. Veja bem, essa é uma promessa que Deus fez ao povo da antiga aliança. No antigo testamento o Espírito Santo ainda não havia sido derramado em profusão sobre todo o povo, apenas algumas pessoas o recebiam para uma missão especial. Os que eram escolhidos como Rei, os profetas e algumas mulheres que tiveram destaque na história da salvação. Mas o desejo do coração de Deus era que todos experimentassem essa graça. Ele apenas esperava o tempo oportuno para isso. Por esse motivo o profeta Joel guarda o derramamento do Espírito para após um acontecimento marcante. Com essa frase ele começa a descrever a promessa do Espírito: “Depois de tudo Isso”, ou seja, teria antes um grande acontecimento. Voltando a início do livro do profeta Joel, nos vamos perceber que ele é um livro penitencial, a profecia dele é um chamado a conversão. A promessa feita por Joel situa o derramamento do Espírito após Israel reconhecer que o Senhor é Deus e que ele está no meio do povo. Pedro ao atualiza a profecia de Joel ele não repete a frase “Depois disso tudo”, mas ele diz assim: “Nos últimos dias, diz o Senhor, derramarei o meu Espírito…”. (At 2,17) Ao se referir aos últimos dias, Pedro não fala do final do mundo, nem do final dos tempos, mas refere-se aos últimos acontecimentos vividos em Israel, do qual eles eram testemunhas oculares, a encarnação, morte, ressurreição e a glorificação do Senhor Jesus. É Jesus que por sua encarnação, por sua morte cruenta, por sua ressurreição gloriosa garante aos apóstolos a realização da promessa. No início do livro dos Atos dos Apóstolos Jesus promete aos seus que estavam com ele na refeição: “Não vos afasteis de Jerusalém, mas esperai a realização da promessa do Pai, da qual me ouvistes falar. Quando eu disse: João batizou com água; vós porém dentro de poucos dias sereis batizados no Espírito Santo”. (At 1,4-5) Dentro de poucos dias se deu o acontecimento de pentecoste no cenáculo, entretanto é hoje para nós esse “dentro de poucos dias” esse dia é hoje, Deus em nome de Seu Filho Jesus Cristo quer atualizar no seu coração agora o acontecimento do cenáculo. Lá nos primórdios da Igreja nos tivemos no dia de Domingo a manhã de pentecoste, nesse instante é para você o dia de pentecoste, no qual o Espírito Santo é o protagonista e você meu irmão e Irma é o coadjutor. Hoje pela manhã eu li uma reportagem interessante no Jornal Estado de Minas, a manchete era: “Mega Evento facilita a compra da casa Própria” tratava se de uma feira realizada no mineirinho em Belo horizonte, promovida pela Ricardo eletro, construtora MRV e as concessionárias Citroen e Jac motos. Mais de 30 mil pessoas passaram no ginásio do mineirinho nesses três dias de feira. Os que compareceram a feira, tiveram a oportunidade de comprar sua casa própria, mobilhar e colocar o carro na garagem. A grande procura mesmo foi para os que queriam compra sua casa própria, porque ali também junto a construtora, estava a Caixa Econômica Federal com uma linha atrativa de financiamento para quem quisesse fechar negócio. Na reportagem tinha o depoimento emocionante de um casal de noivos, ambos diziam muitos felizes em ter comprado o apartamento. O noivo dizia ainda: “Essa feira foi à oportunidade pra eu começar uma vida nova, morando no que é meu. Eu agora vou me tornar cidadão betinense, pois foi em Betim que eu comprei meu apartamento”. Veja bem, aquela feira de imóvel era a oportunidade de Leandro começar uma vida nova, hoje, agora durante a realização dessa pregação é a oportunidade que você tem para começar uma vida nova, é hora de você tornar cidadão do céu, Pois Jesus vai derramar sobre os que crêem o Dom do Espírito Santo. Então o que você está esperando? Jesus já morreu por seus pecados, ressuscitou para sua Justificação e glorificado a direito do Pai ele anseia em te revestir da vida nova no Espírito Santo. Basta que você apenas diga: vem Espírito Santo!

