quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Eliminado fantasma

Ontem eu tive a graça de ir a Comunidade Terapêutica Nossa senhora da Divina Providência, lugar que pertence a Comunidade Católica Reviver, onde o trabalho e direcionado a recuperação da dependência química. Enquanto os profissionais de serviço social e psicologia atendiam os residentes, eu resolvi usufruir da academia. Enquanto corria na esteira, isso mesmo corria, porque alguém pode duvidar que seja capaz disso. Meu pensamento divagava pelos mais de 15 anos de trabalho, que ali é realizado. Eu agradecia a Deus pelo progresso da comunidade terapêutica. Como melhoramos nossa infraestrutura física e também aprimoramos nosso programa terapêutico. Sendo assim, não teve como deixar de fluir na memória a desculpa de um residente dos primórdios da comunidade terapêutica, para não concluir o tratamento. “Vou embora, porque isso aqui não é o céu que eu esperava que fosse”. Confesso que fiquei frustrado porque não consegui convencê-lo a mudar de idéia e continuar o tratamento, a pior sensação foi à interpretação que eu dei ao que ele falou. Pensei comigo: “Estar mergulhado nas drogas, correndo todo tipo de risco, o faz mais feliz do que está aqui tratando da dependência”. Pois é amigo! Depois de tantos anos passados, nem sei mais por onde você anda, se encontrou, ou não o céu que você concebera no coração, mas aqui me encontro, não para convencê-lo a tratar, mas para colocar fim a essa frustração que há anos tornou-se meu hospede indesejável. Pois bem, meu caro amigo. O céu, ou o inferno, nós não encontramos, nós os construímos. A comunidade terapêutica não era o céu que você sonhou, porque o céu sonhado por ti se quer chegou a ser um projeto, portanto não foi construído. Agora eu entendo porque ali se tornou um lugar insuportável para você. Muitas vezes nós estamos à procura de um refúgio, de um lugar seguro, onde os fantasmas que nos amedrontam sejam incapazes de nos encontrar. Só que fantasma é fantasma, ele sempre da um jeito de entrar em nossa mala. Alias na hora de escolher o que vamos levar para nosso refúgio, nunca deixamos os fantasmas de fora. Costumamos deixar coisas essenciais para trás, mas o fantasminha camarada sempre se dá um jeito de levá-lo. Com o fantasminha fustigando o coração, não tem lugar sossegado pra você curtir o nascer e o por do sol. Sabe que lembrei agora? Da música Casinha Branca, composta por Gilson. Na letra o autor reclama que tem andado sozinho, que nada lhe dava prazer, sentia a felicidade cada vez mais distante, vendo em sua mocidade tanto sonho perecer. Talvez a parte que mais nos lembramos da música seja o refrão, porque ele é o sonho de consumo de toda pessoa. “Eu queria ter na vida simplesmente Um lugar de mato verde Pra plantar e pra colher Ter uma casinha branca de varanda Um quintal e uma janela Para ver o sol nascer”. Todo mundo quer ter sua “Casinha Branca”. Mas ela parece tão distante, a gente sabe que ela existe, entretanto parece está num lugar inatingível. Que bobagem! Todos nós temos essa casinha branca é ela está num lugar bem acessível, todavia, precisamos está sóbrio para tê-la e fazer com que ela permaneça conosco. Sabe, eu fico buzina da vida com o marinheiro Popeye, ele tem sua “casinha branca”. Tem um navio, ter navio sugere que ele tenha dinheiro, tem uma namorada, Olivia Palito, apaixonada por ele, se bem que ela não é tão bonita, mas ele também não é nenhum ícone de beleza, pelo contrário. Popeye tem a felicidade em suas mãos. O problema e quando aparece o grande conflito: o “Brutos”. Brutos bate nele, toma-lhe o Navio, dinheiro e namorada, o marinheiro não esboça nenhuma reação. Vai pro seu canto choramingar. A reação dele começa quando alimenta-se de sua porção mágica o “espinafre”. Todos nós podemos enfrentar os nossos fantasmas, enfrentá-los de cara limpa e vencê-los, mas a tentação do “espinafre parece ser mais forte. Outro dia vi dois adolescentes brigando na porta de uma escola, um deles o mais franzino. Logo se armou com uma pedra. O outro de punhos serrados e fazendo pose de boxeador dizia: “você não confia em sua mão não? Joga essa pedra fora e vem me encarar no braço”. É isso mesmo, precisamos jogar a pedra fora, ou o espinafre como queira. Faz-se necessário confiar em nosso braço pra derrotar os fantasmas que nos atormenta. Com a pedra na mão, temos a sensação de força e liberdade, mas a verdade é que ela nos neutraliza. Quem tem a pedra na mão sempre pensa: “e se eu jogar e errar o fantasma”? Temos como exemplo o possesso de Gerasa Ele se imaginava um homem livre, porque o sistema não conseguia subjugá-lo, ele arrebentava todas as algemas e correntes com que o prendiam. (cf Mc 5,3-4) Entretanto o Evangelho afirma: Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando, e ferindo-se com pedras (Mc 5,5) Veja ninguém o feria, mas ele era algoz de se mesmo. O que nos fere está preso em nossas mãos. A verdade é que eu quero agradecer a esse amigo, que para lhe tirar do anonimato Vou Chamá-lo de Teófilo que significa amigo de Deus. Com você Teófilo eu estou aprendendo muito. Eu sempre quis achar o “meu céu”. Agora eu estou aprendendo a construí-lo, graças a Deus! Quem tem medo de enfrentar seus fantasmas, nunca vai encontrar sua “Casinha branca”!

Nenhum comentário: