quinta-feira, 16 de agosto de 2012

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS

É com muita alegria que a Comunidade Católica Reviver, acolhe seus filhos e filhas para esse dia de oração e formação. Infelizmente a nossa vida corrida com tantos afazeres tem nos impossibilitado de viver, momentos como esse, de fraternidade e formação. Dei a esse ensino um título que comumente está em uso no nosso meio: “Ele está no meio de nós”. Quem aqui nunca começou um grupo de oração, ou até mesmo um atendimento individual de oração repetindo essa célebre frase do senhor David: “Deus está aqui” e ainda dando como referencia a citação do Evangelista Mateus, “Pois onde Dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu ali estarei no meio deles”. ( Mt 18,20) Pois bem, repetir essa frase, não pode ser apenas uma força do hábito, mas é preciso ter consciência da presença de Jesus na oração, porém não apenas naquele atendimento individual ou coletivo que eu estou fazendo, mas no Carisma Comunidade Católica Reviver. Convido agora todos os irmãos a fazer comigo o itinerário dos discípulos de Emaús e descobrirmos três maneiras em que o Senhor Jesus se manifesta a nós. Manifestar e o mesmo que revelar, ou dar-se a conhecer. Então são três a formas que o Senhor Jesus dar-se a conhecer a nós enquanto discípulos. • Primeiro cenário Falta de comunhão: motivo e conseqüências Vamos dividir essa narrativa por cenários para que nossa compreensão do texto seja facilitada. O primeiro cenário vai do versículo 13 a 17. Esse cenário narra o afastamento dos dois discípulos de Jerusalém, marca o início da viagem para Emaús, até o surgimento de Jesus no caminhar dos mesmos. Para compreender o motivo do afastamento e consequentemente da desagregação dos dois da comunidade Cristã. Comunidade essa que está reunida em Jerusalém sobre a liderança de Pedro. A comunidade estava fragilizada pela morte de Jesus, mas permanecia reunida. Nessa circunstância aparecem as santas mulheres e anunciam para a Comunidade o que elas tinham visto e ouvido dos anjos que estavam no túmulo vazio onde Jesus tinha sido sepultado. “Não está aqui. Ressuscitou! Lembrai-vos do que ele vos disse, quando ainda estava na Galiléia: É necessário que o Filho do Homem ser entregue nas mãos dos pecadores, ser crucificado e, no terceiro dia ressuscitar. Então as mulheres lembraram da Palavra de Jesus, Voltando do túmulo anunciaram tudo isso aos onze e a todos os outros”. (Lc 24, 6-9) Vejamos bem a frase final que fecha o texto citado: “Anunciaram tudo isso aos onze e aos outros”. Entre os onze e o outros certamente está incluído os dois discípulos que mais tarde abandonaria o grupo e partiriam para Emaús. Olha só, como eles reagiram diante do anúncio da ressurreição de Jesus. “mas eles acharam tudo isso um delírio e não acreditaram”. (24,11) Eles não acreditaram, exceto Pedro, que “levantou-se, correu para o túmulo. Olhou para dentro e viu apenas os lençóis. Então voltou para casa admirado com que havia acontecido”! (24.12) Daí nós vamos entendendo o motivo pelo quais os dois se afastam de Jerusalém, por não acreditarem na Palavra de Jesus e também na Palavra da Comunidade representada pela atitude de Pedro, que ao correr para o túmulo e ver que o mesmo estava vazio, voltou para casa admirado com o que tinha acontecido, essa admiração de Pedro era o anúncio oficial da Igreja, de que ela acreditava na ressurreição do seu Senhor. Quando nós não acreditamos na Palavra de Jesus e na Palavra da Comunidade que se fundamenta na experiência feita por ela da vivencia do que disse Jesus, nós também nos desagregamos nos afastamos do grupo e a passos largos vamos rompendo essa comunhão fundamental para o exercício da missão evangelizadora, incumbência essa, que a mesma recebeu de Jesus. A falta de comunhão e consequentemente o afastamento dos dois membros, é sofrida e muito sofrida pelo restante da comunidade que permanece unida, mas ela é danosa para aqueles que se afastam. Porque é danosa? Porque por mais que eles conversem entre si e vejam que a conversa