quinta-feira, 13 de junho de 2013

FÉ FUNDAMENTADA NA FORMAÇÃO

Apresentação do Pregador - Eu milito na RCC desde… Sem dúvida foi a mais bela experiência de minha vida, por isso guardo detalhes desse dia. Rogo a Deus para que esse congresso da RCCBH seja também um marco na vida de todos nós que estamos aqui. Lembrar o tema do congresso – Está e a vitória que vence o mundo: a nossa fé (1Jo 5,4b) Poderíamos dizer que está é a palavra Rhema (Palavra inspirada que norteia a caminhada da RCC no Brasil nesse ano de 2013. E não podia ser diferente, pois entre tantos outros bens, sem dúvida o ano da fé foi o grande legado deixado para a Igreja, do frutuoso pontificado do Papa Bento XVI. Meu amigo Cristiano Costa, presidente do Conselho da RCC MG, falou para nós sobre a Fé como condição para a salvação, o catecismo nos ensina que “É necessário, para obter a Salvação, crer em Jesus Cristo e naquele que o enviou para nossa salvação. Como, porém sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11,6) e chegar ao consórcio dos seus filhos, ninguém jamais pode ser justificado sem ela, nem mesmo conseguir a vida eterna, se nela não permanecer até o fim (Cts 161). Nesse ano da fé, Deus nos proporciona por meio de sua Palavra a graça de ter um encontro pessoal com seu Filho Jesus. Em certa ocasião Jesus subiu a Jerusalém, era na festa das semanas, ou, das tendas como queiramos. Essa festa durava várias semanas, no último dia, o mais importante, Jesus entrou no Templo em alta voz clamava: “Se alguém tem sede venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura: do seu interior manaram rios de água viva”. (Jo 7,38) Jesus, continua hoje a procura do homem sedento de Deus, chamando-o a fé, a acreditar nele para que seu coração seja saciado. Como observamos por esse versículo é o próprio Jesus que nos chama a fé. O tema de minha pregação é: Fé fundamentada pela formação. O tema é ao mesmo tempo o conteúdo dessa pregação, que visa o crescimento e o amadurecimento da fé que recebemos do Senhor. Para que isso aconteça vamos fundamentar nossa pregação na carta de São Paulo aos Efésios 3,14-20. A carta aos Efésios está entre as cartas do cativeiro, ou seja, é uma carta que Paulo escreveu quando estava preso. Daqui nós já podemos tirar uma grande lição. As cartas do cativeiro e incluindo essa aos Efésios, são grandes tesouros que Paulo deixou como herança para a Igreja, cartas de uma riqueza espiritual incomensurável, mas que foram escritas em momentos de muita dor e sofrimento, no auge de sua paixão por Cristo e pela Igreja. Só se consegue extrair tão rico conteúdo no auge de tanta dor, quem tem uma fé, fundamentada em Cristo Jesus, fé pura e ao mesmo tempo amadurecida. Para esse ícone do cristianismo, que é Paulo, podemos citar a célebre frase de Dom Helder Câmara: “Há criaturas como cana, mesmo posta na moenda, esmagada de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura”. Nesta oração, porque não sei se vocês perceberam que é uma oração que Paulo faz no meio da carta. Imaginem Paulo, escrevendo e de repente, põe se de Joelho e começa a escrever essa súplica a Deus. Ele ora não somente para a comunidade de Efésios, mas para toda Igreja e hoje especificamente para a Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de Belo Horizonte; e não é demais falar isso, porque está palavra e o Rhema dessa pregação, portanto, Palavra de Deus inspirada para todos nós que estamos aqui. Ele ora para que sejamos robustecidos do Espírito Santo e Assim Cristo habite em nossos corações pela fé. Hoje vivemos num mundo, onde a tendência é a relativização da fé, tudo e relativo à verdade muda conforme os interesses da sociedade. Homens e mulheres querem servir um deus que aprove os desejos de seu coração e não a um Deus quem tenham que