sábado, 24 de março de 2012

Espiritualidade do evangelizador

Algumas coisas tornam-se repetitivas, mas que sempre se faz necessário retomá-la para manter viva a chama de nossa vocação ao carisma da Comunidade Reviver. O que vou falar aqui tenho plena certeza que vocês já ouviram várias vezes, mas é preciso repetir até que vire um automatismo em cada um de nós. É como dirigir, de tanto repetir certos comandos, eles se tornam tão automáticos que os repetimos quase sem perceber, como por exemplo: olhar pelo retrovisor, da seta para direita ou esquerda e tantos outros. O batismo no Espírito Santo é o núcleo da vida cristã e porque não dizer o núcleo de nossa espiritualidade na Comunidade Reviver, pois nosso carisma é cura e libertação pelo poder do Espírito Santo. Não existe vida carismática sem a experiência do batismo no Espírito. Alias essa é a pergunta que Paulo dirige aos discípulos de Éfeso: “recebeste o Espírito Santo quando abraçaste a fé”? Ou seja. É fácil perceber quando um cristão age sem a unção do Espírito Santo. Evangelizar é inerente ao servo batizado no Espírito é o caminho comum de quem se deixa encher do Espírito. O próprio Jesus afirma isso para nós: “Quando vier o paráclito que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que procede do pai, ele dará testemunho de mim”. (JO 15,26). Foi justamente isso que aconteceu com os discípulos, foi a partir da histórica manhã de pentecostes que romperam com o medo e a tibieza e encheram de coragem e entusiasmo. Analisando as diversas experiências do Batismo no Espírito Santo que encontramos ao longo dos atos dos apóstolos, uma coisa é comum em todas: desembocam num anúncio vibrante do nome de Jesus. Após o primeiro pentecostes, encontramos logo em seguida esse testemunho: “... ouvimo-los publicar em nossa própria língua as maravilhas de Deus”. (AT 4,11) Mas sem dúvida a palavra mais esclarecedora é a narrativa de atos 4,31: “todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus”. Isso acontece porque é o Espírito que gera Jesus em nós, ele que configura em nós o ser de Cristo Jesus. Configurar é da forma de; conformar, então é o Espírito de nos conforma a Cristo. Evangelizar é intrínseco a Jesus, ou seja, está tão no íntimo dele que se torna inseparável, não se desliga Jesus de sua missão evangelizadora. Teoricamente o mesmo deveria acontecer com cada um de nós. Mais adiante vou explicar poque eu disse teoricamente. Porque agora vamos ver quatro itens que fazem parte da espiritualidade do evangelizador. 1º Ter Jesus como modelo de evangelizador. Não podemos falar de evangelização sem voltar nossos olhos para o ícone da evangelização: Jesus de Nazaré. Jesus inaugura um novo estilo de anúncio, ele vivia o que anunciava. Era uma evangelização régia e profética. Jesus não era homem de teoria, ele era prático. Primeiro ele vivia, depois ele explicava com palavras para as pessoas o que ele estava vivendo. Com a mulher pecadora ele não fez discurso sobre pureza e perdão, ele perdoou. A filha de Jairo ele não pregou sobre ressurreição, ele ressuscitou a menina e entregou a sua mãe. Para o filho da viúva ele nem quis saber o motivo da morte, simplesmente olhou para a dor da mãe e lhe deu o filho vivo de novo. O conteúdo da pregação de Jesus era o Reino de Deus, diante desse Reino tudo se torna relativo só ele é absoluto, por esse motivo Jesus tinha uma palavra poderosa, ao ponto dos ouvintes dizia: “Eis um ensinamento novo, e feito com autoridade; alem disso ele manda e até os espíritos imundos obedecem”! (MC 1,27) A palavra de Jesus Cativava o povo, “jamais alguém falou como esse homem.” (JO 7,46) 2º Ter consciência da missão. Eu tinha dito que teoricamente tínhamos que ser como Jesus, inseparável de sua missão, porque isso passa por ter consciência da missão. O evangelizador que não tem consciência de sua missão acaba perdendo no percurso. É preciso ter consciência da missão, porque sem ela não se tem estratégia nem objetivo, nos perdemos nos atalhos do mundo e nas preocupações exageradas. Não há verdadeira consagração se não houver antes consciência da missão. Paulo sofreu muito com evangelizadores descomprometidos com a missão: “Demas me abandonou por amor as coisas do mundo.” (2Tm 4,10) Certamente Paulo contava com Demas para levar avante a obra de evangelização, sem contar que Paulo estava Preso em Roma, e por amor ao mundo Demas deixa a comunidade sem receber o anúncio do evangelho. Por causa do abandono de Demas Paulo teve que remanejar Crescente para a Galacia e Tito para Dalmácia, ficando ele e Lucas com a missão de evangelizar a grande Roma.. 3º unção ministerial. Retomo aqui as sabias palavras do servo de Deus Papa Paulo VI na exortação apostólica evangelização do mundo contemporâneo: “ nunca será possível haver evangelização possível sem a ação do Espírito Santo”, por esse motivo se faz necessário receber dele a unção para o ministério, sem ela vamos chegar certamente ao desânimo e ao fracasso, como é merecedora de créditos e confortantes as palavras de Paulo VI sobre o Espírito Santo, veja o que ele continua dizendo, “Ele é aquele que hoje ainda como nos inícios da igreja, age em cada evangelizador que se deixa conduzir por ele, e põe na sua boca as palavras que ele sozinho não poderia encontrar.”

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

APROXIMAI-VOS DA GRAÇA

“Rabi sabemos que tu és um Mestre vindo de Deus, pois ninguém pode fazer esses milagres que fazes se Deus não estiver com ele.” (JO 3,2) Está é a frase que Nicodemos usa ao iniciar seu diálogo com Jesus, quando a noite acortinava sobre sua vida. Nicodemos, judeu de sangue, Fariseu por própria opção, notável entre os de sua época, tem a oportunidade de experimentar na prática o que todas as pessoas que se deixavam envolver pela graça de Jesus experimentavam. Ele foi ter com Jesus a noite e sozinho, ninguém o acompanhava, o que torna mais interessante sua abordagem inicial a Jesus, “Rabi sabemos...” Veja como ele flexiona esse verbo, “Sabemos” como se ele estivesse acompanhado por mais pessoas. Ele estava só, porque então flexiona o verbo? Não há dúvida de que ele estivesse só, mas o conceito de que Jesus era um Mestre vindo de Deus não era só dele, era de todos os fariseus, todos admitiam a verdade, mas tem todos acolhiam a verdade para de deixarem salvar por ela. Jesus é a verdade, ele é o Mestre que vem de Deus, nele habita a plenitude da divindade, nele a redenção é copiosa, como afirmava veementemente o papa João Paulo II. Para que se experimente todo potencial salvífico é necessário aproximar-se dele e nascer de novo como ele propõe a Nicodemos Para nascer de novo Três coisas são fundamentais, baseando no que descreve o apóstolo João: “Todos que o receberam e crêem em seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.” (JO 1,12) Segundo o texto é necessário receber e crer em Jesus. Eu acrescento não ao texto bíblico, mas a reflexão, que é preciso receber e acolher Jesus. É verdade que acolher e receber são sinônimos, mas um sinônimo imperfeito; pois se pode receber uma pessoa e não acolher. Uma visita indesejada que chega a minha casa, eu posso receber e não acolher. Recebendo e acolhendo Jesus no coração, recebemos dele o poder que nós faz filhos de Deus. Esse poder dado por Jesus não é apenas uma força atuante, mas uma pessoa Divina. Na carta de Paulo as Gálatas ele escreve da seguinte forma: “A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu filho Jesus Cristo” Paulo deixa claro que o poder que recebemos e que nos faz filhos é o Espírito de Jesus Cristo. Veja bem ele escreve Espírito com letra maiúsculo para dizer que se trata de uma pessoa, e aqui para nós pessoa revestida da dignidade divina: o Espírito Santo. Espírito de Jesus, porque esse foi o Espírito de filiação que ele recebeu no ato de seu batismo no rio Jordão. “Tu és o meu filho bem-amado em ti ponho toda minha afeição.” (Lc 3,22) Está é a hora de cada um de nós aproximarmos do Senhor Jesus, acolhe-lo em nosso coração, crendo que ele é o Senhor e dele Recebermos o Espírito Santo que nos faz filhos de Deus, cidadãos do céu e herdeiro da graça divina.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Quinto domingo do tempo comum

