quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O RAPAZ E A ESTRELA

No reino do amor morava um jovem belo, de sorriso encantador. Todas as noites, o belo rapaz passava horas a fio contemplando as estrelas no firmamento. Acreditava o solitário mancebo na lenda que lhe contara, que a amada com quem sonhava e alimentava sua fantasia tinha se transformado em estrela e se juntara a outras para embelezar a noite. Olhava uma por uma, observando a intensidade do brilho, fixava sempre na mais bela. Com o violão em punho começa dedilhar canções de amor para a amada. Acreditava que Dalva (assim ele a chamava), de tanto ouvir seus poemas em forma de canção abandonaria a constelação e viria ser só dele mandando embora a solidão que a tanto lhe acompanhava.
Um dia o soberano daquele reino, decretou por influencia da rainha, que todos os sonhos de amor deveriam tornar-se realidade. Nenhum de seus súditos deveria ser escravo da solidão. A partir desse instante ficara decretado pelo rei, que cada um daqueles que tinham sonhos de amor não concretizado, deveriam escolher o dia e momento favorável para a celebração do encontro.
O jovem radiante de alegria escolheu um sábado de lua cheia, para ser testemunha do encontro que ficaria gravado para sempre em sua vida. Vestido a rigor para tal ocasião, tomando nos braços seu violão, companheiro de tantas noites de espera, com o olhar fixo na estrela mais bela recitou em forma de canção os mais lindos poemas de amor. De repente toda bela e radiante Dalva surge... Com sua beleza imponente, cabelos negros abaixo dos ombros, dentro de um vestido preto que coloca em evidencia a luminosidade de seu ser. O jovem amante, boquiaberto se curvou diante do encanto de sua amada; desejava que aquela noite não se findasse. Em um beijo longo e envolvente os dois se entregaram ao desejo do amor. Dalva e seu admirador esqueceram de suas diferenças. Ela por uma noite esqueceu que era estrela, que havia sido criada para habitar nas alturas, ele esqueceu que era aqui de baixo e que dotado de sentimentos, sua vocação era sonhar.
Mas no reino do amor à noite é como na vida real, ela chega ao fim quando surgi os primeiros raios de sol. Quando a noite findou Dalva se recolheu para as alturas e o jovem apaixonado despertou de seu sonho. Mas o amor deixou marcas profundas no coração do mancebo. E na face de Dalva notava-se um brilho mais intenso.
Hoje os dois estão separados, por que o soberano desse reino esqueceu de propósito perpetuar o sonho de amor através de decreto real. Dalva vive em seu mundo, rodeada por outras estrelas e cortejada por muitos cometas. Em contra partida o rapaz tenta voltar à rotina de sua vida, mesmo sabendo que depois desse encontro meteórico sua vida nunca mais seria a mesma.
Todas as noites de lua, o rapaz pega o violão, senta no banco de peroba que assistiu passivo a noite inesquecível de amor, olhando para o firmamento; canta a canção preferida de sua amada. Ela a Estrela Dalva, de veste prateada e brilho intenso no rosto, sorrir para o seu amado dizendo: - “No reino do amor não é proibido sonhar!”.
O Rapaz e a Estrela vão continuar encontrando-se em cada noite de lua, na voz de cada seresteiro, em todas frases de amor.


Vitório Evangelista Chaves.

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