aderir a sua vontade. Na carta apostólica Porta Fidei, onde o Papa Bento XVI proclama o ano da fé, Ele fala que no nosso passado, nossa cultura era influenciada pela fé, por exemplo, cidades e ruas com nomes de santos, eram comuns imagens de nossa Senhora em escola, crucifixo em salas de aulas, repartições públicas etc. O papa continua dizendo que hoje não é mais assim, porque vários setores da sociedade vivem uma crise de fé. Vejam bem: É nesse deserto secularizado que somos chamados a testemunhar nossa fé em Jesus Cristo. Para definir como deve ser nossa experiência de fé, Paulo usa duas palavras muito fortes: “Arraigados e consolidados”. Arraigado e o mesmo que lançar raízes é como uma árvore que lança suas raízes no solo para poder crescer. Em frente à Comunidade Reviver, tem uma árvore muito alta, mas com uma inclinação muito intensa, manifestei minha preocupação com essa árvore a um profissional da área, falei do medo que eu tinha dessa árvore cair em cima dos prédios e causar uma tragédia. Ele me respondeu dizendo que a árvore estava em plena saúde, para eu não preocupar com a altura dela, pois quanto mais alta, mais suas raízes cresciam e se arraigava no solo e a base onde ela estava era sólida, ou seja, o terreno era bom. Portanto uma fé arraigada é uma fé que fixou de maneira consistente no coração do homem e da mulher. É uma fé que radicou no coração do crente e que nada e ninguém poderão tirar. Para que a fé consiga enraizar e o individuo crescer é fundamental que a base seja sólida, assim a fé vai enraizar e consolidar. O que eu estou querendo dizer com isso tudo é que a fé tem que ter como base a experiência de salvação em Cristo Jesus, experiência que se da por um encontro pessoal com ele. Jesus é a rocha sólida, onde fincamos a raiz da fé para que nossa construção seja edificada com segurança. Paulo definiu isso muito bem quando escreveu aos coríntios: “Quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo” (1Cor 3,11) O encontro pessoal com Jesus é a base solida. Sustentado nessa base, o seguimento a Jesus por meio de uma formação permanente é o que garantirá a solidez dessa construção. Quanto se fala em formação e formação permanente na RCC, a setores e lideranças que não aceitam, torce a cara, talvez isso se deva a mal entendido no passado, mas que hoje devem ser superado, porque a solidez e o crescimento do movimento dependem da formação dos lideres, não só na formação de líderes, mas em líderes formadores de formadores. É a ordem que Paulo da para Timóteo, “O que ouviste de mim na presença de muitas testemunhas, confiam a homens fieis, que sejam capazes de instruir a outros”. (2Tm 2,2) Eu tenho uma amiga que me relatou um fato interessante que faz parte da história de sua família. A família dela é arraigada Betim, região metropolitana de BH, Ela me disse: “Meu pai quando chegou à Betim não tinha nada, montou com muito trabalho um pequeno comércio que com trabalho e dedicação se transformou em uma distribuidora de bebidas que cresceu e se estabeleceu, abriu filial em várias cidades de destaque no interior de Minas, em pouquíssimo tempo tornou-se um homem mais rico da cidade. O grande erro de meu pai foi pensar que ele nunca iria morrer, ou que não morreria tão novo como foi, 51 anos. Ele nunca deixou as filhas trabalharem com ele, somos duas, e os dois filhos que trabalhavam com ele, nunca conheceram a administração da empresa, não sabia o funcionamento da mesma, porque ele nunca ensinou. Um ano depois da morte dele, meu irmão que assumiu a empresa, a levou a falência, tivemos que dispor de terrenos e galpões que tínhamos nas cidades espalhadas pelo estado para saldar dívida, depois de 20 anos da morte dele ainda estamos com dívidas e os irmãos não conversam entre si, fica um culpando