gira em torno da palavra de Deus, ou seja, morte e ressurreição de Jesus, eles não se entendem e começa a discutir pelo caminho. Quando os irmãos deixam de viver como filhos da comunidade gerados pelo Carisma de fundação, eles não são capazes de perceber a presença de Jesus no meio deles, nem a partir do momento que o próprio Jesus se põe a caminho com eles. “o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os seus olhos, porém estavam como que vendados, incapazes de reconhecê-los” (24,16) o pior é que ainda estavam com o semblante triste quando Jesus os interroga sobre o que vão conversando pelo caminho. • Segundo cenário Pedagogia de cura A falta de compreensão que eles tiveram da Cruz de Jesus foi causa da quebra de comunhão. Vejam que fato interessante, a Cruz, na visão dos dois é o instrumento de tortura que fere e mata a esperança deles, mas é ao se afastarem da Cruz que eles são feridos. Ferida essa que ainda agora estava fazendo sangrar o coração. Eles precisavam de uma delicada intervenção cirúrgica que estancasse o sangue da fé e cicatrizasse a ferida da dúvida. Por esse motivo Jesus se propõe a caminhar com eles. Mesmo ele sabendo que o caminho traçado por eles, não era o caminho da superação. Ninguém supera suas dúvidas e cura suas feridas afastando de Jerusalém. Afastando-se do Calvário, fugindo da Cruz. “Por suas chagas que somos curados” (Is 53,5c) Por isso faz parte da pedagogia de cura de Jesus, caminhar com o homem ferido. Jesus não está ali para pedir aos dois que façam o retorno para Jerusalém, mas para convencê-los a voltar. Para isso é preciso de certo tempo, por isso é importante fazer o caminho com eles. Entretanto a pedagogia de Jesus não é só caminhar, mas também ouvir o que eles têm para dizer. Se ouvi-los não tinha nenhuma importância para Jesus, não acrescentaria nada em sua glória e dela tirariam uma fagulha se quer, para eles era muito importante serem ouvidos por Jesus. O segundo cenário inicia-se no versículo 17 e vai até o verso 24 Não sei se vocês já perceberam o que eu vou dizer agora. Já constataram que quando uma pessoa afasta de uma determinada comunidade, mesmo que ela vá pra outra, ela fica meio desacreditada das pessoas? Poderíamos citar vários exemplos, tanto perto, como longe de nós, mas não há necessidade. Mesmo que o que essa pessoa esteja falando seja a mais pura verdade. Ela fica desacreditada por ter quebrado seu vínculo inicial. Foi justamente isso que aconteceu com os discípulos de Emaús. Eles estavam falando pra Jesus uma grande verdade, verdades do artigo de fé que nós confessamos hoje. Falavam grandes verdades como se fossem mentiras, justamente porque falavam daquilo que não acreditavam, pois se acreditassem não teriam afastado da Comunidade de crentes. A situação é até um pouco cômica! Eles usaram a Verdade da Palavra, para tentarem convencer o próprio Jesus que ele estava morto. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. “A ele, porém, ninguém viu”. (24) • Terceiro cenário Ele está no meio de nós, por sua Palavra Esse terceiro cenário inicia-se no verso 25 e vai até o 27. São apenas dois versículos, mas de uma profundidade que não se pode medir, pois trata-se do primeiro meio pelo qual o Senhor se da a conhecer a nós, se releva no meio de nós: por sua Palavra. Veja que Jesus inicia sua fala com uma intervenção que parece um tanto quanto dura. Jesus os chama de sem inteligência e lentos para crer na palavra dos profetas que fariam referencia a ele. Acreditar na Palavra de Deus é uma questão de inteligência e a lentidão em acreditar nela e o aguilhão que nos fere. O que Jesus faz é explicar para eles as sagradas Escrituras, fazendo-as desembocar no seu sacrifico na Cruz, único capaz de redimir o homem e lhe dar garantia de eternidade. Jesus se dá a conhecer aos discípulos por meio de sua pregação, por isso não se concebe um discípulo que não faça da Palavra de Jesus, fundamento de conversão. A Palavra de Deus na pregação de Jesus e o fundamento da conversão dos dois. Eles só convidaram Jesus para ficar com eles aquela