segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sem cera

Por puro capricho de Deus, depois que me divorciei em Janeiro de 2000, tem acontecido algo de extraordinário no meu ministério de oração. Tenho atendido tanto homens como mulheres que vem de relacionamentos sofridos, cuja, feridas estão tão vivas que parecem não ter remédios para cicatrizá-las. Outras vezes aparecem casais que já estão separados, ambos manifestam o desejo de reconciliação, entretanto no ato da separação usaram armas tão letais contra o outro, que causaram terríveis feridas no amor. Nesse caso o casal se distancia tanto, que a volta é como caminhar num labirinto, damos volta em torno de nós mesmo e não achamos saída para entrar no coração do outro. Se eu pudesse promulgaria uma lei para reger os relacionamentos: “É proibido fazer o outro sofrer”. Hum! Que lei mais boba, boba sim, porque já tem uma perfeita, só que os casais insistem em não cumpri-la. “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo”. (Jo 15,12 ) Então o que eu diria para os casais? Tanto para os que estão a caminho do matrimônio, como os que já estão em matrimônio. “É proibido abortar o sonho do outro”. Nesse caso ambos precisam ser sinceros. A palavra “sincero” vem de “sem cera”. Cera que era usada na antiguidade para fazer máscara. É atrás da máscara que a realidade se esconde, para dar lugar a fantasia. Então para um relacionamento ser frutuoso, antes é preciso que homem e mulher apresentem-se um ao outro sem cera, pois o sonho do outro é sagrado e merece respeito. Afinal, porque estou escrevendo isso? Lá venho eu fazendo pra mim mesmo, perguntas quase sem respostas. Tem hora que da vontade de rir de mim mesmo. Meus pensamentos ficam questionando meus pensamentos a procura de resposta. Eu sempre faço como os bovinos! Calma que eu explico. O boi pasta o dia inteiro, durante a noite rumina o alimento ingerido, ele regurgita para a boca o capim e o mastiga novamente. Durante um dia de atendimento de oração, eu escuto várias histórias, que em um determinado momento, as regurgito de volta a memória para mastigá-las. Às vezes sou surpreendido com perguntas que me obrigam a tomar decisões rápidas para responder. Sabe aquela resposta que você tem que dar, quase que em fração de segundo, sem ter o direito de errar? Pois é, sem ter o direito de errar, porque o erro compromete a vida da pessoa que te pergunta. Dependendo de sua resposta, você ressuscita o monstro, ou desperta o anjo na vida da pessoa. Um dia atendi uma senhora de meia idade, ela chama-se “Carência”, ela era casada com um senhor um pouco mais velho. “Carinhoso” é o nome dele. “Carência me contou sua história, para fazer uma pergunta: “Depois de mais de vinte anos de casado, meu marido resolveu sair de casa, envolveu-se com outra mulher, que por sinal era nossa vizinha, chamava-se “Paixão”, era bem mais nova que eu, porém falavam por aqui que ela tinha uma doença grave. Dizendo-se apaixonado por ela, foram morar juntos. Mudou-se para uma cidade distante, Ilusolândia. Nunca vi essa cidade no mapa. Depois de três anos, a doença de “Paixão” agravou e ela veio a óbito. Com seis meses de viuvez, ele começou um romance com uma tal “Soledade”, que morava na mesma cidade. Segundo ele, o Romance foi curto, pois “Soledade era muito deprimida. Quando eu menos esperava, “Carinhoso” me ligou dizendo que queria voltar para casa. pois “Saudade”, nossa filha caçula, tinha convencido ele, que o lugar dele era do meu lado e do lado dos filhos. Então eu disse: pode voltar. Três meses se passaram e ele não voltou e não ligou mais. Num domingo de madrugada o telefone quebra o silêncio da noite. Era ele me fazendo um pedido: “você podia vir aqui em Ilusolândia me buscar pra casa, porque estou com vergonha de voltar e encarar você e meus filhos, depois do que eu aprontei. Ela então me disse: antes de ira