outros, e outros culpando um, mas o grande erro foi de meu pai que não formou ninguém para fica no seu lugar. Irmãos, isso pode acontecer em nossos grupos de oração, caso nossa metodologia de evangelização não seja a mesma metodologia de Jesus, metodologia essa encarnada por Paulo, a do discipulado, que inclui o seguimento a Jesus e uma formação permanente de seus membros. O discípulo com a mentalidade de formador é um discípulo empreendedor, que tem conhecimento da vontade de Deus. Paulo escrevendo a Timóteo nos revela qual a vontade de Deus: Deus “deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. (1Tm 2,4) Então tendo o conhecimento de Que Deus quer que todos os homens se salvem o que você como coordenador de Grupo de oração, membro de núcleo ou ministério tem que fazer? A resposta é única e lógica, fazer com que todos os homens e mulheres cheguem ao conhecimento da Verdade que é Jesus pelo anúncio do Evangelho. Agora a pergunta é outra, você pode correr com a Palavra de Deus por sua comunidade, paróquia e pela Arquidiocese e levar o evangelho a todos os homens e mulheres que precisam? Claro que não pode, não tem como uma só pessoa atingir tanta gente. Mas em vez de você correr com a Palavra, você pode fazer a Palavra correr. Entretanto, para fazer a Palavra correr você precisa formar corredores. Verdadeiros maratonistas da palavra, que se espalhem por todos os pontos fazendo a palavra correr. Engraçado, que eu conversava com um servo da RCC a respeito da necessidade de formação. Ele é um dos contrários a essa questão de formação. Ele retrucou minha argumentação a respeito de formação dizendo o seguinte: Eu sou contra esse negocio de formação, prefiro agir como Paulo. Ele teve um encontro pessoal com Jesus no caminho de Damasco e depois sem dar satisfação a ninguém começou a pregar e testemunhar o nome de Jesus, Paulo não teve que freqüentar nenhum curso de formação e também não teve nenhum mestre formador. O Próprio Jesus era contrário a essa idéia, quanto ele disse: “Não vos façais chamar de mestres, porque só tende um Mestre, o Cristo”. (Mt 23,10) Será mesmo que Paulo não teve nenhum formador? Claro que essa idéia e falsa. Paulo teve pelo menos quatro formadores em sua caminhada, se assim não fosse, não teria chegado a compreensão do projeto de Deus como ele chegou. O primeiro Formador de Paulo o Mestre Gamaliel, como ele mesmo afirma: “Eu sou Judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas me criei nessa cidade, instrui-me aos pés de Gamaliel em toda observância da lei de nossos pais” (At 22,4) Como ele mesmo afirma Gamaliel foi o responsável por sua formação religiosa, ensinou tudo que ele sabia a respeito da Torá, porque ele dominava muito bem á, a lei de Deus. Em suas cartas Paulo se mostra grande conhecedor da Lei, e dos profetas, isso ele aprendeu na escola de formação do mestre Gamaliel. O segundo formador de Paulo não é identificado, mas pela formação intelectual, sabemos que ele existiu. Paulo é conhecido pelos exegetas como homem de três almas, porque conhecia muito bem a cultura judaica, era judeu de sangue, cidadão romano de direito e profundo conhecedor da cultura grega. Gamaliel o formou na cultura judaica, mas alguém teve que formá-lo na cultura romana e grega. Essa formação Greco romana foi de fundamental importância para que ele não caísse no fundamentalismo judeu e farisaico. O terceiro formador de Paulo o discípulo Ananias. Depois do encontro de Paulo com Jesus na estrada de Damasco. Jesus lhe ordena: “Levanta-te e vai a Damasco e lá te será dito tudo o que deves fazer”. (At 22,10) Chegando a Damasco Ananias se apresenta a Paulo dizendo: “Irmão Paulo recobra a tua vista” (At 22,13) Naquele mesmo instante ele voltou a enxergar. A primeira missão de Ananias foi a de fazer