Leituras: Jó 7,1-4.6-7 1Cor 9,16-19.22-23 MC 1,29-39 Quero começar a reflexão desse quinto domingo com uma frase que Marcos coloca na boca dos apóstolos, liderados por Simão Pedro. “Todos estão de Procurando”. O povo sedento de paz, saúde e alegria, estavam à procura de Jesus. De Jesus que havia libertado o homem possesso na sinagoga, que havia curado a sogra de Pedro e que a muito curou de diversas enfermidades e libertou da opressão do demônio. Hoje não é diferente, temos uma multidão de homens e mulheres a procura do divino, talvez nunca na história humana o homem fosse tão ávido em procurar experiências sobrenaturais, talvez nunca tenha sentido necessidade de um encontro com o sagrado como hoje nós observamos. A sociedade capitalista que com seu apelo ao consumismo, tenta preencher o vazio do coração humano, vai lançando mais ainda o homem nesse vale de isolamento e solidão. A leitura do trecho do livro de Jó e o retrato fiel do vazio da existência movido por valores efêmero. Tudo se torna uma rotina angustiante. A cada dia surge uma nova filosofia propondo responder as inquietações humanas, homens e mulheres que se autodenominam profetas e profetisas, prometem com uma palavra mágica solucionar esse drama vivido pelo homem. Irmãos e irmãs, como Igreja nós temos uma dívida como o homem moderno. Homem esse simbolizado pela sogra de Pedro, que estava acamada, febril, mas logo alguém levou a necessidade dela para Jesus. Ao mesmo tempo em que temos o compromisso de levar a necessidade do homem a Jesus, nós somos a mão de Jesus estendida a esse para reerguê-lo. Vejam bem, todos estavam à procura de Jesus, mas só Pedro e os demais apóstolos sabiam onde ele estava. Só Pedro tinha a resposta certa para o que a multidão procurava. Pedro é o símbolo da Igreja de Cristo, portanto só a Igreja tem a resposta concreta, eficaz e eficiente para responder os anseios do coração humano. A igreja recebeu de Jesus a missão de evangelizar, ela é a fiel depositária da Palavra de redenção, Palavra que ela deve fazer chegar aos ouvidos e, sobretudo ao coração do homem. O que me emociona muito nessa frase de Pedro, “todos estão de procurando” é que Pedro não vai ao encontro de Jesus para si, ele sai o encontro de Jesus em favor dos outros. É para que todos pudessem ter um encontro pessoal com Jesus que Pedro vai ao encontro do mestre e interrompe sua oração. É preciso que cresça em nós batizados a consciência de nossa missão, consciência essa que Paulo faz questão de tornar evidente na carta aos coríntios. “pregar o Evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade para mim, uma imposição” veja, ele fala que evangelizar é uma necessidade e imposição. Eu tenho por necessidade aquilo que é fundamental para minha existência. Para o apóstolo dos gentios, negligenciar o anúncio do Evangelho era como se ele assinasse sua própria sentença de morte, era deixar morrer aquela experiência bonita e marcante do caminho do Damasco. A imposição que ele fala é exercida pela força do amor. Paulo sentia-se tão amado por Deus, que a força desse amor o impulsionava para a missão, mesmo ele sabendo dos contra tempos e das perseguições que o esperavam em cada localidade. Em outro trecho da carta aos coríntios ele vai dizer: “O amor de Deus nos constrange” (2Cor 5,14) Paulo, livre da imposição da Lei, agora sente acorrentado por esse amor, acorrentado por aquele que o amou e se entregou por ele. Por esse motivo, pregar o Evangelho tornou-se a vida dele. “Ai de mim se eu não pregar o Evangelho. Diante da liturgia da palavra, desse quinto domingo comum, nos resta tão somente responder ao que a Igreja espera de nós, parafraseando com o próprio Jesus: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois para isso é que eu vim”. Essa é a hora de apresentar a multidão a Jesus, façamos isso então! 05/02/2012

domingo, 29 de janeiro de 2012

Quarto domingo do tempo comum

Primeira leitura: Deuteronômio 18,1-20 Segunda Leitura: 1Cor 7,32-35 Evangelho: MC 1.21-28 Depois de ouvir o ensino de Jesus na sinagoga de Cafarnaum, o sentimento de admiração era unânime, no coração daqueles que se encontravam presentes. Jesus ensinava como quem tinha autoridade, diferente dos mestres da Lei. Os doutores da Lei impunham autoridade e Jesus tinha autoridade, essa era a diferença que dava credibilidade ao que Jesus ensinava. O povo de Israel em geral, acreditava em Moises, porque ele tinha autoridade, autoridade concedida pelo próprio povo. Moises havia convocado todo povo para ouvir Deus falar na montanha do Horeb, mas eles com medo de Deus deram a Moises uma procuração para ouvir Deus em nome deles e depois os transmitir a palavra da Lei. Nessa leitura do livro Deuteronômio 18, 15, Moises afirma para o povo que o Próprio Deus fará surgir um Profeta, a esse o povo deverá ouvir, pois esse vem com autoridade divina. Esse no profeta será mediador de uma nova aliança, pois em sua humanidade, Ele tem a plenitude da divindade. Encontramos no episodio da sinagoga de Cafarnaum, dois sinais claros que identificam a instauração definitiva do Reinado absoluto de Deus no meio de seu povo. Quando João Batista, por meio de dois dos seus discípulos pergunta a Jesus se ele é o Messias que devia vir ao mundo, ou se deveriam esperar outro, entre outros sinais dados por Jesus, ele disse esse: “… e a pobres se anuncia o Evangelho”. (LC 7,22) Quando Jesus afirma que a pobres se anuncia o Evangelho, Ele fala de uma exclusividade preferencial e não excludente. Todas as classes sociais têm direito a ouvir o anúncio da Palavra de Redenção. A diferença é de pessoas que dela se acham necessitadas e tem pessoas que acham que dela não tem necessidade. Temos o pão como símbolo do alimento mais barato, todas as pessoas por mais pobres que sejam tem acesso a esse alimento, mas o pão não é exclusividade do pobre, o rico pode comprá-lo na mesma padaria. Assim é o Evangelho, ele é o pão da graça de Deus, todos os que dele necessita tem livre acesso. O outro sinal é a libertação do homem possuído pelo espírito do mau. Em outra passagem do Evangelho, Jesus vai dizer: “Mas se é pelo dedo de Deus que expulso os demônios, é porque o Reino de Deus já chegou até vós”. (LC 11,20) Portanto, estamos diante de dois sinais que tira de nós o véu e nos faz ver com clareza o Reino de Deus presente em nosso meio, cabe a cada um aderir-se ale ele, passando pelas portas da fé e da conversão. O espírito imundo que possuía aquele homem sabia que Jesus era o santo de Deus, entretanto foi expulso, pois o orgulho lhe impede de crer para a conversão. Paulo na carta aos coríntios, muito mais afirmar de que se deve ou não deve casar, ele nos ensina que no estado de vida que fomos chamados para entrar no Reino, nós devemos nos comprometer com ele, com responsabilidade e dedicação. 29/01/2012