noite, (fica conosco, pois já e tarde e a noite vem chegando V 29) porque a sua Palavra tinha iluminado e aquecido a frieza daquele dia. “Não estava ardendo nosso coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras”? (24,32) A bíblia deve fazer parte do cotidiano de nossa oração, ela é o alimento de nossa espiritualidade carismática, deve inflamar nosso coração. A comunidade Reviver tem como um item na sua regra de vida que está sendo escrita a oração e a leitura da Palavra de Deus na liturgia diária, isso é regra, portanto deve ser obedecida por todos os filhos desse carisma, entretanto a Comunidade espera muito mais ainda dos seus filhos. Ela espera que dentro da liberdade de cada um, que possamos ultrapassar a fronteira da liturgia diária na leitura da Bíblia. Sem essa dedicação ao estudo da Bíblia não haverá crescimento em nosso ministério. A liturgia e como se fosse o prato de entrada de uma refeição solene. Em uma mesa de refeição ninguém fica no prato de entrada, mas come até a sobremesa. Portanto conhecer a Bíblia e conhecer Jesus, aprofundar o nosso conhecimento da Bíblia e aprofundar no Conhecimento de Jesus Cristo. Pois como nos ensina a constituição dogmática Dei Verbun 11 “As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito e se manifestam na Sagrada Escritura foram consignadas sob a inspiração do Espírito Santo”, a Ela devemos dar todo crédito e veneração. • Quarto cenário Ele está no meio de nós, na Eucaristia Tal qual o terceiro cenário, esse quarto e também curto, contem três versículos apenas. Vai do 38 ao 42, mas de uma riqueza incomensurável. Ao chegar à localidade de Emaús, Jesus fazia menção de seguir adiante, quando os discípulos, com o coração compungido pela Palavra, pediram a ele: “fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando”. (24,29) Jesus entra e permanece ali com eles. Vamos voltar nossa atenção para o versículo 30 “Depois que ele sentou a mesa com eles, tomou o pão, pronunciou a benção, partiu-o e deu a eles”. O Evangelista Lucas da a essa refeição um tom eucarístico, tom esse usado por ele mesmo em outras situações para distinguir a ceia eucarística. “a seguir, tomou o pão, deu graças, partiu-o e lhes deu”. (Lc 22,19) “Então pegou ele os cinco pães e os dois peixes, ergueu o olhos para o céu, pronunciou sobre eles a benção, partiu-os e os deus aos discípulos para que distribuísse ao povo”. (Lc 9,16) O Evangelista quer nos fazer sentir e entender que na Fração do Pão, no Banquete Eucarístico, nós nos encontramos com o Ressuscitado e nos encontramos enquanto comunidade cristã. Por mais que essa refeição na mesa de Emaús pareça ser uma refeição comum, não era! Vejam bem, os dois discípulos estavam no dia a dia de Jesus, eles sabiam distinguir muito bem uma refeição comum de uma refeição solene. Eles também estavam presentes, quando Jesus celebrou com os discípulos a última Páscoa judaica e a primeira Eucaristia. Olhem que acontecimento belo, quando Jesus parte o pão para eles: “Nesse momento seus olhos se abriram, e eles o reconheceram”. (24,31) Em cada Eucaristia Jesus repete esse gesto, para se manifestar a nós, apesar de nossa miséria. Jesus se manifesta na Palavra, como já vimos, entretanto, ele se manifesta de maneira solene na Eucaristia. A Eucaristia não deixa dúvida: Jesus ressuscitou verdadeiramente. O membro da comunidade não pode se privar do encontro com Jesus na Eucaristia, esforço nenhum que possamos fazer no campo missionário serve como justificativa para deixar de participar da Eucaristia dominical É preciso entender também que a participação de cada membro da comunidade no Banquete Eucarístico fortalece o vínculo comunitário. Quando os discípulos de Emaús reconheceram Jesus no pão partido, a primeira atitude deles foi fazer o caminho de volta para a comunidade. Quem comunga o Pão Eucarístico, comunga também a vida do irmão. “Naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para Jerusalém, onde encontraram reunidos os Onze e os outros discípulos”. (24,33)

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