Paulo enxergar, até antes do acontecimento na estrada de Damasco, ele só enxergava a lei como caminho de salvação, no episódio da estrada ele vê Jesus, apesar de sair dali convicto de que Jesus é o caminho de salvação, ele ainda via de maneira confusa, enxergava Jesus e a Lei. O baque da conversão foi tão forte que ele passou a ter visão confusa, não sabia o caminho a seguir, por isso foi levado pelos seus companheiros até a cidade. Depois continuou Ananias, “O Deus de nossos pais te predestinou para que conhecesses a sua vontade, visse o justo” (At 22,14a) a Segunda parte da missão do Formador Ananias foi a de fazer Paulo conhecer a vontade de Deus, sem conhecer o desejo de Deus não tem como servi-lo. E fazer com que ele visse o Justo. O Justo é Jesus! Talvez você me pergunte, mas ele não o tinha visto no caminho? Tinha sim, mas ele estava com a visão confusa, enxergava Jesus misturado com a Lei, agora Ananias amplia a visão dele, isso faz que Paulo considere tudo como perca em comparação ao bem maior: Conhecer Cristo Jesus. Ananias, além de ministrar a Paulo o sacramento do batismo, orando para que ele fique cheio do Espírito Santo, forma em Paulo a consciência missionária, “pois lhe serás, diante de todos os homens, testemunha das coisas que tendes visto e ouvido”. (At 22,15) O quarto formador de Paulo é o maior e mais importante, não para menosprezar os outros, mas porque ele além de ter pessoalmente trabalhado na formação dele, atuou inspirando os outros formadores: O Espírito Santo. Depois da crise inicial que Paulo viveu no início de seu ministério, a Igreja de Jerusalém o envia para Tarso. Paulo vai para casa, era hora de parar, Deus não queria lhe falar mais daquele modo espetacular no caminho de Damasco; era o momento de Paulo se recolher ao silencio, para Deus lhe falar ao coração. Paulo ficou 14 anos em total anonimato, alguns estudiosos afirmam que ele foi para o deserto da Arábia, era chegada à hora do Espírito Santo plasmar no filho ilustre de Beijamim a imagem de Cristo Jesus. Chegou o momento de ele viver o que muitas vezes ele tinha lido na profecia de Oseías, “Atrair-lhe-ei ao deserto e falar-lhe-ei ao coração”. (Os 2,16) A relação de Paulo com o Espírito Santo era tão pessoal e íntima que ele chega a dizer sem nenhuma vanglória o seguinte: “Asseguro-vos irmãos, que o Evangelho pregado por mim não tem nada de humano. Não recebi nem aprendi de homem algum, mas mediante uma revelação de Jesus Cristo” (Gal 1,11-12) O Espírito Santo é que revela a Paulo o evangelho pregado por ele. Paulo encarnou tanto o Evangelho revelado pelo Espírito que ele Chega a chamar de seu o Evangelho, “Aquele que é poderoso para vos confirmar, segundo meu Evangelho”. (Rm16,25) O evangelho era dele. O Espírito Santo não só revelou a ele a Boa Nova, mas indicava a ele onde, não devia e onde ele deveria pregar. “Atravessando a Frígia e a província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de pregar o Evangelho na província da Ásia. Ao chegarem aos confins da Mísia, tencionavam seguir para a Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu. Dpois de haverem atravessado rapidamente a Mísia, desceram a Trôade. De noite Paulo teve uma visão: um macedônio, em pé diante dele, lhe rogava: passa à Macedônia e vem em nosso auxilio. Assim que teve essa visão, procuramos partir para a Macedônia, certos de que Deus nos chama a pregar-lhe o Evangelho” (At 16.6-10) Vamos nos unir a oração de Paulo, a oração da Igreja e pedir a Jesus que venha nos robustecer com nova efusão do Espírito Santo, Que Ele forme em nós essa consciência de discípulos formadores de formadores, para a maior glória de Deus, para o bem da Igreja e para o crescimento da RCC em nossa Arquidiocese!

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