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

CONVERSÃO DE SÃO PAULO

Primeira leitura, Atos 22, 3-16 - - Evangelho MC 16,15-18 vinte de cinco de Janeiro, a Igreja celebra a festa da conversão de são Paulo. Junto com João Batista, no calendário litúrgico, sãos os únicos que tem duas datas celebrativas no ano. Paulo é o único santo que a igreja celebra a conversão. Normalmente celebra-se nascimento, ou martírio. O livro dos Atos dos Apóstolos nos contempla com três narrativas da conversão de Paulo. A primeira em At 9,1-20, narrada por Lucas, a segunda, em At 22,1-21, contatada por Paulo aos Judeus e a terceira, também contada por Paulo ao rei Agripa, em sua autodefesa, At 26, 1-23. Nesse ensino, nós nos basearemos na narrativa de Atos dos Apóstolos 22, mas recorreremos nas outras duas narrativas, para jogar mais luz ainda nessa maravilhosa e valiosa experiência de conversão para a vida da Igreja e de seus Filhos. Analisaremos versículo por versículo a partir do capítulo 22, 6 e permitiremos que o Espírito Santo nos conduza pelo caminho da conversão de Paulo, ao Coração Misericordioso do nosso Deus e Pai “Ora aconteceu na viagem, estando já perto de Damasco, pelo meio dia, de repente uma grande luz vinda do céu, brilhou ao redor de mim” (V 6) A experiência de Deus acontece quando nós nos colocamos a caminho, quando começamos a questionar nossa verdade que até então era verdade absoluta. Até o testemunho de Estevão, Paulo tinha a Lei e a doutrina Farisaica como verdade absoluta e inquestionável. Entretanto a partir da pregação e do testemunho de Estevão, que viu o céu aberto, a glória de Deus e Jesus de pé a direita de Deus, a verdade de Paulo sofre um abalo cismo que compromete suas estruturas. Paulo então começa a viagem para Damasco, se põe a caminho querendo salvar sua verdade da ruína total, queria ele por meio da perseguição abalar a Verdade que os Apóstolos acreditavam. A pior perseguição não é essa que leva ao derramamento de sangue os membros da igreja, a pior é a indiferença religiosa, pois essa não produz fruto. Paulo não se acomoda com o que ele acreditava, corre em busca da Verdade Suprema até ser encontrado por Ela. Ele conta: “por volta de meio dia, de repente, uma grande luz vida do céu brilhou ao redor de mim”. Era meio dia, horário em que a pouco vestígio de sombra sobre a terra, ou seja, Paulo afirma que viu com clareza o acontecimento, não foi um devaneio, um delírio de que estava a procura de experiência sobrenatural. Recorrendo a Atos 26,13, vamos entender a profundidade desse momento. “Ó rei, estava eu a caminho, quando pelo meio dia, vi uma luz vinda do céu, mais brilhante que o sol”. Paulo não era um homem que vivia nas escuras da fé, ele tinha luz, a luz que vinha da escola de Gamaliel, vinha da terra, o conhecimento da Lei. Agora ele é envolvido por uma luz vinda do céu, luz que ofusca completamente a luz que ele trazia em si. A luz do conhecimento de Cristo Jesus, não é uma iniciativa humana, mas do próprio Deus. Essa luz vinda do céu derruba nosso conceito mesquinho que temos de Deus. “Cai por terra e ouvi uma voz que me dizia: Saul, Saul, porque me persegues”? Só caído por terra é que somos capazes de ouvir a voz de Deus. Na luta grego romana, na época de Paulo, o oponente só ouvia a voz de seu adversário, quando esse o derrubava por nocaute, quando a voz de que o derrubara chegava-lhe ao ouvido, era sinal de sua derrota. Quando a doce voz de Jesus ressoa no coração e nos ouvidos de Paulo, ele reconhece que tinha sido nocauteado por aquele que ele dentava derrubar, ou como ele mesmo afirma: “eu fui alcançado por Cristo”. Foi alcançado por quem ele perseguia. Vejamos agora a importância do versículo 9: “Meus companheiros viram a luz, mas não ouviram a voz que falava”. Aparentemente os companheiros de Paulo fizeram a mesma experiência dele, ambos foram envolvidos pela intensa luz vinda do céu, entretanto nada sabemos do apostolado dos companheiros de Paulo, nem se quer sabemos se após serem envolvidos pela luz converteram verdadeiramente. Digo isso, porque a experiência deles, não foi plena como a do filho da tribo de Beijamim. Eles viram a luz, mas não ouviram a voz de Jesus, não fizeram experiência da Palavra de Deus em suas vidas. Toda experiência mística, por mais intensa que seja, ela só perdura e dá fruto para a Igreja, se a pessoa agraciada escutar a voz, aceitar ter a vida conduzida pela Palavra de Deus. Vejamos bem, na queda ao ser envolvido pela luz, Paulo escuta a Palavra de Jesus e logo acredita em seu Senhorio: “Quem és tu Senhor”? Pela regra da luta grego-romana, Paulo sabia que tinha sido derrotado, portanto agora ele era escravo de seu adversário, por isso ao ouvir a voz crer no Senhorio e agora que o conhecer mais profundamente. A segunda pergunta de Paulo é muito esclarecedora: “Que devo fazer Senhor”? A partir dessa pergunta, ele passa a ser guiado pela Palavra de Deus. “Levanta-te e vai para Damasco. Ali de explicarão tudo o que deves fazer”. (V 10) “Como não podia enxergar, por causa do brilho daquela luz, cheguei a damasco guiado pelas mãos dos meus companheiros”. Apesar da experiência de Paulo ser superior a de seus companheiros, Paulo não é auto-suficiente, ele entende que para ser conduzido a Damasco, para que a experiência de fé fosse aprofundada ele precisava das ajuda de seus companheiros. Os companheiros de Paulo fora a primeira comunidade que acolheu e o conduziu rumo ao crescimento espiritual. A pessoa que faz uma experiência de fé em Jesus e exclui a ajuda da comunidade no seu crescimento na fé ele acaba se perdendo e não dando o fruto esperado. Vejam bem, Paulo não enxergava, portanto tinha tido uma experiência maravilhosa e conhecia a vontade de Deus, mas não sabia o caminho para Damasco, pois estava sem enxergar. Caso ele fosse orgulho e não aceitasse a ajuda dos companheiros, ele iria se perder nos atalhos do caminho e nunca chegaria a Damasco. Quem caminha de mãos dadas com a Comunidade Cristã, com a Igreja, tem a certeza de chegar a plenitude do Espírito Santo pela vida sacramental e a bom êxito no seu apostolado. A verdadeira experiência de Deus acontece quando: Coloco-me a caminho. Sou encontrado por Cristo Jesus. Caio por terra. Escuto a voz de Deus. Sou orientado por sua Palavra Sou conduzido pelas mãos da comunidade Igreja. Deixemo-nos encher o Espírito Santo nesse dia! 25/01/2012

sábado, 14 de janeiro de 2012

SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM

Primeira leitura: 1Sm 3, 3b-10.19. Segunda leitura: 1Cor 6,13c-15ª.17-20 Evangelho: JO, 35-42 Somos chamados hoje a conhecer Jesus, digo isto, porque muitas vezes o que temos do Senhor Jesus são algumas informações. O conhecimento é mais que ter informações, é travar um relacionamento de intimidade, um relacionamento que gera em nós a vida divina. Vejamos bem, o menino Samuel, morava na casa do sacerdote Eli desde os seus quarenta dias de vida, dormia no mesmo aposento em que a Arca da Aliança repousava, ali ele cresceu e deu seus primeiros passos, certamente via o sacerdote Eli ministrar a liturgia e outros ritos sagrados. Entretanto quando o Senhor Deus se manifestou a ele, o mesmo não soube diferenciar a Palavra de Deus, da voz de Eli. Olha a diferença é muito grande, porque Deus tem Palavra enquanto Eli tem a voz. A voz sem a Palavra é vazia, incompreensível. Muitas vezes, nós agimos como o menino Samuel; corremos atrás da voz e não percebemos que ela é estéril, não gera em nós a vida divina, não nos transforma em templos de Deus como nos ensina o apostolo Paulo na segunda leitura. Aliás, esse texto de Paulo aos coríntios vem falar bem da realidade que vivemos hoje, onde o mundo prega um amor dissociado da vida. Um amor egoísta, que não se derrama no outro, mas em si mesmo. O que o mundo chama de amor, Paulo classifica como imoralidade, fornicação, pois o homem não se enxerga como imagem de Deus, templo do Espírito Santo. Quanta confusão é gerada, quando o homem se recusa a conhecer Deus. O escritor sagrado registra o motivo de tamanha confusão, “Samuel ainda não conhecia o Senhor”. A Palavra de Deus ainda não tinha sido revelada a ele, apesar de morar em um território sagrado. Entendemos então, que o conhecimento de Deus se dá quando Ele nos revela sua Palavra, no entanto para que isso aconteça e necessário nós nos dispormos a escutar. Vale também para nós o conselho do velho Sacerdote Eli: “Vai deitar, quando alguém te chamar de novo você responde: fala Senhor que o teu servo escuta”. Quando o Batista aponta para Jesus e diz: “Eis o Cordeiro de Deus” Dois discípulos, André e João se puseram a seguir. Vejam, seguia Jesus pelo que João conhecia. Muitas vezes vivenciamos fatos desse nos dias de hoje. Quantas pessoas entram na fila da Eucaristia, por vê todo mundo indo, quantas pessoas buscam os sacramentos do batismo e até do matrimonio por causa do cerimonial e não por aquilo que o sacramento é. Quando Jesus os vê no seu seguimento, não os proíbe de seguir, nem os repreende pelo fato de não o conhecer pessoalmente. Jesus entende o seguimento dos dois como um desejo de conhecê-lo, entretanto não deixa de questionar os dois, um questionamento que exige resposta. “O que estais procurando”? Essa mesma pergunta ressoa para cada um de nós, de maneira pessoal. O que estamos procurando no seguimento de Jesus? Alguém que resolva nossos problemas financeiros? Um curador que nos tire da fila do SUS e nos livre dos altos preços dos planos de saúde? Ou nosso interesse e saber onde Jesus mora, entrar em sua casa é fazer experiência do seu amor? Travar com Ele uma relação de intimidade, que gera em nosso coração o fruto da salvação? Tomara que nossa motivação para caminha no seguimento de Jesus, seja a mesma de André e João: Entrar na Tenda do Senhor Jesus! A primeira leitura nos afirma que o menino Samuel crescia, Ele começou a crescer, a partir do momento que conheceu o Senhor. Que o conhecimento do Senhor Jesus nos eleve a altura de quem somos de fato: filhos de Deus! 15/01/2012

PORQUE DO MEDO

”Por que esse medo gente de pouca fé?” (MT 8,26) perguntava Jesus aos discípulos assustados com a violência da tempestade que assolava o barco em que estavam. Apenas o medo que está no seu interior é que te faz acreditar que a tempestade é real. Fora deste campo imaginário está a luz, a bênção e o amor de Deus, que a tudo criou para ti. Creia no Senhor, e vê, quão sábio e preciso Ele se mostra a você, quão doce e amoroso ele é.. Não comungue com a tua escuridão, com nenhuma forma de pensar que tenha por objetivo te ferir, te deixar confuso e perdido nesta Terra. Ao contrário, entrega estes momentos ao Senhor Jesus, É Ele que deixa seu ser mergulhado na luz. Respira calma e mansamente e permite estar na companhia serena Daquele que te cuida com o olhar amoroso e atento. Nele tudo você pode.