buscá-lo, quero te pedir uma opinião, o senhor acha que devo ir buscar meu marido? Eu respondi em alta voz e bom tom: nesse caso não! Já esperando a réplica da pergunta, escutei: “Mas o Pai amoroso não foi ao encontro do filho pródigo”? Pergunta que parece de difícil resposta no caso de “Carência”, entretanto e muito simples. No caso do filho pródigo, houve o reconhecimento do erro e um pedido formal de perdão, sinalizando que o filho encontrava-se em sincero arrependimento. Ele voltava, não só porque tinha perdido tudo, mas porque a generosidade do pai para com os empregados já lhe projetava a volta com retorno satisfatório. No caso do marido dessa senhora, não houve arrependimento, quando muito ele teve remorso. O remorso não macera o coração na humildade, mas o faz inchar de orgulho. O orgulho deixa sempre a pessoa sujeita a repetir o mesmo erro. Quanto os conflitos aparecerem, porque conflitos aparecem onde humanos se relacionam. O orgulhoso não sabe administrar, ele tem sempre uma válvula de escape. “Eu não pedi pra voltar, foi você que foi me buscar”. Pior que foi mesmo. “Você me aceitou de volta, porque quis.” Pior que foi! Pois não houve arrependimento, nem pedido de perdão. Pois bem, uma pergunta me pôs a marretar minha cabeça, como malhar o ferro na bigorna, Quais os sinais de um arrependimento sincero? Sinais que não precisam de palavras para explicar, que são como sementes que caem à margem do caminho da volta, que com certeza há de florir para embelezar o jardim da vida a dois. O primeiro sinal de quem se arrependeu e quer voltar e o gesto de arrumar as malas. Ai surge outra pergunta: arrumar as malas com que, sendo que quem saiu sempre acaba perdendo tudo que levou? Quem saiu tem a impressão que levou tudo, quem é deixado fica com a sensação de quem tudo perdeu. Mas acontece que quem saiu não leva nada, as malas estão vazias, se levasse alguma coisa nunca sentiria a necessidade da reconciliação. Deve-se, arrumar as malas com aquilo que você deixou quanto partiu. Não pode esquecer-se de colocar na mala o amor que você recusou a receber, o carinho que você desprezou, não pode faltar o sonho que você abortou, pois o mesmo é um ótimo remédio para cicatrizar a ferida que você fez e ainda apagar as marcas da machucadura. Quando voltar ao antigo lar, ao antigo não, ao primeiro, não hesite em usar sua mesma chave para abrir a porta, porque quem sempre amou de verdade nunca muda a fechadura. A pessoa sempre vai está disposta a te receber, mesmo que não esteja decidida a deixar você permanecer. Só não seja afoito para entrar, abra bem a porta, deixa a luz entrar antes, para que as realidades encontradas fiquem bem entendidas por você. Não se esquive dos detalhes, perceba que nada mudou desde sua partida, a não ser sua imagem que começou a desbotar nas paredes do coração do outro e que cabe a você retocar com a tinta do amor. Esse desbotamento é quase que normal, pois são causados pela distancia e o tempo. Distancia e tempo que não é geográfica nem cronológica, mas afetiva. É fundamental que eu entenda uma realidade, embora difícil de se admitir, porém, verdadeira, eu sim mudei. Abandonei um ambiente que jorrava amor, para cavar cisterna em terreno árido. Digo isso porque sempre achamos que o outro tem de mudar para atender as exigências nossa. Prepara-te para dar uma resposta, porque essa pergunta não vai faltar: “por onde você andou”? Responda tudo, não esqueça nada, nenhum detalhe, não deixe margem para o mistério, pois ele é inimigo da confiança. Hei, espere, tenha calma, respire fundo, pense no que você vai falar! O outro não quer saber de suas paixões vividas de suas loucuras de “amor”. Isso não revela um coração arrependido, mas um aventureiro de ocasião. Lembrei de um trecho de uma música de Roberto Carlos, onde ele tem que dar essa mesma resposta, veja bem como ele conta com