sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

NO CENÁCULO COM MARIA

Esse ensino eu preguei no dia de nossa Senhora Aparecida, não me lembro o ano, nem o local. encontrei guardado em meus escrito e agora estou postando no blog. tenha boa leitura.
Neste dia, que a Igreja do Brasil celebra a solenidade de sua Padroeira: Nossa Senhora da Conceição Aparecida, vamos percorrer com a Virgem Maria o caminho que nos levará a uma profunda experiência de Deus pela graça do batismo no Espírito Santo e também ao nosso compromisso com a Igreja, corpo místico de Cristo, na qual muitos de seus membros estão desfigurados, feridos. Essa desfiguração e essas feridas devem levar os membros transfigurados a um compromisso de solidariedade com os demais. A Virgem foi o primeiro cenáculo plenamente habitado pelo Espírito. Foi o primeiro Sacrário do Verbo Encarnado. Ela também foi a primeira e mais eficaz evangelizadora e missionária. Vou fundamentar essa pregação no Evangelho da liturgia dessa solenidade de hoje, claro que analisando aspectos que nos levará ao objetivo do tema. É muito interessante observarmos como inicia a narrativa das bodas em Caná: “Três dias depois”... Depois de quê? Se ficarmos atentos a esses detalhes, nós vamos obter grandes graças nessa tarde. Foi exatamente três dias após Jesus ter feito uma promessa a Natanael:.“Verás coisas maiores que essa” (Jo 1,50). “Sete dias após o testemunho de João Batista” (Jo 1,28). O Evangelho começa justamente como a narrativa de Gênesis: uma semana vai desembocar na primeira manifestação da glória de Deus. Manifestação esta que tem como protagonista a MULHER, que seria o grande sinal da manifestação salvífica de Deus, conforme promessa do livro de Gênesis: (Gn 3,15) Com esse episódio, Maria como mestra e formadora de evangelizadores, nos ensina um ponto muito importante: O evangelizador é aquele que deve estar atento às necessidades do homem moderno, que apesar de viver em um mundo de variadas opções de lazer, festas, baladas, onde homens e mulheres tendo à frente seus ídolos pulam de um lado para o outro com gritos frenéticos manifestando alegria. Dentro de si existe um grande vazio. A Virgem percebeu quando faltou vinho, que para a cultura judaica era manifestação da alegria verdadeira. Por isso Ela interpõe entre o Plano de Deus e a necessidade humana, apresentando a Seu Filho o motivo da tristeza que abatera aquele casal e também aos convivas. “Eles já não têm mais vinho”. Ao mesmo tempo em que Ela se coloca como medianeira entre seu Filho Divino e o homem necessitado da graça, Ela também orienta aos serventes, (que aqui simboliza todo cristão batizado que tem como missão servir). “Fazei tudo que Ele disser”. Se em muitos setores da Igreja falta alegria para vivenciar a fé, se entre os membros do Corpo de Cristo existem membros desfigurados pela dor, que é fruto do pecado pessoal, comunitário e social, é porque temos deixado de cumprir a ordem de Jesus: “Ide e pregai o Evangelho a toda criatura”. Talvez possamos nos perguntar no dia de hoje, como pode ser tão eficaz a pregação de uma mulher de poucas palavras. É um engano nosso achar que Maria era uma mulher de poucas palavras. Ela era de pouca voz, mas era mulher da PALAVRA. Palavra encarnada no coração e no seu santíssimo ventre. Palavra que foi fecunda no coração e no ventre por obra do Espírito Santo. Geralmente a teologia e a piedade cristã têm associado Maria a Jesus. Por isso, ela é venerada como co-Redentora de todas as graças. A razão primordial de toda sua divindade é ser mãe do Messias, Mãe de Deus. Este cristocentrismo na mariologia deve ser enriquecido por outro pólo fundamental: A presença e a missão do Espírito Santo. Vamos explorar o texto básico que dá fundamento a esse pensamento: “O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”. A grande maioria dos intérpretes dá esse texto um sentido cristológico. A concepção de Jesus não se deve a um homem, mas ao Espírito Santo: Passa quase despercebida a relação íntima da Virgem com o Espírito Santo nessa frase. Vamos analisar essa frase agora numa visão Pneumatológica. É aqui que reside o sentido último da expressão “CHEIA DE GRAÇA”. O Espírito Santo é enviado diretamente sobre Maria: “O Espírito virá sobre ti”. É a primeira vez, em toda a Escritura, que fixa que Ele veio diretamente sobre uma mulher. No Antigo Testamento conhece a unção do Espírito desde o seio materno: Sansão (Jz 13,5), Jeremias (Jr 1,5), o servo ( Is 61) – no Novo Testamento, João Batista. A novidade do texto de Lucas é de que o Espírito Santo não veio sobre Jesus no seio de Maria, mas, diretamente sobre Ela. É sobre Ela que o Espírito é enviado pelo Pai e pelo Filho. O Vaticano II diz com acerto quando fala que “Maria é como que plasmada pelo Espírito Santo e formada nova criatura” (LG 56/144) para poder gerar o novíssimo Adão (cf. 1Cor 15,45) JESUS CRISTO. Maria foi feita pelo Espírito novíssima Eva para gerar o Filho de Deus. Maria é humana, pertence à natureza humana, salva pela previsão dos méritos do sangue do Filho que ela havia de gerar. Por isso, o Espírito fez dela sua morada, seu tabernáculo. Vamos pedir nesse dia pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida uma nova efusão de Espírito, para que santificados por essa graça sejamos no mundo sinal da Santidade de Deus. E poder parafrasear como Maria “Realizou em mim grandes coisas aquele que é Poderoso cujo nome é Santo”.

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