domingo, 8 de janeiro de 2012

COMUNIDADE CATÓLICA REVIVER

Hoje ao celebrarmos 22 anos da Comunidade Católica Reviver, não tem como deixar de olhar para trás, até porque, olhar para trás é colocar os olhos na experiência que nos impulsiona a continuar o caminho de salvação. Paulo quando escreve para a comunidade de Fellipos, estava preso em Roma e esse cativeiro culminaria com seu martírio. Em determinado ponto da carta, ele começa a pontuar fatos de sua vida que foram importantes, inclusive sua experiência no judaísmo, como membro da seita dos fariseus. Aliás, ele considerava como prejuízo o tempo de fariseus, comparando ao bem supremo, o conhecimento de Cristo Jesus. Antevendo a proximidade do fim de seu ministério, ele narra às belíssimas experiências que fez com Cristo Jesus, mas não se deixa acomodar com a consolação que aquelas experiência lhe trouxeram, como alguém que se julga ter chegado à perfeição, ou alcançado tudo que Deus poderia dar a alguém. Vejamos o que ele escreve: “Não que eu já tenha recebido tudo isso, ou já tenha me tornado perfeito. Mas continuo correndo para alcançá-lo, visto que eu mesmo fui alcançado pelo Cristo Jesus. Irmãos, eu não julgo tê-lo alcançado. Uma coisa, porém, faço: esquecendo o que fica para trás, lanço-me para o que está à frente. Lanço-me em direção a meta, para conquistar o prêmio, que do alto, Deus me chama a receber, no Cristo Jesus” (Fl 3, 12-14) Com toda sua experiência de fé, sua vida inteira dedicada a missão, viajem sem fim, inúmeras comunidades fundadas por ele, um número incontável de discípulos que ele havia formado; ela ainda dizia: “não alcancei a meta”. O fato que continuava a animar Paulo a correr estava no ponto de partida, a experiência de salvação na estrada de Damasco, o seu encontro com Cristo Jesus. Também o prêmio que ele esperava receber de Deus, Cristo Jesus! Jesus esta no fundamento de sua experiência de fé e ao mesmo tempo e a meta que ele desejava alcançar. Celebrar 22 anos da Comunidade Católica Reviver é voltar a origem de nossa experiência de salvação e renovar o compromisso de continuar servindo a Deus na fidelidade desse carisma. A comunidade Reviver é um barco a vela, que se afastou da praia, que se encontra em alto mar, impulsionado pelo vento impetuoso do Espírito Santo. A motivação que rege o agir da comunidade Reviver é a parábola do filho prodigo e assim nós a resumimos em nosso estatuto: “Experimentar e viver no cotidiano o amor do Pai misericordioso, que acolhe nos braços o filho ferido pelo pecado, restituindo-lhe a dignidade filial. (Lc 15,11-32). Esse amor recebido deve ser doado pelo membro da Comunidade de forma integral na missão, acolhendo todos os irmãos, sobretudo os pobres e marginalizados”. Dividimos em duas etapas essa motivação. A primeira nos eleva a dignidade de filho de Deus, essa dignidade que tem como fundamento o amor misericordioso do Pai do céu, que acolhe cada pessoa como se fosse única. O filho mais novo, depois de seu pedido inaudito, fora dos padrões, absurdo de ser atendido, recebe do pai a herança que ele não tinha direito, gasta tudo em uma vida desenfreada até perder toda dignidade humana, quando o mesmo cansado e ferido, faz o propósito de voltar para casa, o Pai toma a iniciativa da operação resgate: (contar resgate da

sábado, 7 de janeiro de 2012

Escolhendo a melhor parte

Viver em um mundo que oferece diversas possibilidades é viver num constante desafio. Seu objetivo é a felicidade, mas não se pode esquecer que esse ideal encontra-se no fim de um labirinto que, cujo grande desafio é encontrar o caminho que te conduzirá a tal. A principio muitas são as portas que se abrem, mas só uma te levará a conquista da felicidade. Para a conquista dos bens temporais tem-se como caminho a seguir, o estudo e o trabalho. Esses dois requisitos abrem portas, mas ainda não é o caminho. Garantem sucesso financeiro e profissional, só que a paz interior independe de fatores temporais. Disse Jesus: “Eu vos dou a paz, eu vos dou a minha paz, não como o mundo vo-la dá”. A paz e a harmonia que você deseja, depende unicamente da escolha que tu fazes. Se tuas escolhas têm como fundamento os valores matérias e temporais certamente experimentaras a fadiga, e a angustia, fará recair sobre os outros a culpa pelos fracassos. No Evangelho, Marta questiona Jesus a respeito do comportamento de sua irmã, que lhe deixava sozinha com a lida diária da casa. Maria, enquanto isso permanecia sentada aos pés Jesus deleitando da palavra de eternidade que jorrava dos lábios de Jesus provinda de seu divino Coração. “Marta, Marta, porque te inquietas com tantas coisas?” perguntava o mestre Jesus. Sabendo Ele que só uma coisa lhe era necessária. Dizia Jesus: “Maria escolheu a parte certa, que não lhe será tirada”. Porque fadigas com tantas coisas? Porque preocupações exageradas que fazem fervilhar sua mente, como um vulcão em erupção? Lembre-se que estas larvas que deixas expelir de seu ser em erupção causa-lhe conseqüências danosas que podem ser irreversível. Queres a receita da felicidade? Recolhe-te aos pés do divino Mestre, sintoniza seu coração ao Dele e em um profundo e fecundo silencio bebe-te desse manancial de eternidade. Só assim será reconstruído o teu paraíso e replantado teu jardim interior, cujas folhas não cairão e a flor da felicidade não murchará.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