detalhes por onde andou, quando se ausentou do amor. “onde andei não deu para ficar, porque aqui, aqui é meu lugar, eu voltei pras coisas que eu deixei, eu voltei”! Isso é tudo que o outro quer ouvir, pois demonstra que nas paixões onde seu coração singrou, não encontrou porto seguro para se atracar. É amigo! O caminho de volta e duro, tão diferente da estrada larga de retas intermináveis de quando se sai. Não se apavore, não desanime, apesar de serem passos dados no chão da indecisão. Porque você não sabe se o outro ainda mora no paraíso que você abandonou. O caminho é duro, porque é real, não está pavimentado com ilusões. Todavia, você há de convir comigo em uma coisa, todo caminho que nos leva a um paraíso paradisíaco, nunca acaba numa via pavimentada, tem sempre aquela entrada que não da mais pra ir de carro. É uma trilha cheia de obstáculos, que desemboca num lugar que é quase um céu. Só não digo que é o céu, porque tem míninos detalhes para serem ajustados. Que ajustes são esses? Tenho vontade de rir com essa pergunta, não, não é nada pessoal. É porque me lembrei de outra história, um amigo me surpreendeu dizendo: “Vitório, reze por mim, pois sai de casa, acabou meu casamento e estou saindo com coração ferido”. Seis meses depois ele me ligou dizendo: “Vitório reze por mim, voltei pra casa, optei por restaura a velha estrada do que abrir um caminho novo, confesso que estou me sentindo um pássaro fora do ninho em minha casa”. Eu respondi pra ele: “Você voltou não porque saiu com coração ferido, mas retornou porque feriu seu coração nos lugares por onde andou. Tenha paciência o amor cura todas as feridas, ainda bem que você encontrou o paraíso que abandonastes e o amor de braços abertos a te acolher”. Deu pra entender o que é arrependimento? As atitudes têm que demonstrar para o outro que houve mudança, que você é o príncipe, ou princesa com que o outro sonhou. Não o sapo e a sapa do pesadelo do outro.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

DEPONDO AS ARMAS

Há mais de 30 anos atrás eu tive um vizinho assassinado numa circunstancia pouco comum. Ele embrenhou pelo mundo da marginalidade, saiu do bairro onde morava e foi residir na favela Morro do Papagaio, reduto de muita fama e violência na época. Na guerra de bandidos para ver quem dominava o Morro, ele matou um bandido muito famoso na época, que tinha apelido de diabo loiro. Então fama do Milton aumentou mais ainda, ficou respeitado no morro, comprou uma pistola 9 mm que era o top das armas na época é começou a falar em bom tom que o próximo seria o pelezinho, bandido mais temido da favela, que tinha fama de justiceiro. Pelezinho ficou sabendo e mandou um comparsa dele se aproximar do Milton de fazer amizade. Entre um papo e outro o Milton disse que tinha comprado uma pistola Alemã 9 mm, fingindo-se curioso o comparsa de Pelezinho pediu pra ver a arma, quando o Milton colocou a arma na mão dele, o cara disparou 9 tiros contra ele, Milton morreu com a arma que ele tinha comprado pra se defender. Talvez vocês estejam questionando, o que tem esse fato, com nosso encontro de cura? Eu digo tem tudo haver, pois vou falar agora justamente sobre as armas que prendemos em nossas mãos, para nos defender e nos tornamos vítimas delas. Vamos acompanhar atentamente a narrativa do possesso de Genesaré (Mc 5,1-20) “Passaram à outra margem do lago, ao território dos gerasenos. Assim que saíram da barca, um homem possesso do espírito imundo saiu do cemitério, onde tinha seu refúgio e veio-lhe ao encontro. Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros, pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar”. (V 1-4) Na narrativa da ressurreição da filha de Jairo e da mulher do fluxo de sangue, nós percebemos que eles não hesitaram e romper e desobedecer a Lei, porque ela era incapaz de responder ao anseio que ambos traziam. Agora estamos em Genesaré, território pagão, onde o homem possesso não hesita em romper com o sistema vigente, para ir correndo ao encontro de Jesus. O sistema era inoperante, não conseguia a libertação daquele homem e porque não conseguia o excluiu, considerando-o um homem morto. Veja que ele tinha seu refúgio (casa) no cemitério. Quem mora no cemitério é defunto, não tem vida. Mais uma vez o evangelho nos coloca diante de dois pontos antagônico, onde temos que decidir. Optamos por ficar em um sistema incapaz de gerar vida em nós, ou corremos na direção do Senhor Jesus. O que mais temos hoje em dia são filosofias religiosas prometendo resolver o drama do sofrimento humano, preencher o vazio existencial do coração do homem. Todo dia aparece uma nova seita, dizendo-se portadora de uma noticia nova, que num passe mágico vai resolver o drama do homem. Contra esses, Paulo escreve: “De fato, não há dois (evangelhos): há apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu - vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema”. (Gal 1,7-8) Por outro lado o possesso de Genesaré, apesar de excluído pela sociedade se considerava um homem livre. Ele se achava acima da lei que regia seu território. Vejam só o que diz o texto: “Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros, pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar” Nada prendia esse homem, ninguém, nem instrumento algum eram capazes de subjugar. Podemos chamá-lo de Rambo de Genesaré. Herói do exercito Americano interpretado por Stallone. Johon Rambo como era conhecido, derrotava sozinho um exército inteiro, com sua força e habilidade em lidar com diversos armamentos. Entretanto em sua serie de filmes, depois de sangrentas batalhas vencidas por ele, sempre acabava em um lugar solitário e com várias feridas pelo corpo, Rambo era vítima de sua própria ousadia. Vejamos o que o texto de Marcos fala sobre o possesso: Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras (Mc 5,5) Ninguém feria esse homem, nem mesmo o sistema que por incompetência o exclui, mas não o feriar, ele era vítima de se mesmo. Feria-se com as pedras que lhe serviam de armas para sua defesa. Certa vez eu atendia um casal que estavam praticamente separados, eles vieram me procurar pedindo ajuda para ver se salvava o casamento. Quando dei a palavra para a esposa, ela começou a disparar acusações contra o marido em tom de muita ira. Ele então a interceptou, dizendo: “Não da pra conversar, pois você já vem armada para o diálogo”. Ela respondeu: “Claro que venho armada, já fui muito ferida por você”. Eu então entrei no meio e disse para ela, você não foi ferida, você está ferida e se ferindo ainda mais. A esposa concordou dizendo assim: “Sim, estou mesmo e ele está me ferindo”. Eu repliquei, Ele não te feriu nem está te ferindo, você está se ferindo com as armas que você trouxe para o diálogo. Nós estamos em um diálogo não em um campo de batalha, se você não depuser as armas, vai se ferir mais ainda, ao ponto de ser impossível a cura. Nós temos a tendência de ficar olhando para a mão do outro, tentando ver o aguilhão que nos fere, esquecendo de olhar para o deposito de armas e armas letais que estão no depósito de nosso coração, hora usamos uma, hora usamos outra, mas é sempre arma. Vejam que ironia, o deposito de armas da quarta companhia do exercito em Belo Horizonte explodiu há alguns anos atrás, matando dois soldados que faziam a guarda do local. É sempre assim, quando nosso depósito de armas e munições explode, nos que o guardamos somos os primeiros a sermos atingidos. Quando falo de armas, falo de sentimentos pobres, completamente desprovidos de valores, portanto incapazes de nos motivarem para a vitória. Falo de ódio, mágoa, ressentimento, rancor. Paulo escrevendo aos efésios diz: Mesmo em cólera não pequeis. Não se ponha o sol sobre vosso ressentimento. Não