NO CENÁCULO COM MARIA

Esse ensino eu preguei no dia de nossa Senhora Aparecida, não me lembro o ano, nem o local. encontrei guardado em meus escrito e agora estou postando no blog. tenha boa leitura.
Neste dia, que a Igreja do Brasil celebra a solenidade de sua Padroeira: Nossa Senhora da Conceição Aparecida, vamos percorrer com a Virgem Maria o caminho que nos levará a uma profunda experiência de Deus pela graça do batismo no Espírito Santo e também ao nosso compromisso com a Igreja, corpo místico de Cristo, na qual muitos de seus membros estão desfigurados, feridos. Essa desfiguração e essas feridas devem levar os membros transfigurados a um compromisso de solidariedade com os demais. A Virgem foi o primeiro cenáculo plenamente habitado pelo Espírito. Foi o primeiro Sacrário do Verbo Encarnado. Ela também foi a primeira e mais eficaz evangelizadora e missionária. Vou fundamentar essa pregação no Evangelho da liturgia dessa solenidade de hoje, claro que analisando aspectos que nos levará ao objetivo do tema. É muito interessante observarmos como inicia a narrativa das bodas em Caná: “Três dias depois”... Depois de quê? Se ficarmos atentos a esses detalhes, nós vamos obter grandes graças nessa tarde. Foi exatamente três dias após Jesus ter feito uma promessa a Natanael:.“Verás coisas maiores que essa” (Jo 1,50). “Sete dias após o testemunho de João Batista” (Jo 1,28). O Evangelho começa justamente como a narrativa de Gênesis: uma semana vai desembocar na primeira manifestação da glória de Deus. Manifestação esta que tem como protagonista a MULHER, que seria o grande sinal da manifestação salvífica de Deus, conforme promessa do livro de Gênesis: (Gn 3,15) Com esse episódio, Maria como mestra e formadora de evangelizadores, nos ensina um ponto muito importante: O evangelizador é aquele que deve estar atento às necessidades do homem moderno, que apesar de viver em um mundo de variadas opções de lazer, festas, baladas, onde homens e mulheres tendo à frente seus ídolos pulam de um lado para o outro com gritos frenéticos manifestando alegria. Dentro de si existe um grande vazio. A Virgem percebeu quando faltou vinho, que para a cultura judaica era manifestação da alegria verdadeira. Por isso Ela interpõe entre o Plano de Deus e a necessidade humana, apresentando a Seu Filho o motivo da tristeza que abatera aquele casal e também aos convivas. “Eles já não têm mais vinho”. Ao mesmo tempo em que Ela se coloca como medianeira entre seu Filho Divino e o homem necessitado da graça, Ela também orienta aos serventes, (que aqui simboliza todo cristão batizado que tem como missão servir). “Fazei tudo que Ele disser”. Se em muitos setores da Igreja falta alegria para vivenciar a fé, se entre os membros do Corpo de Cristo existem membros desfigurados pela dor, que é fruto do pecado pessoal, comunitário e social, é porque temos deixado de cumprir a ordem de Jesus: “Ide e pregai o Evangelho a toda criatura”. Talvez possamos nos perguntar no dia de hoje, como pode ser tão eficaz a pregação de uma mulher de poucas palavras. É um engano nosso achar que Maria era uma mulher de poucas palavras. Ela era de pouca voz, mas era mulher da PALAVRA. Palavra encarnada no coração e no seu santíssimo ventre. Palavra que foi fecunda no coração e no ventre por obra do Espírito Santo. Geralmente a teologia e a piedade cristã têm associado Maria a Jesus. Por isso, ela é venerada como co-Redentora de todas as graças. A razão primordial de toda sua divindade é ser mãe do Messias, Mãe de Deus. Este cristocentrismo na mariologia deve ser enriquecido por outro pólo fundamental: A presença e a missão do Espírito Santo. Vamos explorar o texto básico que dá fundamento a esse pensamento: “O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”. A grande maioria dos intérpretes dá esse texto um sentido cristológico. A concepção de Jesus não se deve a um homem, mas ao Espírito Santo: Passa quase despercebida a relação íntima da Virgem com o Espírito Santo nessa frase. Vamos analisar essa frase agora numa visão Pneumatológica. É aqui que reside o sentido último da expressão “CHEIA DE GRAÇA”. O Espírito Santo é enviado diretamente sobre Maria: “O Espírito virá sobre ti”. É a primeira vez, em toda a Escritura, que fixa que Ele veio diretamente sobre uma mulher. No Antigo Testamento conhece a unção do Espírito desde o seio materno: Sansão (Jz 13,5), Jeremias (Jr 1,5), o servo ( Is 61) – no Novo Testamento, João Batista. A novidade do texto de Lucas é de que o Espírito Santo não veio sobre Jesus no seio de Maria, mas, diretamente sobre Ela. É sobre Ela que o Espírito é enviado pelo Pai e pelo Filho. O Vaticano II diz com acerto quando fala que “Maria é como que plasmada pelo Espírito Santo e formada nova criatura” (LG 56/144) para poder gerar o novíssimo Adão (cf. 1Cor 15,45) JESUS CRISTO. Maria foi feita pelo Espírito novíssima Eva para gerar o Filho de Deus. Maria é humana, pertence à natureza humana, salva pela previsão dos méritos do sangue do Filho que ela havia de gerar. Por isso, o Espírito fez dela sua morada, seu tabernáculo. Vamos pedir nesse dia pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida uma nova efusão de Espírito, para que santificados por essa graça sejamos no mundo sinal da Santidade de Deus. E poder parafrasear como Maria “Realizou em mim grandes coisas aquele que é Poderoso cujo nome é Santo”.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