deis lugar ao demônio (Ef 4,26-27) encolerizar muitas vezes, ou quase sempre independe de nós, agora o que fazer com nossa cólera depende de nós, por isso Paulo diz, “mesmo em cólera não pequeis”. Por isso podemos usar a cólera como trampolino para alçar voou e vencer os contratempos, em vez de amarrá-la como enorme pedra aos pés e afundar-se no mar. Não se ponha o sol sobre vosso ressentimento, significa que de um dia para o outro podemos dormir sem dar nosso perdão. Quem dorme ressentido com o outro, dá lugar ao demônio no canto da cama. Além das armas temos que prestar atenção com as munições que as carregamos. O complexo de solidão, angústia, ansiedade, sentimento de inferioridade e rejeição, carência de afeto e outros. Entenderam agora, porque quando Jesus pergunta o nome do demônio e responde: “Legião é o meu nome, porque somos muito” (Mc 5,9) Voltando ao personagem Johon Rambo, sempre que acaba um filme ele deixa a entender que outras batalhas viram, porque armas alimentam guerras. Com esse arsenal de sentimentos negativos dentro de nós, estamos sempre alimentando guerras, o pior é que quando acaba uma batalha, como Johon Rambo sempre terminamos solitários e com muitas feridas no coração. Meu irmão chega de bombardear seu próprio coração, é hora de depor armas é hora de render-se totalmente ao senhor Jesus, como fez o homem de Genesaré. Deixa Jesus precipitar essa legião de armas no fundo do mar e ainda colocar uma placa no local com os seguintes dizeres: “é proibido pescar”. É agora a hora de acenar a bandeira branca da paz, cantando assim: “Bandeira branca, amor não posso mais, pela saudade que me invade eu peço paz”. Saudade de ser Feliz, peçamos ao Espírito Santo a graça de depor nossas armas, de soltar a pedras que nos ferem.

O CAMINHO DA CURA

Como já dizia o poeta espanhol, Antônio Machado: “Não há caminho, o caminho se faz caminhando”. Por isso nosso primeiro tema nesse workshop de cura e libertação tem como tema “o caminho para a cura”. Espero que tenhamos paciência e perseverança para caminharmos na passada de Jesus, que é uma passada eficiente, eficaz, mas nem sempre na velocidade que nossa ansiedade determina, e sim na velocidade que suportamos. No caminho para a cura temos que ficar atentos as placas indicativas que o Senhor Jesus coloca ao longo do trajeto, não podemos vacilar, se isso acontecer abortamos o homem novo, a mulher nova que está sendo gestada em nós. Jesus ao retornar do território de Genesaré, onde havia libertado o homem possesso pela legião de demônios, é surpreendido por uma multidão que o esperava na praia. Mas a grande surpresa ficou por conta de Jairo, chefe da sinagoga. “Um dos chefes da sinagoga chamado Jairo, se apresentou e, à sua vista, lançou-se a seus pés e rogando-lhe com insistência: Minha filha está nas últimas. Vem impõe-lhe as mãos para que se salve e viva. Jesus foi com ele e grande multidão o seguia comprimindo-o” (Mc 5,22-25) A primeira situação que temos que observar é que diante da gravidade do fato, Jairo procura primeiro por Jesus. Ele não era seguidor de Jesus, era fariseus, seguidor da Lei. Só que Jairo chega a compreensão que a Lei que ele observava de maneira irrepreensível, tornará incapaz de resolver a grave situação em que se encontrava sua filha. Muitas vezes quando a situação acontece conosco, Jesus é a última pessoa que procuramos, quando procuramos. Primeiro vamos aos meios científicos da área da saúde, recorremos ao melhores médicos e medicamentos quanto isso é possível. Não estou aqui dizendo que procurar o médico e usar medicamentos seja errado. Só estou dizendo que a ciência e limitada. Veja aqui na mesma leitura o caso da mulher com fluxo de sangue: “Sofrera muito nas mãos de vários médicos, gastando tudo o que possuía, sem achar nenhum alívio, pelo contrário, só piorava cada vez mais”. (Mc 5,26) A caminho do médico devo recorrer primeiro a Deus. Outro ponto importante a ser observado e a primeira frase do verso vinte e cinco, “Jesus foi com ele”. Deus caminha conosco, seja qual for o caminho a ser percorrido, mesmo que estejamos entrincheirados pelo fogo do inimigo, Deus não nos abandona. Lembro de uma cena do filme Forest Gump, o contador de história. Quando ele se alistou no Exército Americano e foi lutar na guerra do Vietnam. O pelotão em que ele estava com seu amigo, soldado Buba, foi surpreendido por uma emboscada dos Vietcongues, diante do fogo inimigo o comandante do pelotão pediu que todos corressem. Forest, obediente a voz de comando partiu em disparada, quando estava em local seguro, percebeu que o Buba não o tinha acompanhado. Decidiu voltar para encontrar o companheiro, quando os outros soldados interferiram dizem pra ele não ir, ele respondeu: “Não sou de abandonar companheiro na guerra”. Jesus não te abandona na guerra contra a enfermidade, ou qualquer sofrimento. “Ainda que eu atravesse o vale escuro da morte, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso báculo são meu amparo. Precisamos fazer também a leitura do que se passava no coração de Jairo. “Jesus foi com ele e grande multidão seguia comprimindo-o”, ou seja, Jesus tinha dificuldade de caminhar, deslocava muito lentamente. Pra você entender a situação de Jairo é preciso que você fique na pele dele. Imagine-se dentro de um carro, com o filho em estado grave, indo para o hospital as 18 horas, na avenida Cristiano Machado, em Belo Horizonte, com o trânsito todo parado e vc num velocidade média de 7 Km por hora, naquele arranca e para. Jairo queria pressa, mas o momento era de lentidão. Temos que aprender caminhar nos passos do Mestre, Não adianta você chegar a sua casa sem Jesus, pois a graça só acontece quando ele entra em nossa morada. No meio do caminho, sempre aparece o tentador de plantão. Jairo já agoniado com a situação da filha e a lentidão de Jesus; encontra com mensageiros vindos de sua casa com a notícia: “Tua filha morreu. Porque ainda incomodas o Mestre”? (Mc 5,35) Tua filha morreu. Tem notícia pior que essa para um pai, ou uma mãe ouvir gente? Claro que tem. Porque ainda incomodas o Mestre? Essa pergunta que eles fizeram, foi um tiro de fuzil AR 47 na fé de Jairo. A filha já tinha morrido, agora queriam assassinar a fé dele. A morte chega não é quando a doença não tem cura, mas quando a fé é assassinada. Por esse motivo no caminho de cura Jesus nos estimula a todo tempo dizendo: “Não temas, crer somente” (Mc 5,36) Tirando o foco de Jairo, vamos agora olhar para a mulher que há 12 anos vinha sofrendo com uma hemorragia. “Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe no manto.. Dizia ela consigo: Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada. Ora, no mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue, e ela teve a sensação de estar curada”. (Mc 5,27-29) Essa mulher sofria de hemorragia há 12 anos, estava enfraquecida, anêmica, falida emocionalmente e também financeiramente, pois tinha gastado tudo que possuía. Como já vimos. Esses eram apenas obstáculos internos, agora vamos listar os externos. Uma grande multidão de acotovelando para poder tocar em Jesus, devia ser dia de sol escaldante e ainda tinha a Lei de Moises que proibia ela de está ali, pois no período menstrual a mulher era considerada impura, proibida de sair de casa e de encostar-se a qualquer pessoa que fosse, caso infligisse a lei, era penalizada com a morte (cf Lv 19,25-31) Onde essa mulher encontrou motivo para vencer tudo isso até chegar próxima de Jesus ao ponto de tocar na orla de seu manto? Lembrem-se, ela teve que fazer um caminho, caminho esse cheio de obstáculo, que sem motivo ninguém faria. Voltando ao início do verso 27 encontramos a seguinte frase: “Tendo ela ouvido falar de Jesus”. É quando ela escuta a boa