PROCURA NA BÍBLIA

Certa ocasião me aconteceu um fato no mínimo inusitado, com o qual tive um grande aprendizado. Nós estávamos em uma reunião de oração no núcleo da Comunidade Católica Reviver. Como de costume ficamos conversando um pouco depois da oração, que sempre acontecia na segunda feira pela manhã. Lembro que eu havia pedido ao senhor David um certa quantia em dinheiro, era um valor razoavelmente alto.então ele me deu um cheque no valor pedido, ai continuamos a conversa, sem perceber muito coloquei o cheque dentro da bíblia e ai nos entretemos entre conversa e serviço, oração para as pessoas que passavam por La e a noite fui pregar em um grupo de oração, cheguei em casa quase vinte e três horas. Foi exatamente nesta hora que me lembrei do cheque, então fui procurar no bolso que era o lugar que costumava guardar. Para minha surpresa não encontrei, fui então, já meio nervoso procurando em outros bolsos, em minha pasta que costumava carregar e nada encontrei. Na bíblia não procurei, pois sou radicalmente contra colocar papeis ou qualquer outro objeto dentro da bíblia, por vários motivos. Foi uma noite terrível, porque aquele dinheiro era de suma importância para que eu pudesse quitar um prestação já estava atraso, não dormi a noite, pesando no que eu iria fazer, pois alem de pagar a prestação eu ainda tinha que pagar o senhor David, o pior, por um dinheiro que eu não tinha usado. Levantei cedo, fui a para Comunidade e lá pediu o senhor Davi para sustar o cheque. Ele me disse: “procure direito” eu respondi: “não tenho mais onde procurar” ele então replicou: “já procurou dentro da bíblia”? Novamente respondi: “não! Não tenho costume de colocar papeis e objetos na bíblia, não gosto disso, o senhor sabe.” Ele então se calou e eu fui triste para meu canto, esperando ele decidir ir ao banco comigo. Foi exatamente nesse momento que resolvi procurar na bíblia, mas já convicto que não iria encontrar ali o cheque. Para minha surpresa logo que abri, foi justamente na pagina em que se encontrava o cheque. Que alegria vocês nem imaginam! Uma coisa eu aprendi nesse episodio: tudo o que eu perco e que é importante em minha vida o primeiro lugar que eu procuro é na bíblia. Talvez você esteja achando engraçado esse fato, mas é a pura verdade. Vou agora de dá um conselho: se você perdeu a paz, a felicidade a salvação, a harmonia consigo mesmo; procure na bíblia que você encontra. Caso você perdeu o sentido da vida, perdeu o sentido da comunhão matrimonial e familiar, perdeu o sentido da vida consagrada e religiosa é só procurar na bíblia que você encontra. Veja quanto tempo perdemos, procurando coisas que nos são importantes em lugares errado. Mês de setembro é hora de revermos nosso amor e zelo pela palavra de Deus. Todos os milagres e curas que encontramos ao longo da sagrada escritura têm uma lógica: foram pessoas que ouviram, entenderam e atenderam ao apelo que a palavra de Deus os faziam. Há tantas formas de começar uma boa leitura orante da palavra de Deus, entre elas está a liturgia diária! É o alimento cotidiano que a mãe igreja coloca na mesa, para que os filhos possam se alimentar da verdade que conduz a eternidade! Vitório Evangelista Chaves.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Quem são os santos e o que eles fazem

Comentário do Pe. Cantalamessa à liturgia da Solenidade de Todos os Santos ROMA, quarta-feira, 31 de outubro de 2007 Solenidade de Todos os Santos Apocalipse 7, 2-4. 9-14; João 3, 1-3; Mateus 5, 1-12a
Quem são os santos Faz tempo que os cientistas enviam sinais ao cosmos em espera de respostas por parte de seres inteligentes em algum planeta perdido. A Igreja desde sempre mantém um diálogo com os habitantes de outro mundo, os santos. É o que proclamamos ao dizer: «Creio na comunhão dos santos». Ainda que existissem habitantes fora do sistema solar, a comunicação com eles seria impossível, porque entre a pergunta e a resposta passariam milhões de anos. Aqui, ao contrário, a resposta é imediata, porque existe um centro de comunicação e de encontro comum que é Cristo Ressuscitado. Talvez também pelo momento do ano em que cai, a Solenidade de Todos os Santos tem algo especial que explica sua popularidade e as numerosas tradições ligadas a ela em alguns setores da cristandade. O motivo está no que diz João na segunda leitura. Nesta vida, «somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que seremos»; somos como o embrião no seio da mãe que anseia nascer. Os santos «nasceram» (a liturgia chama «dia do nascimento», dies natalis, no dia de sua morte); contemplá-los é contemplar nosso destino. Enquanto ao nosso redor a natureza se desnuda e caem as folhas, a festa de todos os santos nos convida a olhar para o alto; e nos recorda que não estamos destinados a ficar na terra para sempre, como as folhas. A passagem do Evangelho é a das bem-aventuranças. Uma em particular inspirou a escolha da passagem: «Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados». Os santos são aqueles que tiveram fome e sede de justiça, isto é, na linguagem bíblica, de santidade. Não se resignaram à mediocridade, não se contentaram com meias palavras. A primeira leitura da Solenidade nos ajuda a entender quem são os santos. São «os que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro». A santidade se recebe de Cristo; não é uma produção própria. No Antigo Testamento, ser santos queria dizer «estar separados» de tudo o que é impuro; na acepção cristã, quer dizer o contrário, ou seja, «estar unidos», mas a Cristo. Os santos, isto é, os salvos, não são só os que o calendário ou o santoral enumeram. Existem os «santos desconhecidos»: que arriscaram suas vidas pelos irmãos, os mártires da justiça e da liberdade, ou do dever, os «santos leigos», como alguém os chamou. Sem saber, também suas vestes foram lavadas no sangue do Cordeiro, se viveram segundo a consciência e lhes importou o bem dos irmãos. Surge espontaneamente uma pergunta: o que os santos fazem no paraíso? A resposta está, também aqui, na primeira leitura: os salvos adoram, deixam suas coroas ante o trono, exclamando: «Louvor, honra, bênção, ação de graças…». Realiza-se neles a verdadeira vocação humana, que é a de ser «louvor da glória de Deus» (Ef 1, 14). Seu coro é guiado por Maria, que no céu continua seu canto de louvor: «Minha alma proclama a grandeza do Senhor». É neste louvor que os santos encontram sua bem-aventurança e seu gozo: «Meu espírito se alegra em Deus». O homem é aquilo que ama e aquilo que admira. Amando e louvando a Deus, ele se une Deus, participa de sua glória e de sua própria felicidade. Um dia, um santo, São Simeão, o Novo Teólogo, teve uma experiência mística de Deus tão forte que exclamou para si: «Se o paraíso não for mais que isso, já me basta!». Mas a voz de Cristo lhe disse: «És bem mesquinho se te contentas com isso. “O gozo que experimentaste em comparação com o do paraíso é como um céu pintado no papel com relação ao verdadeiro