nova do Evangelho que ela inicia o seu caminho de cura. Ela estava distante, sofrendo, vendo ir embora seu dinheiro e patrimônio e a situação da doença só piorando. Foi nessa circunstancia desfavorável que ela ouviu falar de Jesus e decidiu fazer o caminho de aproximação. A cada obstáculo vencido era uma etapa de sua cura. Muitas pessoas hoje em dia, querem ser curadas de seus diversos males, mas não querem fazer o caminho de conversão, de mudança de vida, de rompimento com o pecado. Por esse motivo a gente ver tanta gente passando pelos atalhos. (os Apóstolos, Valdomiro da vida e os Edir Macedo da vida) Esses dias, eu passei na porta de um comercio, onde funcionava uma dessas “igrejas” O pastor pedia para as pessoas irem para a fila, onde uma determinada pastora ia da a unção da beleza, onde os bonitos iam ficar mais bonitos e os feios iam ficar bonitos, a fila já estava do lado de fora da igreja. São pessoas que querem passar por atalhos e não se comprometerem com a verdade do Evangelho. Há 26 anos atrás, quando pela primeira vez eu pisei em um grupo de oração, ao sair a coordenadora me disse: “Deus está iniciando hoje uma obra em sua vida”. Ela não disse que Deus tinha feito, mas que estava iniciando uma obra. A cada dia que vou rompendo os obstáculos e me aproximando de Jesus, vou sendo curado. A obra só termina quando eu morrer, mas enquanto estiver nesse mundo, sobre a tenda da carne, eu necessito de ser curado. Infelizmente tem pessoas que se acomodam, deixar de seguir Jesus, ou seja, abandonam o caminho e vive do chamado “bico espiritual”, vai numa missa de cura aqui, outra ali, quando tem um pregador famoso na cidade, ou no grupo de oração ela aparece, está sempre pedindo oração por telefone, ou coisa parecida, mas nada de fazer o caminho de conversão. Um dia recebi o telefonema de uma pessoa me convidando para almoçar na casa dela em um domingo, eu disse: “vou sim”. Ela então emendou: “ai você aproveita e reza pra meu filho fulano, pra minha filha beltrana, para minha nora, para meu genro e também para meu marido que não gosta de ir à missa. Eu respondi agora o difícil vai ser encontrar um domingo vago em minha agenda, pois estou sempre pregando encontro nos finais de semana. Se você quiser pode trazê-los aqui na Comunidade Reviver que eu rezo com eles. Vamos pedir a Jesus, que restaure nossa fé, para que tenhamos a paciência de Jairo e a fé da mulher do fluxo de sangue, para fazer o caminho de cura.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Eliminado fantasma

Ontem eu tive a graça de ir a Comunidade Terapêutica Nossa senhora da Divina Providência, lugar que pertence a Comunidade Católica Reviver, onde o trabalho e direcionado a recuperação da dependência química. Enquanto os profissionais de serviço social e psicologia atendiam os residentes, eu resolvi usufruir da academia. Enquanto corria na esteira, isso mesmo corria, porque alguém pode duvidar que seja capaz disso. Meu pensamento divagava pelos mais de 15 anos de trabalho, que ali é realizado. Eu agradecia a Deus pelo progresso da comunidade terapêutica. Como melhoramos nossa infraestrutura física e também aprimoramos nosso programa terapêutico. Sendo assim, não teve como deixar de fluir na memória a desculpa de um residente dos primórdios da comunidade terapêutica, para não concluir o tratamento. “Vou embora, porque isso aqui não é o céu que eu esperava que fosse”. Confesso que fiquei frustrado porque não consegui convencê-lo a mudar de idéia e continuar o tratamento, a pior sensação foi à interpretação que eu dei ao que ele falou. Pensei comigo: “Estar mergulhado nas drogas, correndo todo tipo de risco, o faz mais feliz do que está aqui tratando da dependência”. Pois é amigo! Depois de tantos anos passados, nem sei mais por onde você anda, se encontrou, ou não o céu que você concebera no coração, mas aqui me encontro, não para convencê-lo a tratar, mas para colocar fim a essa frustração que há anos tornou-se meu hospede indesejável. Pois bem, meu caro amigo. O céu, ou o inferno, nós não encontramos, nós os construímos. A comunidade terapêutica não era o céu que você sonhou, porque o céu sonhado por ti se quer chegou a ser um projeto, portanto não foi construído. Agora eu entendo porque ali se tornou um lugar insuportável para você. Muitas vezes nós estamos à procura de um refúgio, de um lugar seguro, onde os fantasmas que nos amedrontam sejam incapazes de nos encontrar. Só que fantasma é fantasma, ele sempre da um jeito de entrar em nossa mala. Alias na hora de escolher o que vamos levar para nosso refúgio, nunca deixamos os fantasmas de fora. Costumamos deixar coisas essenciais para trás, mas o fantasminha camarada sempre se dá um jeito de levá-lo. Com o fantasminha fustigando o coração, não tem lugar sossegado pra você curtir o nascer e o por do sol. Sabe que lembrei agora? Da música Casinha Branca, composta por Gilson. Na letra o autor reclama que tem andado sozinho, que nada lhe dava prazer, sentia a felicidade cada vez mais distante, vendo em sua mocidade tanto sonho perecer. Talvez a parte que mais nos lembramos da música seja o refrão, porque ele é o sonho de consumo de toda pessoa. “Eu queria ter na vida simplesmente Um lugar de mato verde Pra plantar e pra colher Ter uma casinha branca de varanda Um quintal e uma janela Para ver o sol nascer”. Todo mundo quer ter sua “Casinha Branca”. Mas ela parece tão distante, a gente sabe que ela existe, entretanto parece está num lugar inatingível. Que bobagem! Todos nós temos essa casinha branca é ela está num lugar bem acessível, todavia, precisamos está sóbrio para tê-la e fazer com que ela permaneça conosco. Sabe, eu fico buzina da vida com o marinheiro Popeye, ele tem sua “casinha branca”. Tem um navio, ter navio sugere que ele tenha dinheiro, tem uma namorada, Olivia Palito, apaixonada por ele, se bem que ela não é tão bonita, mas ele também não é nenhum ícone de beleza, pelo contrário. Popeye tem a felicidade em suas mãos. O problema e quando aparece o grande conflito: o “Brutos”. Brutos bate nele, toma-lhe o Navio, dinheiro e namorada, o marinheiro não esboça nenhuma reação. Vai pro seu canto choramingar. A reação dele começa quando alimenta-se de sua porção mágica o “espinafre”. Todos nós podemos enfrentar os nossos fantasmas, enfrentá-los de cara limpa e vencê-los, mas a tentação do “espinafre parece ser mais forte. Outro dia vi dois adolescentes brigando na porta de uma escola, um deles o mais franzino. Logo se armou com uma pedra. O outro de punhos serrados e fazendo pose de boxeador dizia: “você não confia em sua mão não? Joga essa pedra fora e vem me encarar no braço”. É isso mesmo, precisamos jogar a pedra fora, ou o espinafre como queira. Faz-se necessário confiar em nosso braço pra derrotar os fantasmas que nos atormenta. Com a pedra na mão, temos a sensação de força e liberdade, mas a verdade é que ela nos neutraliza. Quem tem a pedra na mão sempre pensa: “e se eu jogar e errar o fantasma”? Temos como exemplo o possesso de Gerasa Ele se imaginava um homem livre, porque o sistema não conseguia subjugá-lo, ele arrebentava todas as algemas e correntes com que o prendiam. (cf Mc 5,3-4) Entretanto o Evangelho afirma: Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando, e ferindo-se com pedras (Mc 5,5) Veja ninguém o feria, mas ele era algoz de se mesmo. O que nos fere está preso em nossas mãos. A verdade é que eu quero agradecer a esse amigo, que para lhe tirar do anonimato Vou Chamá-lo de Teófilo que significa amigo de Deus. Com você Teófilo eu estou aprendendo muito. Eu sempre quis achar o “meu céu”. Agora eu estou aprendendo a construí-lo, graças a Deus! Quem tem medo de enfrentar seus fantasmas, nunca vai encontrar sua “Casinha branca”!